Alimentação, rituais, instrumentos de caça e como surgem os nomes usados na cultura Tapayuna – “Kajkwakratxi” na língua materna – são aspectos identificados nas lendas contadas pelos índios Kôkôtxi, Roptyktxi, Wôtkàtxi. Os contos também representam a história de luta e resistência desse povo que foi quase dizimado por doenças e até envenenamento nas décadas de 1950 e 1960.
Essa trajetória de superação tem reflexos nas próprias histórias orais transcritas para a língua portuguesa na obra organizada pela antropóloga Daniela Lima. Durante cinco anos, ela desenvolveu a pesquisa que resultou na elaboração dessa obra, cuja tradução foi realizada pelos Tapayuna; e do filme, produzido pela Casa Verde com participação dos índios da comunidade Kawêrêtxiko.
De acordo com Lima, hoje os Tapayuna reivindicam a retomada das terras originalmente ocupadas por eles (na região às margens do Rio Arinos, em Mato Grosso) antes da transferência da aldeia para áreas do Parque Indígena do Xingu-MT. “Eles sonham em encontrar os parentes que acreditam ter permanecido no território tradicional.”
No lançamento do livro realizado na sede da Funai em Brasília (último dia 20 de março), o indígena Yaiku, representante da TI Capoto-Jarinã, assim resumiu a situação da sua comunidade indígena ao dizer que “a população do Povo Tapayuna está crescendo e ainda tem pouca articulação de políticas de jovens. A nossa luta está na nossa mão. Está na mão do jovem. E nós vamos lutando daqui pra frente com a Funai para apoiar as comunidades e povos indígenas”, afirmou.
Resistência
O documentário A luta e resistência do povo kajkwakratxi (Tapayuna) é um resgate da história dessa comunidade indígena, que até a década de 1970 habitava as margens e afluentes dos rios Arinos e do Sangue, noroeste do Mato Grosso.
Na época, doenças adquiridas no contato com não índios e os conflitos com posseiros de terra reduziram os Tapayuna a 41 indivíduos, então transferidos para o Parque Indígena do Xingu. Estima-se a população atual dos Tapayuna em cerca de 200 pessoas, que atualmente passam por um processo de valorização da sua cultura.