Na manifestação, romeiros ficam nove dias no Parque Estadual Serra das Andorinhas reunidos em devoção ao Divino Espírito Santo.
O Festejo do Divino Espírito Santo é uma das principais manifestações religiosas do município de São Geraldo do Araguaia, na região sudeste paraense. Há 36 anos, o cenário escolhido para esse momento de fé e oração é o Parque Estadual Serra dos Martírios/Andorinhas, uma das 27 Unidades de Conservação (UCs) do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio).
Tudo começa com uma caminhada de 8 km saindo da propriedade do morador conhecido como Zeca do Jorge, em direção ao local da celebração religiosa, a qual ocorre na Casa de Pedra, no interior do Parque Estadual Serra dos Martírios/Andorinhas. Chegando ao destino, o grupo fica nove dias reunido em devoção ao Divino Espírito Santo e se hospedam em locais improvisados, onde pernoitam e preparam suas refeições.
A romaria reúne fiéis de todas as idades, moradores de comunidades do entorno, de municípios vizinhos e até mesmo do Tocantins. A manifestação religiosa é uma referência do Novo Testamento à vinda do Espírito Santo aos apóstolos de Cristo.
Na programação está o levantamento do mastro, encontro de grupos das divindades e missa dedicada à Santíssima Trindade. O festejo também inclui atrações culturais, como festa junina, danças de carimbó, lindo e salambisco, cinema e apresentações teatrais.
A origem do festejo
A origem da Festividade tem várias versões. Uma delas é que a Casa de Pedra foi encontrada por exploradores conhecidos como galegos na década de 60. Um agricultor da região de São Geraldo do Araguaia, Teodomiro Pereira, que participou da expedição junto com os galegos, fez, em 1974, um voto em nome de uma amiga chamada Conceição, que à época sofria de um mal com sintomas de depressão.
“Nós viemos pra cá pagar esse voto. Era para ela [Conceição] vir descalça desde a estrada de Marabá até a Casa de Pedra, um percurso de aproximadamente seis quilômetors. Ela passou mal e então nós ficamos aqui, trouxemos os animais, dormimos na terra e de manhã rezamos o terço. Depois ela ficou boa. Daí pra cá vieram os outros romeiros, a dona Zefona, o seu Raimundo Caroço e outros romeiros”,
conta Maria Pereira, de 58 anos, romeira e filha de Teodomiro.
Dona Zefona é uma personagem central na história da Festividade do Divino Espírito Santo. A ela é atribuído o início da tradição de levar a Divindade e o Estandarte na romaria e depositá-los no altar natural formado na Casa de Pedra, a partir de 1986.
Cada família de Romeiros – muitos deles acompanham a festividade desde o seu surgimento – traz, na subida, uma imagem do Divino Espírito Santo e também uma bandeira com símbolo do Divino e faixas coloridas. Essas Divindades e Bandeiras identificam as famílias de romeiros e são repassadas de geração em geração. “Esse ano nós estamos com cinco Divindades, mas já chegamos a ter 12”, conta seu Raimundo Caroço, de 65 anos, guardião das tradições da Festividade.
*Com informações da Agência Pará e Ideflor-Bio*