Dados do Instituto Brasileiro de Mineração indicam que aproximadamente 95% do potássio produzido no mundo é destinado à fabricação de adubos minerais.
O Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), em Nota pública do último 29 de setembro, declarou firme apoio à exploração de potássio no município de Autazes, interior do Estado, “como alternativa de desenvolvimento econômico e geração de milhares de empregos aos cidadãos do município, além de possibilitar arrecadação de impostos que poderão se converter em melhorias de serviços públicos”. Para o presidente do Conselho, economista Marcus Evangelista, otimista quanto aos benefícios que a exploração mineral certamente acarretará para a economia amazonense, o atual modelo econômico centrado no Polo Industrial de Manaus (PIM) “precisa expandir-se abrangendo, junto com a integração PIM/Bioeconomia, o vasto potencial inexplorado no setor mineral, sendo o potássio uma alternativa absolutamente viável”.
O argumento de Evangelista leva em conta que, autorizado o projeto Potássio Autazes pelas autoridades ambientais, confirma-se um investimento da ordem de US$ 2,5 bilhões no período de sua implantação. “Efeitos imediatos se farão sentir na geração de centenas de empregos diretos e indiretos e no impacto positivo não apenas na economia local, mas também em nível nacional. Sendo o potássio um dos mais importantes componentes do fertilizante NPK largamente aplicado no campo, a redução de preços junto ao mercado interno decorrentes da autossuficiência de oferta haverá de impactar positivamente a produção agrícola em todo o país via redução de custos de insumos e dos preços agrícolas”, salienta Marcus Evangelista.
Dados do Instituto Brasileiro de Mineração indicam que aproximadamente 95% do potássio produzido no mundo é destinado à fabricação de adubos minerais. Isso se torna relevante uma vez que o Brasil, apesar de ser um dos maiores exportadores de alimentos do globo, ainda importa aproximadamente 85% dos fertilizantes utilizados no setor primário. Estudos técnicos demonstram que o município de Autazes abriga uma das maiores reservas do insumo do planeta. De acordo com pesquisa conduzida pela empresa Potássio do Brasil, cujo projeto encontra-se em fase final de licenciamento, a região possui uma reserva mineral estimada em mais de 170 milhões de toneladas de cloreto de potássio. Volume que encerra forte potencial de expansão capaz de atender a 50% da demanda nacional do produto até o ano de 2030, hoje suprida 98% através de importações.
Também por meio de Nota divulgada nacionalmente de apoio à exploração de potássio em Autazes a Associação PanAmazônia, que opera uma rede de empresários da Amazônia continental (nove estados da Amazônia brasileira, mais Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, e Venezuela), ao defender a liberação das licenças ambientais em favor do projeto, recorda que “há 12 anos tenta-se sem sucesso dar início à implantação da planta industrial. O poder público, salienta o documento, por meio dos órgãos reguladores parece negligenciar a vital importância da exploração responsável e sustentável do potássio para o desenvolvimento da região e para o país como um todo”. A Nota é assinada por Adélio Barofaldi, presidente do Conselho Diretor, Enzo Peruffo dos Santos, diretor para assuntos de mineração e Belisário Arce, diretor executivo da entidade.
Segundo a Associação, a “argumentação de que a exploração do potássio comprometeria a proteção da floresta é simplista e desconsidera os avanços tecnológicos e as modernas práticas de extração de mínimo impacto ambiental em lavras subterrâneas, como é o caso em tela. A ciência é conclusiva ao demonstrar ser possível conciliar crescimento econômico com conservação do meio ambiente. Na verdade, é a falta de desenvolvimento econômico o maior risco à proteção do nosso bioma”. A silvinita é um recurso estratégico do qual o potássio é extraído. O fertilizante, associado ao fósforo e ao nitrogênio – NPK -, configura base essencial à produção agropecuária, à segurança alimentar e ao desenvolvimento econômico nacional, argumenta a Associação.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/INPA) e do Conselho Regional de Economia do Amazonas (CORECON-AM).
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