Descendente da família Brasil, Petita refere-se a si mesma como “guardiã da história da cidade”.
“A história tem que ser contada, não pode ficar sem contar. Isso enche os olhos. O moderno é belíssimo, mas o passado também emociona. Querem fazer a própria história, mas não devem apagar o que foi feito no passado, tem que ter respeito. Mais tarde eles passarão para a história, será que vão gostar se for acabado?”,
questiona Petita.
Na avaliação da mestre em Preservação do Patrimônio Cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Paulina Onofre, apesar dos decretos de tombamento, faltam políticas de proteção e valorização dos bens históricos de Roraima.
“A não existência de uma política pública vai desde a não ter órgãos estruturados para trabalhar com a questão. Faltam profissionais nesses órgãos, orçamento para esses órgãos. Em muitos casos, o processo de destruição desses bens parte do próprio poder público”,
ressalta a historiadora.
Como exemplo da destruição de bens históricos, Paulina citou o Hospital Nossa Senhora de Fátima, ‘destombado’ e demolido em 2015, e a derrubada do Museu Integrado, o único de Roraima. Petita Brasil também disse que, nesses dois casos, ela teve “muita tristeza”.
“Eu vejo isso com muita tristeza. Veio a destruição do Hospital Nossa Senhora de Fátima e assim foi acontecendo sucessivamente. Chorei muito quando vi que derrubaram o Museu, e chorei mais ainda quando o Ministério Público foi lá e viu em que situação o acervo estava, tanto o arqueológico quanto o da antropologia. Tudo deteriorado e mal acomodado. Isso é terrível”,
desabafou.
Em maio desse ano, o prédio do Museu Integrado de Roraima, antes localizado no Parque Anauá, zona Leste de Boa Vista, foi demolido pelo governo após 12 anos de abandono. Ficavam expostos no local materiais arqueológicos, peças de arte, entre outros. Para especialistas consultados a demolição do prédio simbolizou o descaso com a história do estado.
Preservação
A Casa Petita Brasil é o patrimônio histórico que mais teve suas características originais preservadas. A conservação do casarão hoje é feita por Luiza Carmem Brasil, a Petita Brasil – neta de Bento Brasil, que construiu a casa, ela mora na residência imponente às margens do rio Branco.
A Casa Petita Brasil foi tombada pela Prefeitura de Boa Vista, por meio do decreto nº 2614 de 1993. Apenas a Prelazia foi tombada em 1990, pela Lei n° 231.
*Por João Gabriel Leitão e Rayane Lima, do g1 Roraima