Com uma voz inconfundível e um talento impar para a música, Dona Onete se tornou referência cultural no Pará.
Ionete da Silveira Gama. Talvez, você não a conheça por esse nome, mas se a gente citar a Dona Onete é certeza que você vai reconhecê-la. Com uma voz única, Onete se destacou no cenário musical do Pará e virou a ‘diva do carimbó chamegado’. Durante a carreira, a artista criou grupos de danças folclóricas e agremiações carnavalescas, mas conquistou um público cativo também por meio da internet.
Dona Onete nasceu no dia 18 de julho de 1939, no município de Cachoeira do Arari, que faz parte do arquipélago do Marajó (distante a154 quilômetros de Belém). Na infância, ela mudou para a capital paraense com a família e, alguns anos depois, para a cidade de Igarapé-Miri.
Durante 25 anos, Onete atuou como professora e em Igarapé-Miri ela fundou o Canarana, um grupo de dança e música regional. Ela atuou também como Secretária de Cultura.
Apesar de desempenhar diversas funções, seu sonho sempre foi de ser cantora. Mas a oportunidade de entrar no mundo da música surgiu apenas aos 62 anos de idade. Ela conta que estava em casa, enquanto um grupo de carimbó ensaiava do outro lado da rua. Ela então começou a cantar e foi notada pelos participantes, mas que devido a idade dela não mantiveram contato.
Alguns dias se passaram e a esperança renasceu: outro grupo de carimbó perguntou à cantora, que ainda era anônima na época, se ela gostaria de ser vocalista da equipe. Esse foi o ponta pé inicial de uma carreira que encanta por onde ela passa. Um dos grupos folclóricos que a artista integrou se chamava ‘Raízes do Cafezal’, mas ela também fez parte do grupo pop com raízes regionais ‘Coletivo Rádio Cipó’.
Álbuns e turnês
Em 2012, Dona Onete gravou o seu primeiro CD intitulado ‘Feitiço Caboclo’. O álbum chamou a atenção de diversas produtoras. Já o segundo projeto da artista chamado de ‘Banzeiro’, em 2016, ganhou, literalmente, o mundo. A cantora realizou cinco shows nos Estados Unidos, sendo um em Nova York, que contou com a presença de David Byrne e Caetano Veloso.
O CD ‘Banzeiro’ entrou para o World Music Charts Europe Top 20. Onete se tornou a única brasileira a integrar o charts. Em 2017, a paraense ganhou destaque na revista ‘Songlines’.
Na mesma época, Onete realizou uma turnê pela Europa passando por diversos festivais: Rudolstadt Festival, na Alemanha; Zwarte Cross, na Holanda; e WorldWide Festival em Sète, na França.
E quem disse que não teve carimbó no ‘Rock in Rio’? A edição 2019 do evento, contou com o espaço Nave, um espaço imersivo que abriu portas para a Amazônia contemporânea. Aos 80 anos, Dona Onete subiu ao palco e fez a alegria do público. A artista repediu a dose em 2022 com uma performance no espaço.
O álbum de estúdio mais recente, ‘Rebujo’, foi lançado em dezembro de 2020. Já em 2022, Onete lançou o single ‘Olha a chuva’, ao lado da banda Francisco El Hombre. O repertório da artista é recheado de sucessos, como ‘Jamburana’, ‘No Meio do Pitiú’, ‘Bagaceira’, ‘Feitiço Caboclo’, entre outros.
Outras mídias
Além dos palcos, a artista também já se aventurou no audiovisual. Em 2012, Onete participou do longa-metragem ‘Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios’, estrelado por Camila Pitanga. Já em 2017, a cantora apareceu na novela ‘A Força do Querer’, de Glória Perez.
A artista também participa do episódio ‘Gringo’, da websérie ‘Sampleados’, que usa famosas músicas do Pará em sua narrativa. Ela canta ao lado de Nanna Reis e MC Dourado.
Na produção, Onete usou toda a sua força e simpatia para cantar ‘Dançando Calypso’, que ficou eternizada na voz de Joelma. Confira algumas de suas principais obras: