Estilista de Santana é a primeira do Amapá a estrear no São Paulo Fashion Week

Na passarela, a estilista do Amapá apresentou peças de crochê com uma pegada futurística, que compõem a coleção DUPE: A Streetwear Parody, assinada pelo estilista Dario Mittman.

Santanense levou bandeira do Amapá para o São Paulo Fashion Week. Foto: Raul Fernando

A Poliana Brilhante de 24 anos, nascida e criada em Santana, no Amapá, foi destaque na 58ª edição do São Paulo Fashion Week (SPFW), considerada a maior semana de moda não só do país, mas da América Latina. A jovem é a primeira amapaense a integrar uma coleção no evento.

Na passarela, foram apresentadas peças de crochê com uma pegada futurística, que compõem a coleção DUPE: A Streetwear Parody, assinada pelo estilista Dario Mittman. Ao total, os modelos desfilaram oito peças.

A estilista focou nas peças de crochê por conta da carga emocional que a técnica possui para ela. Poliana começou a ‘crochetar’ ainda criança, aprendendo de sua mãe que buscou a prática durante um tratamento de câncer, e se transformou na assinatura de sua marca “Abrilhante”.

A coleção leva texturas e cores com a pegada ‘cyberpunk’ com composições em jeans com pontos, camisas de time, bonés, calças com costura e renda de roupa em crochê, dando destaque a estampas artesanatos e o branco.

A jovem iniciou o trabalho de divulgação nas redes sociais, que logo tomou uma grande proporção. A estilista vestiu com sua marca, grandes nomes da música brasileira, como as cantoras Marina Sena, Glória Groove, Iza e a cantora internacional Erykah Badu.

“Eu sempre fazia tudo muito só eu. E agora eu tenho essa possibilidade de ter outras pessoas trabalhando comigo. Então, foi um processo muito compartilhado, com muitas mãos, de muitas crocheteiras. E isso foi perfeito. As peças a gente conseguiu desenvolver numa construção de ideias”, disse Poliana sobre a parceria com Dário.

Foto: Raul Fernando

História da artista

Poliana nasceu e foi criada em uma área de ponte no bairro Fonte Nova, no município de Santana. Desde criança a costura e a produção de peças esteve presente de alguma forma. Após o diagnóstico da mãe com câncer, a família precisou ir até Belém (PA) para o tratamento.

“Como não tinha hospital de câncer no Amapá, ela teve que fazer esse tratamento em Belém. E quando ela voltou já curada, ela me ensinou a fazer. E foi quando eu comecei a entender o crochê como uma forma de me aproximar da minha mãe também, que a gente tinha essa troca muito íntima, mas também como um lugar de criar coisas, e principalmente roupa, que era quando eu fazia roupa para as minhas bonecas, tentava fazer alguns tipos de roupa para mim, enfim, para as pessoas que viviam ali ao meu redor”, disse.

A estilista contou que foi para o Rio de Janeiro de forma não pensada, e atualmente vive em Niterói. Antes da mudança, Poliana trabalhava em um bar próximo a uma Universidade, quando decidiu ajudar uma amiga a perseguir um sonho de fazer jornalismo no Rio de Janeiro.

Logo quando chegou à cidade, a jovem para o seu sustento começou a vender doces no metrô, recitar poesias, além de outros trabalhos manuais como trancista, para conseguir uma renda extra.

Após a pandemia, no final de 2021, a estilista voltou a produzir peças de crochê para si mesma e para vendas pela internet, onde suas coleções viraram uma febre rapidamente.

Foto: Raul Fernando

“Como eu queria sair, e a pandemia estava acabando, eu fazia roupa para eu ir para as festas, porque eu não tinha dinheiro para comprar. Comecei a postar na internet e isso começou a viralizar. Acho que quatro meses depois eu já estava vestindo celebridades. Então, foi uma coisa muito rápida, muito instantânea”, disse.

Tudo mudou rapidamente na vida de Poliana no período de um ano após o investimento nas produções de peças de crochê. Logo a jovem se deu conta de que era a primeira amapaense a conseguir tal feito.

*Por Isadora Pereira, da Rede Amazônica AP

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