Forte São Joaquim do Rio Branco vista de cima. Foto: Divulgação
Construções que chamam atenção na Amazônia são os Fortes. Locais que antes eram usados por exploradores, exército, etc, hoje são espaços históricos e culturais. Um deles, é o Forte São Joaquim do Rio Branco, construído na margem esquerda da junção do rio Uraricoera com o rio Tacutu, onde se forma o rio Branco, a cerca de 32 quilômetros ao norte da atual capital de Roraima, Boa Vista.
Ele foi construído em 1775 para defender a área portuguesa na região da Amazônia contra os espanhóis e holandeses que buscavam invadir o vale do rio Branco devido às especiarias e a mão-de-obra escrava dos povos indígenas.
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A construção do forte pela coroa portuguesa
No século XVII, a Coroa Portuguesa se instalava na Amazônia e, com isso, foi necessário criar estratégias que protegessem e garantissem a posse da área ocupada. Os inimigos diretos da corte, Espanha e Holanda, pensavam em maneiras de invadir o vale do rio Branco, onde os portugueses estavam se instalando.
A Amazônia era vista com destaque para os países que buscavam colonizar, principalmente na região perto do rio roraimense, devido aos seus recursos naturais, com o fornecimento de itens como madeiras, resinas, baunilha, salsaparrilha e, de forma significativa, de cacau. Até mesmo a mão-de-obra escrava dos povos indígenas era um ponto que instigava os exploradores da Amazônia.
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Segundo o cronista Ribeiro de Sampaio, em “Relação Geográfica e Histórica do Rio Branco da América Portuguesa” de 1777, o conhecimento desse rio data da expedição exploratória realizada por Pedro Teixeira ao rio Negro em 1639 e que, nesse mesmo ano, já sabiam que através do Branco teriam a chance de acessar as colônias holandesas. O descobrimento dessa área se processou inteiramente em 1670-71, ao mesmo tempo em que empreendiam o reconhecimento do rio Negro.
De todas as presenças preocupantes, a da Espanha causava mais alarde no território português, pois se tratava de uma expedição com a finalidade de ocupação territorial. De acordo com o cronista Ribeiro, os espanhóis justificaram sua presença na região a partir do mito do El Dourado, que imaginaram que iam encontrar uma terra cheia de tesouros e ouro.
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A presença espanhola no vale do Rio Branco fez com que Portugal criasse estratégias de proteção territorial. Uma dessas estratégias é a construção do Forte São Joaquim a partir de 1775 e que havia sido estipulada 23 anos antes.
Com isso, foi nomeado o capitão e engenheiro Felippe Frederico Sturm, que comandou a expedição que, no dia 3 de outubro de 1775, sai de Barcelos, capital do Rio Negro, para expulsar os espanhóis do rio Branco, os quais não ofereceram muita resistência, de acordo com Sampaio.
Segundo o artigo ‘Forte São Joaquim: Patrimônio Cultural do Brasil, de Paulina Onofre Ramalho e Carla Onofre Carvalho’, a construção do forte foi rápida. Foram utilizadas pedras avermelhadas e barro da região, com acabamento de cal e areia.
O forte se apresentava da seguinte forma por dentro: à direita da entrada localizava-se o quartel do comandante, composto de dois camarins, a capela à esquerda e o quartel da guarnição ao fundo do forte. Ao longo da capela encontrava-se disposta a cozinha particular do comandante. Duas outras casas serviam como depósito para munições de armas e de boca, além de um calabouço e da cozinha. A casa de pólvora encostava-se na muralha do lado leste.
O Forte São Joaquim do Rio Branco atualmente
O Forte de São Joaquim do Rio Branco tornou-se um patrimônio histórico e cultural do estado de Roraima, no que diz o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) cabe mencionar que o forte é tombado pelo governo do estado de Roraima desde 22 de abril de 2001, através do Decreto nº 4.241, como um sítio histórico, arqueológico e arquitetônico, cuja área perfaz um total de 25.738,47m².
