Dados divulgados pelo Instituto Trata Brasil (2022), com base no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS – base 2020), o desperdício de água tratada em todo o país é de 40% antes de chegar aos destinatários finais.
Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmam que, para cada dólar investido em água e saneamento, são economizados 4,3 dólares em custos de saúde no mundo. Mesmo considerando tais benefícios públicos, especialmente nas regiões mais vulneráveis, como África Subsaariana, sudeste e o sul da Ásia, 2,5 bilhões de pessoas ainda sofrem com vultosos déficits de acesso a serviços de saneamento básico e 1 bilhão não têm sequer uma latrina, praticando suas necessidades fisiológicas ao ar livre.
O relatório também aponta, num raciocínio reverso, que, para cada dólar investido em saneamento básico e água, o PIB global possa crescer 1,5% e sejam economizados 4,3 dólares em saúde no mundo. Por isso, “é essencial que os esforços voltados para a questão estejam entre as prioridades dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, anunciados na Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, no Rio de Janeiro, em 2012. Um conjunto de metas capazes de fazer face aos desafios ambientais, políticos e econômicos mais urgentes enfrentados por grande parte da população mundial”.
O Brasil, cumprindo sua parte, colocou três satélites moderníssimos, equipados com sensores idênticos aos usados em Sondas Espaciais enviadas a outros planetas, capazes de fotografar em alta definição todo o território da Amazônia 24 horas por dia, todos os meses e anos. Desta forma, os brasileiros, por meio da Embrapa e da estrutura de pesquisa do país, tornaram-se capazes de pesquisar a natureza do solo, detectando minerais, fontes de águas subterrâneas, pedras preciosas e semi preciosas, nióbio, ouro, silvinita, etc. Mais ainda: em conjunto com o Sistema SIVAM (Radares de Vigilância Aérea da Amazônia) o Brasil está apto a monitorar e controlar todo o território, inclusive suas extensas Fronteiras da “Calha Norte” (Amapá, fronteiras com a Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia), disponibilizando informações às Forças Armadas, à Polícia Federal, Polícias Estaduais Civis e Militares, Órgãos de Proteção ao Meio Ambiente e de Controles Fundiários.
Entretanto, segundo dados divulgados pelo Instituto Trata Brasil (2022), com base no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS – base 2020), o desperdício de água tratada em todo o país é de 40% antes de chegar aos destinatários finais, significando que 40 litros se perdem a cada 100 litros de água captada da natureza. Este é um dos desafios que o País ainda enfrenta para a gestão sustentável do recurso, daí a extrema importância da participação da sociedade na gestão e controle dos mananciais. Os esforços para o uso sustentável da água e sua conservação contam com diversas iniciativas no Brasil, basicamente do setor industrial, agronegócio, franquias, do comércios, além de prestadores de serviços e entidades público-privadas via investimentos em tecnologias, infraestrutura, conhecimento, mudança de mindset e políticas públicas.
O Trata Brasil conclui ser bastante desigual a distribuição de água no Brasil, geográfica, social e economicamente. O problema assume maior relevância considerando que o país concentra um vigésimo (1/20) da superfície terrestre, onde se distribuem um quinto (⅕) das disponibilidades mundiais de água doce; um terço (⅓) das florestas latifoliadas (plantas com folhas largas, típicas de regiões de clima tropical úmido e equatorial), um décimo (1/10) da biota universal. Embora a região acumule a maior parte da água doce do país, detém os menores percentuais de acesso a serviços de água potável e esgoto. Em todo o Brasil, observa-se diminuição de superfícies de água dos rios, evidência de que o país está a caminho da insegurança hídrica. A gravidade do fato exige que o governo adote medidas urgentes de conservação ambiental em prol da segurança hídrica demandada pelo agronegócio, indústria, abastecimento público e a segurança energética nacional.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/INPA) e do Conselho Regional de Economia do Amazonas (CORECON-AM).
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