Festa de São Tiago 246 anos: conheça a batalha entre mouros e cristãos

Encenação é um dos pontos altos da festividade, que acontece na pequena vila de Mazagão Velho, em Mazagão, região metropolitana a 70 km de Macapá.

A encenação da batalha entre mouros e cristãos, missas e bailes a céu aberto são os pontos altos da tradicional Festa de São Tiago, que acontece na pequena vila de Mazagão Velho, em Mazagão, região metropolitana a 70 km de Macapá.

A tradição trazida da África no século 18 é realizada desde o ano de 1777. O festejo mistura rituais religiosos, cavalhada e teatro a céu aberto para contar a aparição de Tiago como um soldado anônimo que lutou bravamente ao lado do povo cristão contra os mouros e garantiu sua vitória.

Festa de São Tiago. Foto: Gabriel Penha

A encenação inicia quando mouros pedem uma trégua da batalha que travavam contra os cristãos, em que a estratégia era, já em paz, oferecer presentes aos inimigos.

Os presentes oferecidos, na verdade, eram comidas e estavam envenenadas. Os cristãos, desconfiados, deram partes desses alimentos aos animais, que morreram. Na encenação, os presentes são entregues em casas que simbolizam as autoridades cristãs.

Imaginando que seus inimigos estavam mortos e que teriam vencido a guerra, os mouros organizaram um grande baile de máscaras e convidaram os cristãos, para que eles pudessem mudar de lado sem serem reconhecidos.

Festa de São Tiago acontece no distrito de Mazagão Velho. Foto: Marcelo Loureiro

Os cristãos comparecem ao Baile de Máscaras e levaram a outra parte das comidas envenenadas. Muitos mouros morreram com o próprio veneno, entre eles, o Rei Caldeira, chefe supremo.

No dia seguinte, logo cedo, os cristãos se confessaram. São Tiago fez um juramento em frente a igreja, e, logo após, eles saíram para batalha. O objetivo era pegar os mouros ainda abalados pelo ocorrido na noite anterior.

Perto do meio-dia, os mouros enviaram um vigia, o Bobo Velho, para espionar os cristãos. Esse espião foi apedrejado até a morte. Na encenação, essa parte da história tem a participação da população, que atira bagaços de laranja no personagem.

Baile de Máscaras. Foto: John Pacheco/g1 Amapá

Os cristãos também enviaram um espião para o acampamento mouro, o Atalaia. O Atalaia conseguiu roubar a bandeira dos mouros, mas, foi ferido na fuga. Ele morreu próximo ao acampamento cristão, mas, antes conseguiu alertar seus companheiros. O cristão Atalaia foi decapitado.

O herdeiro do trono mouro, o Rei Caldeirinha, mandou que seus homens sequestrassem as crianças cristãs e que fossem vendidas. O dinheiro foi usado para comprar armas e munição. Quando perceberam que suas crianças haviam sido roubadas, os cristãos iniciaram uma batalha violenta.

Os cristãos iniciaram uma batalha violenta. — Foto: John Pacheco/G1

O Rei Caldeirinha, querendo a bandeira de volta, propôs uma troca: o corpo do Atalaia pelo símbolo mouro. Os cristãos aceitaram, recebendo o corpo do companheiro, mas, não devolveram a bandeira.

A batalha recomeçou. Segundo contam, Deus os ajudou, prolongando o dia, assim os cristãos conseguiram vencer as batalhas até aprisionar o Rei Caldeirinha.

Para comemorar, os cristãos organizaram o baile do vominê, que faz parte da tradição da festa, trazendo um sentido lúdico, de brincadeira.

Festa de São Tiago em Mazagão, no Amapá. 

Por fim, as figuras de São Tiago e São Jorge aparecem selando a vitória dos cristãos.

As encenações teatrais, que são os momentos mais esperados dos festejos que é celebrado então o dia santo de São Tiago. O momento reúne moradores da vila e visitantes. 

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