O Amazonas ano a ano vem se transformando em importante protagonista do mercado brasileiro de óleo e gás.
O Amazonas ano a ano vem se transformando em importante protagonista do mercado brasileiro de óleo e gás. Depois da inauguração da unidade de tratamento de gás do campo de Azulão, o estado recebeu uma rodada do Programa Mesa Reate, do Ministério de Minas e Energia (MME), que discutiu os principais desafios para aproveitamento de hidrocarbonetos. Do evento resultou o Fórum Amazonense de Petróleo e Gás, em curso, coordenado pela SEDECTI/SEBRAE-AM. O Reate objetiva implementar uma política de fortalecimento da atividade de exploração e produção de petróleo e gás natural em áreas terrestres por meio do estímulo ao desenvolvimento de uma indústria forte e competitiva, com produção crescente e pluralidade de operadores e fornecedores de bens e serviços.
O objetivo principal do Reate é, em última instância, construir robusta indústria “onshore” (em terra) no Brasil, implicando produção, geração de emprego e renda, contribuir para o aumento da arrecadação dos governos federal, estaduais e municipais, e, por fim, com o desenvolvimento econômico e social do país. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que presta serviços ao Ministério de Minas e Energia (MME) na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético, a produção líquida do energético no Amazonas pode chegar a 12 milhões de m³/dia até 2030 – um crescimento de cerca de 34% em relação ao nível de 8 milhões de m³ registrado em 2021. O potencial advém da entrada de novas jazidas já conhecidas e de blocos que foram recentemente desenvolvidos, sobretudo os blocos SOL-168 e SOL-191, na Bacia de Solimões.
Segundo a EPE, atualmente o Amazonas responde por 13% das reservas provadas de gás natural e 56% das reservas provadas de gás terrestre do Brasil. O estado é detentor de expressivo volume de recursos potenciais de gás natural, oficialmente estimado em 106 bilhões m³. Dados de 2021 comprovam que no estado cerca de 540 poços já foram perfurados. Destes, oito campos encontram-se em produção, três blocos em exploração e cinco tidos como áreas em avaliação. A EPE atesta que “o Amazonas tem muito mais [recursos] do que se pode ver ou estimar com base nas informações atuais”. Segundo a Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural (ANP) há no Estado, entre os 17 colocados para concessão em Leilão de Óleo e Gás em 2023, mais 47 na Foz do Rio Amazonas. As bacias de Santos, com 252, e a Potiguar, com 207, lideram a corrida.
O engenheiro Antônio Batista, consultor do SEBRAE-AM e coordenador técnico do Fórum Amazonense de Petróleo e Gás, considera:
“O estado Amazonas iniciou um novo ciclo no setor caracterizado pela atuação de novos players. Além da Petrobras, que retomou os planos de investimentos e de expansão em Urucu, despontam a ENEVA, na exploração e produção de gás, e o grupo ATEM, no refino de petróleo”
A ENEVA opera a Usina de Tratamento de Gás (UTG) no Campo do Azulão, unidade que faz parte do projeto integrado Azulão-Jaguatirica, localizada no município de Silves, no interior do Amazonas; enquanto o grupo ATEM é controlador da Refinaria Isaac Sabbá, em Manaus, com capacidade de refino da ordem de 46 mil barris/dia. Se, anos atrás, pairava ceticismo quanto ao papel da cadeia produtiva na economia do estado, hoje há certezas: o segmento consolida-se de forma contundente. Nos próximos anos bilhões de reais em investimentos serão aplicados no Amazonas visando ampliar a produção e distribuição de petróleo e gás natural, além das redes de distribuição e comercialização de derivados, salienta Batista.
Desde já, contudo, desponta a iminente necessidade de preparação e qualificação de pessoal técnico e capacitação de empresas locais; do contrário seremos obrigados a importar profissionais, produtos e serviços de outros estados, observa Antonio Batista.
“A indústria de óleo e gás pagou de royalties mais de R$ 700 milhões aos cofres públicos (estadual e municipais); em breve estes recursos alcançarão R$ 1 bilhão/ano, seja pela iniciativa privada (Capex e Opex) ou pública (royalties e investimentos). Seguramente, o futuro, para aqueles que orbitam ou pretendem gravitar em torno da cadeia produtiva, no Amazonas, já está garantido!”
conclui o engenheiro
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/INPA) e do Conselho Regional de Economia do Amazonas (CORECON-AM).
*O conteúdo é de responsabilidade do colunista