A origem do ‘Povo do Sapo’, segundo os próprios Puyanawa

Conforme contam os anciãos, os Puyanawa são descendentes de um povo que surgiu da transformação de sapos em humanos, após um pedido feito ao criador espiritual.

Indígenas Puyanawa se apresentam em festejos na aldeia, em Mâncio Lima. Foto: Lís Carvalho/Secom AC

Segundo o próprio povo indígena Puyanawa, encontrado no Acre, a origem do “Povo do Sapo” está ligada a um mito ancestral que faz parte da cosmologia e da tradição oral transmitida pelos mais velhos. Conforme contam os anciãos, os Puyanawa são descendentes de um povo que surgiu da transformação de sapos em humanos, após um pedido feito ao criador espiritual. Esse sapo, símbolo de resistência e transformação, representa a ligação profunda do povo com a natureza e a floresta.

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O nome “Puyanawa” vem do tronco linguístico pano e pode ser traduzido como “povo do sapo” ou “gente do sapo”, sendo “puya” relacionado a sapo e “nawa” a gente, povo. Essa origem mítica não é apenas uma história: ela é um pilar identitário, que reforça a relação espiritual com os seres da floresta e reafirma a sabedoria ancestral guardada por gerações.

Foto: Diego Silva/Secom AC

Os Puyanawa se consideram originários de três personagens do mundo ancestral: Irica, Puyawakêvu e Dukawa. Num dado momento do tempo, Irica explodiu e, do seu corpo, surgiram todos os seres da floresta chamados por eles de Dimãnã, termo que também serve para “floresta”.

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Assim, de acordo com a cosmologia Puyanawa, a origem do povo está ligada à natureza e ao tempo. Antes de se tornarem humanos, seus ancestrais eram pequenos sapos surgidos da decomposição da folha da capemba, uma folha espessa que se desprende do mangará de palmeiras amazônicas e se decompõe no solo úmido.

Esses sapinhos, chamados puyadawa, foram gradualmente tomando forma humana e encontrando na floresta os elementos para a sobrevivência.

Foto: Diego Silva/Secom AC

As Terras Indígenas Puyanawa correspondem a uma área de 24 mil hectares, onde residem 750 indivíduos. No mês de julho, eles realizam o Festival Atsa Puyanawa, presente no calendário oficial do Acre, nas aldeias Barão e Ipiranga em Mâncio Lima, município localizado aos pés do Parque Nacional da Serra do Divisor.

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O evento conta com danças, músicas, culinária típica, reunindo visitantes do Brasil e do exterior. A programação destaca a mandioca (atsa), alimento sagrado e símbolo da autonomia econômica do povo, e reforça o fortalecimento da identidade indígena na região. Durante seis dias, visitantes do Brasil e de diversos países participam do festival.

*Com informações da Agência Acre

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