A obra retrata o trabalho dos abridores de letras, profissionais que nomeiam e colorem os barcos nos rios da Amazônia, e concorre nas categorias Artes, Capa e Projeto Gráfico, do Eixo Não Ficção.
A cultura e a literatura paraenses estão em festa. O livro ‘Letras que flutuam”, de Fernanda Martins, editado pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e lançado na 24ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, em 2021, foi selecionado como um dos 10 finalistas do 64º Prêmio Jabuti.
A obra retrata o trabalho dos abridores de letras, profissionais que nomeiam e colorem os barcos nos rios da Amazônia, e concorre nas categorias Artes, Capa e Projeto Gráfico, do Eixo Não Ficção.
De acordo com Fernanda Martins, o trabalho de pesquisa e atividades educativas para a produção do livro durou 15 anos.
“Como tudo o que ocorre no ‘Letras’, foi um esforço coletivo de muitas mãos e mentes. Queríamos algo que representasse a cultura paraense real, aquela dos rios e beiradões, quente, intenso, alegre. Tivemos todo o apoio e compreensão da Secult para a elaboração do projeto na forma que desejávamos e contamos com fotógrafos excepcionais. Nossa pesquisa é consistente e respeitosa com todos os abridores de letras que entrevistamos e cujas narrativas trouxemos para contar ao leitor o que é a letra decorativa amazônica e quem são os artistas que a representam. É um trabalho de muita dedicação e amor, que foi muito bem representado na arte, projeto gráfico e capa”,
avalia a autora.
Para ela, o Prêmio Jabuti possibilita que outras regiões conheçam um pouco mais da estética amazônica, impulsionando a valorização da cultura visual local. “Publicar esse livro era um grande sonho e o convite da Secult veio de encontro a esse desejo. Ser finalista no Prêmio Jabuti, além de uma grande honra, indica que fizemos boas escolhas. Esse reconhecimento amplia o espaço de divulgação e receptividade do livro, que, eventualmente, pode vir a ter novas edições”, completa.
A equipe que atuou no projeto teve coordenação editorial de Cássio Tavernard; direção de arte, transcrição e entrevistas de Fernanda Martins; capa, projeto gráfico e editoração de Sâmia Batista e Felipe Wanzeler; revisão de texto de Maria da Graça Ferreira Leal e tradução de Daniela Tannus.
O designer Felipe Wanzeler, profissional responsável pela produção da capa do livro, conta que teve duas inspirações ao compor a arte: o trabalho da própria autora, que também é designer, e a estética tipográfica dos abridores. “Trabalhar no projeto foi uma grande honra, não apenas por estar ao lado de alguém que sempre me inspirou, mas também por poder mostrar a história e a maestria dos abridores de letra da nossa Amazônia. Colocá-los em primeiro plano foi a minha inspiração para a capa”, revelou.
Com um design diferenciado, a capa da obra possui uma espécie de jacket, sobrecapa que “veste” a capa dura do livro e que pode ser retirada e encaixada novamente. O capista explica o que motivou essa escolha. “Sempre que olhamos para as prateleiras de livros, vemos apenas a lombada. Pensando em exaltar a arte dos abridores, criei uma capa dupla face que se transforma em pôster, podendo decorar as paredes de quem tem o livro. Para mim, o livro ser reconhecido pelo Prêmio Jabuti é muito mais que uma honra pessoal, é uma forma de celebrar a arte dos abridores, que são um patrimônio artístico muito importante da nossa região”, disse.
Valorização
Criado em 1958, pela Câmara Brasileira do Livro, o Prêmio Jabuti é realizado anualmente e busca enaltecer e destacar o trabalho de escritores e de outros profissionais envolvidos em produções literárias de todo o país. No total, são premiadas 20 categorias, divididas em quatro eixos temáticos: Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação.
A listagem divulgada este mês foi a primeira de três. A segunda lista, com os cinco finalistas, está prevista para sair dia 8 de novembro e o resultado final terá sua data anunciada em breve. Se vencer nas três categorias, a Secretaria de Estado de Cultura do Pará chegará a seis prêmios Jabuti conquistados.