Fachada Museu Kuahí. Foto: Aog Rocha/GEA
O novo Museu Kuahí dos Povos Indígenas de Oiapoque – Arte, Ciência e Tecnologia, no Amapá, com gestão total das etnias do município, foi entregue no dia 19 de julho. A reabertura do museu, que estava inativo, representa, segundo o Governo do Estado, um compromisso de respeito à preservação cultural dos povos originários do extremo Norte do país, fortalecendo identidades, saberes e línguas ameaçadas pelo esquecimento.
“O novo Museu Kuahí é um marco para a história, de respeito aos nossos ancestrais e, principalmente, ao povo indígena de Oiapoque, do Amapá, que merece todo o reconhecimento, pois são os donos dessas terras. Aqui no Museu Kuahí temos um local de qualidade, requalificado, informatizado, que vai mostrar a grande história de riquezas culturais e tradição, também para o mundo. Todos os colaboradores são jovens indígenas que foram preparados numa imersão no Museu Emílio Goeldi, no Pará. É muito bom celebrar este momento de importância turística e ancestral para Oiapoque, o Amapá é o Brasil, com os nossos parentes indígenas, caciques e todos que estão vivendo este momento histórico”, enalteceu o governador Clécio Luís.
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O Museu Kuahí reúne um grande acervo das etnias Karipuna, Galibi Marworno, Galibi Kali’na e Palikur. O espaço feito pelas mãos de artistas indígenas, reabre as portas com novidades e modernização, mantendo o respeito à tradição dos povos originários, reafirmando sua essência como um museu de representatividade.

Uma das novidades do museu, reconstruído pelo Governo do Estado, é a disponibilidade, na forma virtual pela plataforma digital Tainacan, das mais de 500 peças etnográficas do acervo. A estrutura do museu também abriga uma biblioteca, salas de exposição e oficinas, loja de artesanato, maloca, redário e espaço para artistas indígenas apresentarem suas produções culturais. Tudo planejado com protagonismo dos povos indígenas e apoio técnico do Instituto Iepé.
Impressões sobre o museu
“Hoje não se abre apenas a porta de um museu, se abrem as portas do conhecimento, da arte de todos nós, os indígenas. Um grande museu para o povo de Oiapoque, do Amapá e do Brasil. Agradeço todo o empenho do governador Clécio Luís e equipe de governo, que valorizam nosso povo. O museu Kuahi é a casa dos indígenas para todos”, celebrou o cacique Edmilson, presidente do Conselho dos Caciques dos Povos Indígenas de Oiapoque (CCPIO).
“Estou muito feliz com essa conquista, retomada. Foram anos fechado, mas agora entregamos esse espaço que guarda nossas memórias, nossa ancestralidade. É mais um símbolo de resistência dos povos indígenas”, destacou Sonia Jeanjacque, secretária de Estado dos Povos Indígenas do Amapá, e indígena da etnia Galibi Kali’na.
Com a participação ativa da comunidade, a entrega foi comemorada também pelo cacique Raimundo Iaparrá, pajé mais antigo do povo Karipuna. “É como se a nossa memória voltasse a respirar. A gente sente orgulho e alegria de ver esse espaço de novo cheio de vida, cheio da nossa arte, das nossas vozes. O Kuahí é nosso e está mais forte do que nunca, é como se fosse um renascimento”, discursou o cacique com a voz embargada pela emoção.
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“O Kuahí, como nos museus tradicionais, pesquisa, coleciona, conserva e expõe objetos, obras de arte, artefatos, histórias, com objetivo de gerar conhecimentos e entreter o público, porém, o que o diferencia daquela tipologia de museus é sua abordagem mais interativa e participativa, com exposições e atividades imersivas que permitem aos visitantes vivenciarem os seus acervos de maneira mais direta. A grande novidade desse museu vivo e orgânico, é sua abordagem decolonial, cujos processos museológicos foram realizados pelos próprios povos indígenas daquele território. Toda a construção, concepção, narrativas, foram protagonizadas pelos próprios detentores de suas histórias e culturas. Além das exposições, o Kuahí funciona como um verdadeiro ponto de apoio para os povos indígenas. Temos uma biblioteca voltada especialmente para o uso das comunidades, acesso à internet, refeitório, redário — tudo pensado para atender às necessidades e à permanência dos indígenas no espaço. É um local onde a cultura não está apenas guardada, mas é vivida, compartilhada e fortalecida todos os dias”, destaca a secretária de Cultura do Amapá, Clicia Vieira Di Miceli.
“Essa reabertura nos emociona porque representa um sonho coletivo. O Kuahí volta como símbolo de resistência e também como plataforma de visibilidade para nossas línguas, saberes e formas de existir. É um espaço de futuro que honra nossa ancestralidade” destaca a secretária da Sepi, Sônia Jeanjacque.

Sobre o museu
Criado a partir de uma demanda do movimento indígena nos anos 1990 e inaugurado em 2007, o Kuahí permaneceu fechado por mais de uma década. A escolha do nome Kuahí, que na língua indígena significa pacu, peixe-prateado que vive em cardume, carrega a simbologia dos povos do Oiapoque, que se reconhecem como parte de um todo. Diversos, mas unidos por uma essência que ecoou na reabertura do museu, ratificada com o ritual do “Turé”.
O Museu Kuahí dos Povos Indígenas do Oiapoque passa a funcionar de terça-feira à domingo, de 9h às 17h, na Avenida Barão do Rio Branco, n°. 160, no Centro de Oiapoque (AP).

*Com informações do Governo do Amapá
