5 mentiras famosas sobre o Acre

O Dia da Mentira é celebrado em 1º de abril e, envolvendo o Acre, há mentiras famosas relacionadas à existência do estado.

Memes que circulam na internet questionam a existência do estado do Acre. Foto: Reprodução

O popular Dia da Mentira, “comemorado” no dia 1º de abril, faz com que as pessoas “preguem uma peça” em familiares e amigos. O Acre, inclusive, já foi — e ainda é — alvo de muitas mentiras.

Fora do estado, mentiras sobre a própria existência do estado mais ocidental do Brasil sempre foram muito populares entre os brasileiros. Entre as que se tornaram populares estão:

  • A clássica “o Acre não existe”;
  • O Acre tem dinossauros;
  • O Acre não tem internet;
  • O Acre é tão distante que leva dias para chegar;
  • O Acre foi trocado por cavalo.

Mas, e aí, é verdade ou mentira? Veja mais abaixo a explicação para cada uma dessas histórias:

O Acre não existe

Essa é, provavelmente, a mentira mais famosa envolvendo o Acre. Muitas pessoas, principalmente de fora da região Norte do Brasil, fazem essa brincadeira, dizendo que o Acre é um “estado fictício”, uma espécie de “lenda urbana”.

    Isso surgiu devido à localização do estado, além do fato de que o Acre demorou a ser amplamente integrado ao resto do Brasil. O Acre é um estado legítimo, com cultura, história e uma população vibrante. O Grupo Rede Amazônica fez uma reportagem que explica algumas das razões pelas quais a piada surgiu.

    “O Acre, durante muito tempo, ficou geograficamente isolado. Quando surgiu o [território do] Acre, propriamente dito, a partir do Tratado de Petrópolis, em 1903, até 1960, quando surgiu a BR-364, voos de aviões a partir da década de 1940, principalmente de 1950 para cá, o Acre era totalmente isolado. Então, aí vem esse isolamento histórico, geográfico. Levou-se a essa coisa da inexistência do Acre”, comentou o historiador Airton Chaves da Silva, da Universidade Federal do Acre.

    Leia também: ‘O Acre existe?’ Saiba como surgiu a piada sobre a existência do Estado

    O Acre tem dinossauros

    Essa também é uma das maiores fantasias relacionadas ao Acre. A ideia é que, por ser uma região de floresta densa e difícil de explorar por completo, o Acre seria um lugar onde dinossauros teriam sobrevivido à extinção e estariam vivendo secretamente.

      Essa história é, claro, completamente infundada. Os dinossauros foram extintos há cerca de 65 milhões de anos e não existem mais vestígios de dinossauros vivos em qualquer parte do mundo.

      Mas o Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal do Acre (Ufac) possui um acervo com mais de 6 mil peças de fósseis de animais que viveram entre 5 e 8 milhões de anos na região amazônica. Entre as peças mais famosas estão o crânio de um Purussauro – um réptil pré-histórico –, o fóssil de um Jabuti Gigante e o de um “super-jacaré”.

      Leia também: Purussaurus brasiliensis: o jacaré com a mordida mais potente do mundo viveu na Amazônia

      Dinossauro não tem. Por enquanto, só o fisiculturista Ramon Dino e o personagem fictício Dino do Acre.

      O Acre não tem internet

      Apesar de o Acre ter sido uma das últimas regiões do Brasil a se integrar ao resto do país em termos de comunicação e infraestrutura, o estado tem sim acesso à internet, transporte e outros serviços básicos.

        Claro, existem desafios devido à sua localização geográfica, mas é longe de ser um “deserto digital” como algumas pessoas costumam pensar.

        O Acre é tão distante que leva dias para chegar

        Embora o Acre seja, de fato, o estado mais ocidental do Brasil, a ideia de que é necessário “dias” para chegar lá é completamente infundada. Com a construção de rodovias e melhorias na infraestrutura, é possível chegar ao Acre em poucas horas de voo, inclusive a partir de grandes centros urbanos, como São Paulo e a própria capital Brasília.

          Mesmo que o estado tenha suas peculiaridades geográficas, isso não significa que o estado esteja isolado. Com a comunicação via internet, transporte aéreo frequente e até viações rodoviárias que conectam o estado a outras partes do Brasil, o Acre está bem integrado com o resto do país.

          Isto está ligado também a questões históricas de que criminosos eram mandados ao Acre como forma de punição.

          “No início da história, pessoas eram enviadas para o Acre como forma de punição. Alguma situação de guerra, de conflito que tinha aqui no país, presos políticos, as cadeias estavam cheias, então pegavam essas pessoas e enviavam para o Acre. Essa questão foi representada, foi noticiada nos jornais, tinham charges políticas que falavam de isso, de uma ideia de vir pro Acre como uma punição”, diz a pesquisa da jornalista Giselle Lucena, da Ufac.

          O Acre foi trocado por cavalo

          Segundo o historiador Marcos Vinicius Neves, a história tem um fundo de verdade, mas o resultado é mentira, já que o Acre foi anexado como território brasileiro somente com a assinatura do Tratado de Petrópolis, em 1903. A história do cavalo vem de antes.

            Na época, o Brasil vivia a guerra do Paraguai, quando coube a Mariano Melgarejo, presidente da Bolívia, conhecido como El Loco Melgarejo, negociar as questões fronteiriças com o cônsul brasileiro Regino Correa.

            “El loco era um ditador sanguinário e era apaixonado por cavalos de raça. O cônsul brasileiro, muito esperto que era, aproveitou esse ponto fraco e, para adquirir a maior vantagem possível pro Brasil, condecorou o presidente da Bolívia com duas medalhas brasileiras e presenteou Mariano com um cavalo de raça puro sangue inglês”, conta Neves.

            Envaidecido com o presente, o presidente boliviano propôs que os dois países não brigassem ainda por terras desconhecidas e, sendo assim, apontando no mapa, doou “dois dedos de terra” para o governo brasileiro. Assim, assinam o Tratado de Ayacucho, em 1867.

            De fato existiu um presente, que não era uma negociação. Só que, segundo Neves, esse ‘regalo’ gerou boa vontade do presidente da Bolívia, que presenteou o Brasil com um triângulo enorme de terras. Porém, as terras ao norte da linha oblíqua Cunha Gomes nunca fizeram parte do território acreano.

            Leia também: A verdade por trás do mito: Acre foi trocado por um cavalo?

            Como surgiu o dia da mentira?

            Entre os registros que justificam a criação do Dia da Mentira estão um do século 16, quando o Papa Gregório 13 criou um novo calendário que mudou a data do ano novo de março para janeiro. A mudança teve resistência de parte da população francesa.

            Para zombar dos “revoltados” com o novo calendário, pessoas convidaram “os inconformados” para festas inexistentes em 1º de abril, marcando uma tradição de zombaria.

            Outra história faz menção à criação da tradição no Brasil. Em 1° de abril de 1828, o jornal “A Mentira” publicou em sua capa a falsa notícia da morte de Dom Pedro I.

            *Por Renato Menezes, da Rede Amazônica AC

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