Tudo começou com um grupo de amigos, que no início na década de 90 se reuniu em um bar na zona leste de Manaus (AM) e, no dia 1° de maio de 1993 criou o Boi Bumbá Galante, um dos seis bois da capital amazonense.
Ao Portal Amazônia, o cofundador e atual vice-presidente do Boi Galante, Gelson Tavares, relembra:
“Naquela época, existiam muitos jovens no Zumbi [bairro], mas não havia um festival. Até tinha muita quadrilha, mas não tinha boi-bumbá. Aí nós resolvemos criar um boi, né? Cheguei com o presidente, que é o Gilson Nascimento, e decidimos botar um boi no nosso bairro para animar as crianças, os jovens, os adultos também, para agitar a cultura do nosso bairro”.
Assim, com o intuito de gerar entretenimento aos moradores na região, que o Galante surgiu e se desenvolveu. Originalmente o boi possuía as cores vermelho e amarelo, mas, devido à rivalidade entre azul e vermelho dos bois Caprichoso e Garantido, o azul foi inserido como cor oficial.
“Tinha um pessoal da diretoria que era [torcedores] Garantido e Caprichoso, aí começou a discussão. Alguém disse: ‘Por que não coloca o azul também?’. E quando o boi migrou para a Praça 14 [bairro], outro colega sugeriu a mesma coisa e então colocamos a cor azul. Vermelho, amarelo e azul, esse é o Boi Galante”, explicou o vice-presidente.
Do Zumbi dos Palmares para a Praça 14
Da Zona Leste para a Zona Sul: a história do Boi Galante é marcada por uma transição de bairros. Gelson explica que, ele e Gilson já eram, na época, artistas plásticos e trabalhavam com outros eventos.
“Surgiu um serviço pra gente em Fonte Boa [município amazonense] e nós demos para paralisada no boi. Quando a gente voltou de lá, não tinha mais aquela população toda, brincantes, um foi pra um canto, outro foi para outro. Tentamos botar de novo lá, mas não tinha mais aquele engajamento. Como conhecíamos o pessoal da Praça 14 [bairro], a gente botou na Praça 14 que desde então acolheu a gente nessa luta”.
Segundo Gelson, atualmente, existem cerca de 50 pessoas trabalhando diretamente no Boi Galante. Artistas de alegoria, costureiras, soldadores, além, é claro, dos itens.
Estreante no Boi Galante e no Festival Festival Folclórico do Amazonas, Vitória Leite é a porta-estandarte do bumbá tricolor em 2024. Contudo, desde criança já estava inserida em festivais e na cultura amazônica.
“Esse é o meu primeiro ano no Galante, mas já venho de outros festivais do interior da Amazônia. Eu sou dançarina atualmente do Corpo de Dança Caprichoso, aqui de Manaus. E através dos grupos de dança, nós sempre somos indicados para ser item, como eu fui em Maués, na Vera Cruz e também fui no interior do Pará, numa cidade chamada Maracanã. Então eu já tenho aí uma certa experiência, mas não tive ainda como porta-estandarte. Esse ano eu está sendo mais desafiador porque eu estou me descobrindo com esse item”, revelou Vitória.
O Boi Galante está atualmente na categoria Master B do Festival Folclórico do Amazonas.