Edição 2023 do concurso também elegeu o primeiro Mister Indígena Roraima.
Jogadora de vôlei e estudante de fisioterapia, a jovem Kellyane Melquior Messias, de 18 anos, foi eleita Miss Indígena Roraima 2023 em cerimônia no Teatro Municipal de Boa Vista no dia 15 de julho. Kellyane é do povo Macuxi e assumiu o posto que até então pertencia a Mari Wapichana.
Com o título, Kellyane se tornou a 2ª roraimense escolhida no Miss Indígena Roraima. Ela representou o município de Uiramutã e subiu ao palco usando o nome indígena de Tukuipa, que significa beija-flor em Macuxi. A jovem mora com a família mora na comunidade Ticoça.
A primeira edição do concurso ocorreu em setembro de 2021, quando Mari Wapichana foi eleita. No ano seguinte não teve a disputa, que voltou este ano com uma novidade: pela primeira vez elegeu um jovem como Mister Indígena Roraima. O escolhido foi Israel da Silva Oliveira, de 24 anos, do povo Macuxi.
Kellyane venceu a disputa entre oito candidatas que participavam. Os sete jurados analisaram quesitos como conhecimento da cultura dos povos indígenas e desenvoltura no palco usando o traje típico de cada povo que os candidatos representavam. “Só quero agradecer a todos. Obrigada jurados, obrigada a todos”, disse emocionada a nova miss logo após ser anunciada vencedora.
Mari Wapichana esteve presente e passou para a sucessora a faixa de vencedora do concurso. Além disso, também foi ela quem coroou o Israel, tendo em vista que ele é o primeiro ocupar o posto.
“Este título de Miss representa muito mais do que apenas a aparência externa. É um símbolo de força, confiança e representatividade. Durante o meu reinado, procurei desempenhar meu papel de forma positiva e inspiradora, promovendo a valorização da mulher indígena, quebrando estereótipos, mostrando que a mulher indígena não tem um padrão e que nós povos indígenas podemos ser o que nós quisermos!”,
disse Mari, no discurso de despedida.
No Miss Indígena não existe a tradicional coroa entregue aos vencedores de concursos de beleza mundo afora. Neste caso, como forma de marcar a cultura e tradição indígena, foi entregue um cocar para Kellyane e Israel. A peça representa os 11 povos indígenas do estado: a pena maior significa o vencedor do concurso, as duas penas médias representam o 2° e 3° lugar, e o restantes completam os povos.
O concurso de Miss e Mister Indígena Roraima deste ano foi realizado pela Associação Estadual Indígena Dunui Sannau, que tem como presidente o Márcio Alexandre da Silva, do povo Wapichana.
“A importância desse concurso é para resgatar e valorizar a cultura dos nossos ancestrais, saberes, a língua materna de cada povo, e conhecimento tradicionais dos nossos povos indígenas de Roraima. Não queremos que nossa cultura acabe, é preciso mantê-la em pé com firmeza, para que as novas gerações possam ter conhecimento e aprender do que é a cultura indígena e praticar no dia a dia. Através do concurso Miss & Mister Indígena Roraima a juventude indígena possam ter a oportunidade e levantar a sua bandeira de sua comunidade indígena e de seu município”, disse Márcio Alexandre.
Márcio informou que ano que vem o concurso passará a se chamar “Beleza Roraima Indígena”. O concurso prevê, em até 60 dias, o repasse dos seguintes prêmios: R$ 2 mil para o primeiro lugar, R$ 1,2 mil para o 2º e R$ 700 para o 3º, tanto de miss quanto de mister.
Em 2º lugar no concurso de Miss Indígena ficou a candidata Ariane Melquior, de Pacaraima, e em 3º, ficou Danielly Carneiro Macedo, de Normandia. No Mister, Thomas Amiyu Almeida Cavalcante, de Uiramutã, ocupou o 2º lugar e Álex da Silva Tobias, de Caracaraí, em 3º.
Kellyane Melquior Messias participou do concurso como miss Uiramutã. Roraimense, ela vive com a família na comunidade Ticoça, no mesmo município. Jogadora profissional de vôlei, ela foi campeã brasileira de seleções sub 16 e 18, segundo a organização do evento.
Além disso, estuda fisioterapia na Universidade Paulista, onde vai para o segundo semestre. No ano passado, venceu o concurso Garota Paiuá 2022 – disputa que ocorre todos anos durante o Festejo de Uiramutã.
O 1º mister indígena
O primeiro mister indígena Israel da Silva Oliveira é do povo Macuxi, e tem 24 anos. Ele estuda licenciatura em Geografia na Universidade Federal de Roraima. Seu nome indígena é Kono, que significa Chuva em Macuxi. Israel representou o município de Normandia, onde vive com a família na comunidade Xumina.