Para eles, a longevidade da espécie é sinônimo de força e resistência.
A fauna e a flora de uma floresta, muitas vezes, definem a relação que os seus moradores têm com o mundo. Protetores da Floresta Amazônica, os indígenas Kayapó possuem um vínculo íntimo, espiritual e singular com as árvores e os animais que residem em seu território.
E alguns deles em especial, como o jabuti, espécie pela qual nutrem grande admiração.
Para eles, a longevidade da espécie é sinônimo de força e resistência, características muito valorizadas pelos Kayapó. Por isso, a carne do jabuti é um alimento servido em várias festas tradicionais desse povo.
Os homens são os responsáveis pela caça das duas espécies do animal encontradas em abundância na região entre o Pará e o Mato Grosso. Em incursões coletivas, eles amarram os jabutis capturados em grandes varas para transportá-los até as aldeias e assá-los em fornos de pedra.
Os jabutis também estão na iconografia do povo Kayapó. As formas hexagonais dos cascos das espécies inspiram as Kaprã Ôk (pinturas do jabuti), que estão entre as pinturas corporais tradicionais feitas por estes indígenas, em geral, para ocasiões especiais como festas e rituais.
Feitos com uma nervura da folha de babaçu e com a tinta tirada do jenipapo e do urucum, os grafismos reproduzem desenhos ou texturas presentes na floresta e simbólicas para a comunidade indígena, constituindo um elemento marcante de sua cultura.
Diversas pinturas foram reproduzidas em telas durante a primeira ação de campo realizada pelo projeto ‘Tradição e Futuro na Amazônia’, da Funbio, em agosto de 2021.
Além de várias representações do jabuti, as mulheres da aldeia Pykany também traçaram grafismos que remetem a outros elementos presentes no cotidiano das aldeias como o rio, o peixe e a cobra. A iniciativa busca valorizar as tradições Kayapó e contribuir para a conservação das milhares de espécies presentes na Floresta Amazônica.