Boi de Rua: tradição, memória e orgulho azul tomam as ruas de Parintins

A celebração revive os tempos em que o boi saía para dançar em frente às casas das famílias parintinenses e, em 2025, ação inédita foi realizada.

Foto: Aguilar Abecassis/SEC-AM

As ruas de Parintins (AM) se preparam todos os anos para receber o tradicional Boi de Rua, evento que há mais de duas décadas integra o calendário oficial da nação azulada. Criado oficialmente em 2001, mas inspirado em manifestações espontâneas da década de 1980, o cortejo mantém viva a essência popular do boi-bumbá Caprichoso, com tambores, alegria e muita emoção tomando conta dos bairros da cidade.

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Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

A celebração revive os tempos em que o boi saía para dançar em frente às casas das famílias parintinenses, especialmente daquelas mais tradicionais, levando cultura e identidade de porta em porta.

Acompanhado por personagens típicos, cavalinhos da vaqueirada, itens alegóricos e a inconfundível Marujada de Guerra, o cortejo se transforma em um espetáculo a céu aberto, que une religiosidade, memória e resistência cultural.

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Moradores dos bairros Palmares e Francesa se prepararam para receber o Boi de Rua. Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

Neste ano de 2025, o evento ganha contornos ainda mais emocionantes com duas concentrações. Uma delas, realizada desde cedo na casa da torcedora Iuziney Cruz, localizada no ‘Esconde’, no bairro Francesa, reduto histórico da galera azul. Para ela, o local é símbolo da paixão da sua família pelo Caprichoso.

“O Esconde é o nosso reduto azul. Aqui tem nossas matriarcas, uma família grande e unida, apaixonada pelo boi. É aqui que começa a festa”, disse Iuziney, que é filha do saudoso Pirolote, antigo tocador de xeque-xeque da Marujada.

Para muitos, a passagem do trio elétrico também desperta lembranças marcantes. Iuziney se emociona ao falar de uma edição especial do evento: “Quando Arlindo Júnior passou por aqui puxando o trio foi inesquecível. Ele interagia com a gente, fazia festa com a rua. Deixou saudade, mas temos que manter essa tradição viva”.

O Esconde é o berço do bumbá Caprichoso em Parintins. Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

O cantor e ex-apresentador do Boi Caprichoso, Júnior Paulain, destaca o papel simbólico da festa: “O Boi de Rua nasce desse sentimento de resgate, de retomada. É o boi popular, que passa na frente das casas das pessoas que fizeram, e ainda fazem, o Caprichoso ser o que é”.

Paulain relembra com carinho o momento mais tocante do cortejo: a chegada do boi à Catedral de Nossa Senhora do Carmo.

“Apesar de ser uma festa profana, tem um lado muito espiritual. Chegar à catedral é pedir as bênçãos, é um momento de fé e muita emoção. A gente canta a toada ‘Matriarca’ e se arrepia”, contou ao Portal Amazônia.

Casas são enfeitadas para receber o Boi de Rua há poucos dias do início do festival. Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

E a nação azul e branca viveu, na noite deste sábado (21), uma das mais emocionantes e grandiosas edições do tradicional Boi de Rua do Caprichoso. Com a dose dupla, em concentrações simultâneas nos bairros Palmares e Francesa, o evento reuniu centenas de torcedores apaixonados pelo Touro Negro nas ruas da cidade.

Assim como na Francesa, no bairro Palmares a movimentação também começou cedo em frente ao ginásio ‘Seo Jovem’, onde torcedores, moradores e integrantes da Marujada se reuniram em clima de festa. Cada ponto contou com sua própria estrutura, com trio elétrico, banda e grupo de Marujada, criando uma atmosfera única e contagiante.

Passagem do boi pela Avenida Amazonas animou o público que aguardava. Fotos: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Os dois cortejos partiram por volta das 20h e se encontraram no cruzamento da Avenida Amazonas com a Rua Rio Branco, onde se unificaram em um só bloco que tomou conta das ruas centrais da cidade. O percurso seguiu pela frente da Catedral e contornou o Bumbódromo até chegar ao Anfiteatro Sila Marçal, onde a celebração do boi-bumbá da estrela na testa seguiu animada pela galera que começa a encher a ilha da magia (cujo apelido, a cada ano, se faz mais verdadeiro).

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