CPI do Senado intensifica investigação sobre atividades das ONGs na Amazônia

No “topo da pirâmide” que financia as ONGs aparecem a Embaixada da Noruega e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.

A CPI das ONGs na Amazônia, instalada graças à determinação do senador Plínio Valério (PSDB-AM), seu presidente, e que tem como relator o senador Marcio Bittar (União – AC), chegou à conclusão de haver sido traçada uma pirâmide das Organizações que atuam no Amazonas, principalmente no Alto Rio Negro, que abriga 90% do nióbio mundial e onde foram detectadas 372 organizações não governamentais. No “topo da pirâmide” que financia as ONGs aparecem a Embaixada da Noruega e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.

Integrante da pirâmide, salienta Valério, “consta recorrentemente o Instituto Socioambiental, sediado em São Paulo, como manipulador de operações de captação de recursos, sobretudo internacionais, e manipulação de pequenas ONGs”. O parlamentar também revelou que, “em trechos da carta que recebeu dos indígenas da etnia Baniwa, da Comunidade Castelo Branco, no município de São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas, os indígenas criticam duramente a atuação de ONGs na região”. Na carta os indígenas relatam que “eles não têm ideia de uma comunidade que fica a tantos quilômetros distante sem uma atividade econômica para o seu sustento”.

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

A propósito, o Fundo Amazônia, que havia sido descontinuado por Noruega e Alemanha em represália às mudanças determinadas pela nova regulamentação da gestão do Fundo estabelecida no governo Bolsonaro – antes comandada pelos dois países, e então assumida pelo governo brasileiro -, segundo a CPI, é a peça central dessa trama. É através do Fundo Amazônia “que se dá dinheiro para essa gente, para essas ONGs fazerem esse desserviço ao país, causando imenso mal aos brasileiros por desvio de finalidades. O senador Plínio Valério informou que os depoimentos dos indígenas e ribeirinhos trouxeram à tona as dificuldades e problemas dos indígenas, expondo como são usados, negados e esquecidos. Índios em depoimento à CPI têm afirmado: “nós não toleramos mais ser tutelados por estrangeiros, nós queremos ter autonomia e segurar as rédeas do nosso destino em nossas próprias mãos. Os índios querem ser protagonistas da sua história, não mais meros coadjuvantes. É isso o que a gente está mostrando na CPI e é isso o que o Brasil vai ver”, enfatiza.

De acordo com o parlamentar, a CPI das ONGs tem o papel de mostrar ao Brasil o outro lado da versão apresentada por essas organizações sobre demarcação de terras, ao dar voz aos indígenas e ribeirinhos que reclamam do abandono nas reservas, o que obriga os povos a migrarem para as cidades em busca de melhores condições de vida. Plínio Valério mais uma vez citou o exemplo da situação observada em Manaus, onde cerca de 40 mil indígenas de várias etnias estariam vivendo em condições sub-humanas, enfrentando desemprego e invadindo terras na capital do Amazonas. Diante desses fatos salienta: “o que não pode mais é termos uma população cada vez mais pobre e esses “ongueiros” cada vez mais ricos, vivendo de forma nababesca. Quando realizam fóruns sobre a Amazônia, o fazem em ilhas paradisíacas. A última foi agora, na Ilha da Madeira, em Portugal, para falar da Amazônia, porque “amam” a Amazônia” — ressaltou.

Em artigo publicado em julho passado em sua coluna de O Estado de São Paulo, o jornalista J.R. Guzzo afirma que a CPI que investiga a ação das ONGs, internacionais ou brasileiras, que agem principalmente na Amazônia, vem revelando “um país que a grande maioria dos brasileiros não conhece – e acharia um escândalo se conhecesse. Particularmente em relação ao fato de que o Brasil perdeu a soberania sobre áreas imensas do seu território na região amazônica, hoje governadas por ONGs estrangeiras, as mais agressivas, e por outras de origem nacional com a proteção, as verbas e a cumplicidade ativa da Polícia Federal, do Ministério Público, dos Incras e Funais da vida, do Exército Brasileiro e, agora, do Ministério do Índio inventado por Lula”. 

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/INPA) e do Conselho Regional de Economia do Amazonas (CORECON-AM).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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