Com foco na preservação do meio ambiente, a revista é composta por tirinhas de humor, que abordam as aventuras de personagens ribeirinhos que moram em Igarapé-Miri, no Pará.
Açaí é um garoto hiperativo e que apronta todas. Ele gosta de pescar, fazer amigos e se aventurar pelos rios e matas do Pará. Essa é descrição do personagem principal da ‘Turma do Açaí‘, desenvolvida pelo quadrinista paraense Rosinaldo Pinheiro.
Este ano, a revista celebra 25 anos de criação e marca uma produção 100% paraense, que mostra a realidade dos ribeirinhos e a cultura amazônida.
Com foco na preservação do meio ambiente, a revista é composta por tirinhas de humor, que abordam as aventuras de personagens ribeirinhos que moram em Igarapé-Miri e também atividades para colorir.
Para criar a obra, o autor encontrou suas referências nas personagens ‘Pelezinho’ e ‘Jeremias’, de Maurício de Souza, e na ‘Turma do Pererê’, do Ziraldo.
“O Açaí nasceu de um caroço, pois minha intenção é mostrar a nossa linguagem e valorizar a nossa cultura, através do resgate da nossa memória e da nossa tradição”,
comenta Rosinaldo Pinheiro.
Conheça os personagens
AÇAÍ
Açaí é um garoto hiperativo e que apronta todas… Gosta de pescar, fazer amigos, brincar e se aventurar pelos rios e matas. Parceiro nas “expedições lendárias” de Seu Migué e Seu Manduca floresta adentro e rio afora. Além disso, é ajudante de Seu Manduca no comércio de frutas e pescados no Ver-o-Peso, onde vende açaí, fruto pelo qual é viciado e seja no começo ou fim de cada dia, toma uma tigela cheia do delicioso energético.
Tem grande admiração por Lindalva, menina espoletada que evita a todo custo contato com ele (o que não faz nem com reza brava), mas, sem saber, recebe presentinhos dele achando se tratar de mimo de fã bonito que nem galã das revistas da TV. Longe dessa beleza toda, nosso amigo é um tipo baixinho e meio careca (possui só um tufinho de cabelo), sua cabeça lembra muito um caroço de açaí.
BIRIBINHA
De olhos puxados, cabelos pretos encaracolados e pele rosada, Biribinha até parece um forasteiro, um gringo lá das bandas do Oriente. Ele e sua irmã, Marina, são resultados de uma mistura de raças, do amor de uma bela nativa por um valente e astuto índio. Mesmo com poucos traços indígenas, adquiriu enorme apreço e respeito pelas coisas que vem e fazem parte da natureza.
Fala pouco – mas não é introspectivo – e observa tudo o que ocorre ao seu redor – mesmo quando parece adormecido. Calmo e estudioso, ajuda seus parentes nas tarefas corriqueiras do dia a dia. Gosta mesmo é de futebol no campinho de chão de terra da comunidade e de nadar com os amigos no igarapé. Seu grande amigo é o Açaí e os dois vivem aprontando por aí.
INDIA NAIRÁ
Aventureira e destemida, filha do guerreiros e neta do cacique. Nairá é uma pequena, mas experiente protetora da vida selvagem. Conhece todos os bichos da natureza. Alguns dizem que essa indiazinha conhece os redes de floresta como o curupira, o rei das matas, e que com ele faz parceria para proteger os animais e as riquezas da floresta.
Ela tem uma amiga ararinha azul que funciona como uma ferramenta de comunicação entre os dois, levando e trazendo as notícias. Sua mãe descente das Amazonas, tribo de mulheres guerreiras da qual sua avó fez parte.
MARINA
Marina sofreu um acidente na embarcação do pai, conhecida como escalpelamento. Seu cabelo ficou preso no motor do barco e ela ficou totalmente careca. Ela usa uma peruca e um paninho na cabeça, mas é uma garota madura, prodígio, e muito inteligente, preocupada em resolver questões que envolvem ou dizem respeito ao seu lugar, a sua comunidade.
Séria, sem perder seu aspecto infantil, indaga seus coleguinhas e responde aos adultos tudo o que lhe é perguntado, de modo respeitoso. Carismática, envolve todos ao seu redor. Seu irmão, Biribinha, além de ser conselheiro, é também seu fiel confessor. Os dois são inseparáveis.
URUBU LIMPINHO
Diferente de seus parentes, Limpinho é um urubu “enjoado”, que não gosta de sujeira e nem come porcarias. Uma altivez que incomoda os outros urubus, por isso é encarado pelas aves de rapina como um estranho no ninho, literalmente.
Abandonado quando filhote, foi adotado por Açaí e virou o mascote da dele. Embora por muitos considerado uma ave agourenta, ele é, na verdade, um tipo de observador, um amuleto que previne a turma de coisas ruins que possam acontecer ao seu redor.
TRALHOTO
Estabanado feito uma cabra cega, Tralhoto é um vira-lata, aparentemente, meio bobão. Recebeu este nome por causa de um peixinho natural dos rios amazônicos e que é conhecido pelos grandes e brilhantes olhos. Tem olhos esbugalhados (com eles consegue ver até visagem). Seu faro é apurado para qualquer situação, mas basta sentir o cheiro da comida predileta que abandona tudo o que está perseguindo ou procurando.
É um parceiro, um amigo fiel. A única desavença é ficar na companhia de Limpinho, seu rival. Sensível, sente estranhamento quando percebe algo estranho e late como se o mundo tivesse acabando.
SEU MIGUÉ
Seu Migué é um velho contador de histórias, lendas, visagens e assombrações. Conhece os mistérios da Amazônia. É avô do Açaí e pai do Seu Manduca. Um homem sábio que conhece a natureza, não gosta que as pessoas maltratem os animais e destruam a mata, derrubando as árvores e poluindo os rios, pois é dele que se tira o seu sustento para viver. Paraense papachibé é filho do quilombo e tem muitas histórias pra contar.
DONA PRETA
Dona Raimunda, mãe de Açaí, é mais conhecida pela comunidade ribeirinha como “Dona Preta”, uma mulher muito forte, dona de casa, descendente de quilombolas, que adora cozinhar receitas da culinária paraense. Ela ama o Pará e sua família veio do município de Igarapé Miri, interior do Estado.
SEU MANDUCA
Pai do “piqueno” Açaí, Seu Manduca é um profundo conhecedor da região onde vive. Ele é um caboclo ligado ao meio ambiente, às coisas da terra e dos rios, do tipo que sabe interpretar os sinais do tempo e conversar com os bichos. É experiente na coleta e cultivo de frutos regionais como o açaí, cupuaçu, bacuri e muitas outras frutas.
Além de ser um excepcional pescador, coloca tudo o que planta e pesca para vender no Mercado Ver-o-Peso, em Belém, onde fica sabendo das últimas novidades da capital. Filho de Seu Migué, também é conhecedor e excelente contador de histórias.