Para quem é amazônida, está habituado desde muito novo com todas as histórias que mexem com o imaginário popular. Contudo, pessoas de outras regiões podem ter compreensões distintas do folclore amazônico.
Com uma vasta biodiversidade de fauna e flora essenciais para manutenção de ecossistemas em todo o globo, a Amazônia é cercada de lendas, crenças e costumes particulares da região.
Todo esse conjunto de manifestações culturais e artísticas – que incluem também saberes e a medicina popular – fazem parte do folclore amazônico. Folclore este que resiste através do tempo, pois é repassado de geração em geração.
Para quem é amazônida, está habituado desde muito novo com todas as histórias que mexem com o imaginário popular, muitas dessas, de origem indígena, quilombola ou até mesmo ribeirinha.
Contudo, saindo da realidade local, pessoas de outras regiões, podem ter compreensões diferentes, por vezes até estereotipadas sobre a cultura amazônica e seu folclore. O Portal Amazônia conversou com pessoas de fora dos Estados da Amazônia Legal para entender essas percepções.
Dia do Folclore
Como uma forma de promover a valorização e preservação da identidade folclórica de um determinado povo ou região, surge o Dia do Folclore. A data, celebrada em 22 de agosto no Brasil, surge por meio do escritor William John Thoms com a junção dos termos folk (povo) + lore (cultura).
A acadêmica de ciências socioambientais Marcela de Amorim, de 23 anos, diz que conhece as principais lendas da região, como a do boto cor-de-rosa, cuca e algumas lendas indígenas que conheceu em um livro.
“[As lendas indígenas] conheci através de um livro que li que descreve os contos da mitologia do povo Maraguá, como o conto da árvore de carne, o guardião da floresta, a maldição da lagoa. Apesar de conhecer poucas, tenho interesse em conhecer mais a cultura da região amazônica”,
conta.
Marcela é de São Paulo (SP), no entanto trabalha e estuda a Região Norte e, por isso, conhece também alguns costumes e festivais, como o de Parintins, no Amazonas.
Uma curiosidade: sobre o açaí, bebida típica da região, ela conta que já experimentou, mas relata: “confesso que não gostei, é bem diferente, é mais fraco e doce”. A comparação de Marcela é com o açaí da mata atlântica, uma diferença de preferências, porém um dos elementos que atraem curiosos sobre a gastronomia regional e que possui sua própria lenda.
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Apesar disso, a estudante demostra ser apaixonada pela região. Tanto que decidiu cursar investir em uma formação em que aprende mais sobre a região como ela é.
“A sua cultura [amazônica] é viva, ela é política, ela é uma forma de resistência, de luta, de amor e de relação com os seres da terra”,
declara.
Do outro lado do globo, na Irlanda, a ecóloga Camila Casella, de 28 anos, que é de Mogi das Cruzes (SP), também conhece as principais lendas do folclore, como Macunaíma, caipora e o curupira.
Ela expõe: “Eu tinha uma visão bastante distante da Amazônia antes da minha graduação em ecologia, mas acredito que a visão que eu criei depois da graduação foi bem realista ao que vivi na Amazônia”.
Entretanto menciona que, onde mora, as informações sobre a Amazônia ainda são muito escassas e que existem muitos estereótipos envolvendo a região, o bioma e seus costumes.
“As pessoas sabem muito pouco ou quase nada sobre a Amazônia. Nem sequer a distribuição territorial as pessoas conhecem – como por exemplo o que é Amazônia Legal, o que é o Amazonas como Estado, e até onde ela vai no Brasil e em outros países. Na parte cultural também acho que seja bastante estereotipado”,
descreve Camilla.
A futura ambientalista, Marcela, quer resgatar essa essência de pertencimento e ajudar a dar destaque para Amazônia.
“A importância da floresta amazônica está desde a sua biodiversidade extraordinária até a regulamentação do clima, principalmente para manter um equilíbrio ecológico em todos os outros ecossistemas e biomas, sejam terrestres ou marinhos. Ela tem uma importância global, acho que não é apenas pelas festas ou tradições, acho que vai muito além disso”,
finaliza.