60 bioinstrumentos já foram catalogados. Foto: Reprodução/Site oficial Grupo Imbaúba
O músico, cantor, escritor e poeta amazonense Celdo Braga é um multiartista reconhecido por sua contribuição cultural na Amazônia levando a arte regional para o mundo. E muito mais que isso: Celdo contribui também com a criação de bioinstrumentos, instrumentos musicais produzidos com material amazônico e inspirados na floresta e a musicalidade da mesma.
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Ele reuniu as criações no livro ‘Bioinstrumentos amazônicos’, em conjunto com outros músicos da região, totalizando 60 bioinstrumentos originais e adaptados.
O trabalho une a literatura- no livro que explica a trajetória do poeta e a criação dos bioinstrumentos – com a tecnologia – usando QR Codes que levam o leitor direto para o canal no Youtube onde é possível ouvir cada instrumento.

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Elementos como a cuia, usualmente vista apenas como um utensílio diário, conforme pontua o autor na obra, são transformados em ferramentas musicais após pesquisas relacionadas à sonoridade e aperfeiçoamento dos sons. Celdo inclusive participa da iniciativa que leva a arte amazônica para a COP30, em Belém.
No total, são 60 bioinstrumentos catalogados, mas confira aqui 12 dos bioinstrumentos amazônicos:
Canção de fogo
Cuia com varetas de churrasco, fixadas no tampo de meia cuia, atadas em barbante.
Autor: Celdo Braga.
Buzina de barco
Lâmina de látex para ser soprada num ângulo especial sobre a borda da cuia.
Autor: Celdo Braga.
Chuva de cuia
Meia cuia xom tampo de papel e, na parte interna, um mecanismo de talas e missangas.
Autor: Celdo Braga.
Iaçá
Três espetos de churrasco com caroços de manga nas extremidades, fincados em rolhas de cortiça sobre meia cuia.
Autor: Celdo Braga.
Saporeca
Cuia inteira com quatro ou cinco aberturas circulares com diâmetros diferentes ao longo da cuia, para ser tocada em um balão inflado internamente. Ao seco, imita o canto do papagaio, da curica; molhado, imita os vários coaxares de sapos e pererecas.
Autor: Celdo Braga.
Tricó
Três cuias ao meio fixas num cabo de vassoura, com buracos no fundo empapelados, servindo como pele de vibração.
Autor: Celdo Braga.
Cigarra
Pedaço de palmeira jupati escavado, com abertura lateral e as extremidades cobertas por papel madeira. O mecanismo sonoro acontece a partir da fricção de um cordão de tucum girando em um pedaço de madeira roliça.
Autor: João Paulo.
Tucuaci
Caroços de tucumã cravados no interior da estipe de açaizeiro.
Autor: João Paulo.
Macaco-prego
Confeccionado com sementes de cumaru, dispostas em duas varetas metálicas, fixadas sobre uma base de madeira, com suporte de cuia que potencializa sua projeção acústica.
Autor: Eduardo Mendes Gomes.
Tambor d’água
Instrumento de origem africana, adaptado pelo Grupo Gaponga para ser tocado com duas bandas de cuia, cujas bordas são revestidas com emborrachados para garantir a flutuação na água. É montado no interior de uma capemba (curuatá) de palmeira inajá, apoiada sobre uma banqueta de madeira.
Autor: adaptado pelo Grupo Gaponga.
Trivo
Instrumento de três cordas, afinado na escala natural. Suas cordas são ‘dó’, ‘sol’ e ‘mi’ (da grave à aguda). O seu corpo e braço são feitos de madeira e as suas tarrachas são de metal. Suas cordas são de náilon, porém possui uma variante em cordas duplas de aço, chamado trivo duplo. O desenho de seu corpo é em forma de remo, o que representa a cultura da Amazônia.
Autor: produzido por Bero Vidal.
Pata de onça
Produzido com um mecanismo em molas e sementes de cumaru fixadas em uma estrutura de madeira, que sugere o formato da pata da onça-pintada.
Autor: Eduardo Mendes Gomes.
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