Streaming de produções independentes busca divulgar arte produzida na Amazônia para o mundo

A plataforma SonoraPlay foi criada para dar visibilidade às produções artísticas da região amazônica, sejam musicais ou cinematográficas.

Os olhos do mundo estão voltados para a Amazônia, bioma rico em biodiversidade, contando com uma fauna e flora tão fascinantes quanto desconhecidas, com descobertas constantes realizadas por pesquisadores das mais diversas áreas. Entretanto, as riquezas da Amazônia não se resumem às naturais. As populações que se desenvolvem em torno desse bioma tem em seu cerne uma riqueza cultural diversa, tão rica e inexplorada quanto as maravilhas da floresta. 

Combinando aspectos diversos da miscigenação etnocultural dos povos habitantes desta região, produções culturais únicas surgem a todo momento, mas, muitas vezes, não alcançam a visibilidade que deveriam.

Ainda assim, artistas da região, das mais diversas áreas, continuam a fomentar em suas obras aspectos únicos, muitas vezes exuberantes e exóticos, adquiridos por meio da experiência de ser amazônida. 

Objetivando dar destaque a essas produções independentes da Amazônia, a empresa de conteúdo de entretenimento por streaming SonoraPlay foi fundada. Para compreender a importância deste projeto, o Portal Amazônia conversou com a empreendedora, musicista e CEO do projeto, Raquel Omena. 

O streaming está disponível nas mais variadas plataformas. Foto: Divulgação/SonoraPlay

Arte independente no coração da Amazônia 

Os problemas de projeção de artistas amazônidas são perceptíveis, segundo a empresária. Isso porque o “apagamento” cultural da região em cenário nacional não é recente. 

Tudo que é produzido fora da esfera sul-sudeste do Brasil é considerado como ‘arte regional’, como se esse escopo fosse intransponível, quase como se o que é produzido regionalmente não fosse essencialmente brasileiro, conforme análise da musicista. 

Segundo Raquel, até então, se um artista desejasse possuir relevância no mercado, primeiramente precisaria ser viabilizado no eixo Rio de Janeiro/São Paulo, mas ainda assim, pouquíssimos artistas conseguiram se destacar ou serem aceitos neste meio.

“Por que estamos há tanto tempo agindo dessa mesma forma, buscando através do eixo Rio-São Paulo esse reconhecimento, em vez de reunir nossas produções da região norte e colocá-las em visibilidade a apenas um clique de pessoas interessadas na Amazônia, não só no Brasil como no mundo? Já ficou claro que essa ‘cultura’ de ser visto primeiro pelo Sudeste para que o Brasil nos veja ou nos escute, além de nunca ter funcionado e nunca ter projetado nossos artistas, nos deixou sem cases de sucesso para utilizar uma fórmula validada e repeti-la ao longo dos anos com os talentos que surgem diariamente na nossa região”,

questiona a empreendedora.

“A caixa”, animação disponível no streaming. Imagem: Divulgação/SonoraPlay

Os artistas cada vez mais buscam outros meios de alavancar o alcance da sua arte, de poder sobreviver daquilo que produzem, e isso pode ser proporcionado por meio da tecnologia. O advento da internet possibilita que todo o conteúdo produzido esteja ‘a um clique de distância’. 

Raquel exemplifica esse fato citando a banda Carrapicho, que teve sua projeção inicialmente alcançada no mercado internacional, para só depois ser apreciada nacionalmente. “O sucesso começou na Europa, depois que chegou no Brasil”, lembra.

Streaming de produções independentes  

Inicialmente, conforme relata a CEO, o projeto objetivava contemplar apenas o cenário musical amazônida. No entanto, com a observação das necessidades dos artistas da região, ele foi se expandindo. 

Assim, buscando dar visibilidade ao projeto de artistas e cineastas amazônidas, a plataforma de streaming tinha como principais desafios a compilação dos conteúdos, a forma de se manter uma rentabilidade consistente e o incentivo aos artistas da região.

Raquel considerava a forma com que o lucro era distribuído por outras plataformas de streaming injustas, principalmente por se basearem na audiência e não na arte por trás do que é produzido. 

“Artistas são artistas e não necessariamente ‘digital influencers’. Esse modelo de monetização está matando produções criativas e talentosas, especialmente quando o artista é tímido e não se sente confortável em estar diariamente nas redes sociais buscando engajamento”,

afirma.

Show do artista de rap Kurt Sutil, gravado pela plataforma. Foto: Divulgação/SonoraPlay

Dessa forma, o empreendimento que oferece um serviço por assinatura passou a compartilhar 40% dos lucros líquidos vindos das assinaturas com todas as produções em cartaz. A plataforma, inicialmente idealizada apenas como musical, já conta com conteúdos dos mais diversos, que vão desde a gravação de shows até produções cinematográficas, em formato de curtas, filmes, animações e documentários.

“A gente tem como ‘core business’ [principal objetivo do negócio] entregar o que tem de melhor na produção audiovisual da Região Norte para o mundo inteiro e gerar renda para os nossos artistas e apesar de estarmos apenas começando, a gente espera que não só os artistas, mas também a população entenda a nossa causa e lute junto com a gente”,

conclui a empreendedora.

*Estagiário sob supervisão de Clarissa Bacellar

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