Escritor Milton Hatoum. Foto: Hamyle Nobre/Menina Miuda Producões Artísticas
Romancista, contista, ensaísta, tradutor e professor universitário. Aos 72 anos, Milton Hatoum segue provando que talento não tem fronteiras nem rótulos. Eleito recentemente para a Cadeira 6 da Academia Brasileira de Letras (ABL), com 33 dos 34 votos possíveis, o escritor manauara sucede o jornalista e escritor Cícero Sandroni, falecido em junho deste ano, consolidando seu lugar entre os grandes nomes da literatura nacional.
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Para celebrar essa trajetória multifacetada, o Portal Amazônia reuniu curiosidades que mostram como Milton Hatoum construiu uma carreira marcada pela Amazônia natal, pelo mundo afora e por um rigor literário admirado em vários continentes. Confira:
Raízes amazônicas
Nascido em Manaus em 1952, Milton Hatoum cresceu cercado pela diversidade cultural e natural da região, elementos que permeiam suas literaturas, tais como: Relato de um certo oriente (1989); Dois irmãos (2000); Cinzas do Norte (2005); Órfãos do Eldorado (2008); A noite da espera (2017); e Pontas de lança (2015).
Primeiros passos fora de casa
Em 1968, Milton Hatoum, ainda adolescente, se mudou para Brasília e estudou no Colégio de Aplicação da UnB (CIEM), vivenciando a efervescência política e cultural do fim dos anos 1960.
Arquiteto antes de escritor
Durante a década de 1970, Milton Hatoum morou em São Paulo, se formou em Arquitetura na FAU-USP e realizou pesquisa sob orientação do célebre geógrafo Milton Santos.

Professor precoce
Milton Hatoum lecionou História da Arquitetura na Universidade de Taubaté, entre 1978 a 1979, antes mesmo de se dedicar integralmente à literatura.
Cidadão do mundo
Viveu como bolsista em Madri, em 1980, Hatoum fez mestrado em Literatura Latino-Americana em Paris, entre 1981 a 1983, e foi professor visitante em universidades como Berkeley (EUA) e Sorbonne (França).
Quase vinte anos em sala de aula
De 1984 a 1998, ensinou Língua e Literatura Francesa na Universidade Federal do Amazonas, conciliando vida acadêmica e produção literária.
Premiações de peso
Ganhou Jabuti, Portugal Telecom, Bravo! e, em 2008, a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura. Em 2017, se tornou Officier de l’Ordre des Arts et des Lettres na França; no ano seguinte, levou o Prêmio Juca Pato e o Prix Roger Caillois.

Mais de meio milhão de exemplares vendidos
Hatoum vendeu mais de 500 mil exemplares de seus livros, que foram publicados em 17 países, incluindo França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Espanha e México, segundo a Companhia das Letras.
Intelectual cosmopolita
Participou de conferências e programas literários em Yale, Stanford, Iowa, Líbano e vários países europeus.
Tradutor de clássicos
Além de romancista, traduziu obras de Marcel Schwob, Edward Said e Gustave Flaubert.
Para o cinema
‘Órfãos do Eldorado’ foi adaptado para o cinema, e contos de ‘A cidade ilhada’ inspiraram o filme ‘O rio do desejo’.

Trilogia em andamento
Está concluindo ‘O lugar mais sombrio’, série iniciada com ‘A noite da espera’, de 2018, e ‘Pontos de fuga’, de 2019; o último volume, Dança de enganos, tem lançamento previsto para outubro de 2025.
Das páginas para a TV
O livro ‘Dois Irmãos’, de Hatoum, foi adaptado para uma minissérie pela TV Globo. A minissérie, com o mesmo nome, foi dirigida por Luiz Fernando Carvalho e teve roteiro adaptado por Maria Camargo da obra de Hatoum. A trama aborda o drama familiar e o conflito entre os irmãos Yaqub e Omar, ambientado em Manaus. A minissérie estreou em janeiro de 2017 e foi exibida em 10 episódios.

Voz ativa na imprensa
Entre 2008 e 2016, manteve colunas no Estadão, O Globo e revistas literárias, comentando política, cultura e literatura.
Cadeira na ABL
O escritor amazonense Milton Hatoum foi eleito, no dia 14 de agosto, para a Academia Brasileira de Letras (ABL), assumindo a cadeira número 6, anteriormente ocupada pelo jornalista Cícero Sandroni (1935-2025). A eleição ocorreu cinco dias antes do aniversário de 73 anos do autor, considerado um dos mais importantes romancistas do país.
Além de Milton Hatoum, concorreram à vaga Eduardo Baccarin-Costa, Cezar Augusto da Silva, Antônio Campos, Paulo Renato Ceratti e Angelos D’Arachosia.
