O Amazon Tech, evento realizado no último dia 26, revelou-se o passo inicial para Brasil e Israel estabelecerem acordos de transferência de tecnologias e comerciais ajustados diretamente às necessidades de estimular o desenvolvimento sustentável da Amazônia
A tecnologia permite ao empresário priorizar e personalizar métodos de corte até o nível de uma única árvore e otimizar a produção madeireira de forma revolucionária comparativamente às práticas usuais, obsoletas e antieconômicas. Também oferece uma espécie de “waze das árvores” para ajudar no tratamento das que se encontram doentes. Os principais diferenciais referem-se a registros de produtividade e à saúde de cada indivíduo apto ao corte, visando assegurar maior rentabilidade da atividade. Israel chegou a esse ponto pelo emprego de outra ferramenta de alta complexidade: a Planet Watchers, que utiliza imagens de satélite de fontes múltiplas e outros dados em combinação com algoritmos dedicados a coletar, processar e gerar insights para gestores de recursos naturais em silvicultura, agricultura, mineração, entre outros.
Para o professor de Economia da Ufam, José Alberto Machado, participante do evento, o Amazon Tech trouxe empresas de tecnologias avançadas originárias de Israel, seus produtos e serviços já disponíveis para utilização imediata, as formas pelas quais já estão ou poderão ser aplicadas na Amazônia, bem assim, a disposição para efetivação de parcerias empresariais e para desenvolvimento em C&T na Amazônia. As tecnologias abrangem áreas de saúde, segurança, monitoramento ambiental, produção alimentícia e similares. Por outro lado, durante o evento, foi proposta agenda de iniciativas concretas de grandes bancos e empresas vinculadas a investidores israelenses com foco no desenvolvimento sustentável tanto do Brasil quanto, especialmente, da Amazônia. Essas iniciativas vão desde ajustes nas políticas de crédito e de investimentos para priorizar critérios promotores do desenvolvimento regional quanto à formação de grandes fundos para financiar projetos e negócios localmente. Saliente-se, a propósito, tratar-se de iniciativas privadas, voluntárias e sem dependência – gerencial ou financeira – do setor público.
Soluções para a Amazônia, há. A região demanda basicamente atitudes positivas, concretas do governo brasileiro de sorte a viabilizar a governança de ações públicas e privadas, com base em tecnologias de ponta, direcionadas ao desenvolvimento sustentável. De acordo com estudos da Coalizão Brasil, estimativas apontam que existem cerca de 21 milhões de hectares de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente passíveis de restauração ecológica obrigatória pela Lei de Proteção da Vegetação Nativa Nº 12.651/12 – LPVN (novo Código Florestal brasileiro). Já o tamanho da restauração comprometida sob a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil é de 12 milhões de hectares de florestas recuperadas até 2030. A despeito do enorme passivo, nem os mecanismos previstos pela LPVN nem as metas assumidas internacionalmente têm se mostrado fortes o suficiente para resultar em vegetação nativa efetivamente recuperada. Os desafios ao governo brasileiro são, com efeito, abissais, de extrema complexidade, mas não intransponíveis.
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