Conheça 6 artistas independentes de MPB da Região Norte

Fora do eixo Sul-Sudeste, os artistas do Norte enfrentam desafios em termos de visibilidade e oportunidades, mas vêm conquistando espaço graças às plataformas digitais e aos festivais.

Duo Chapéu de Palha. Foto: Divulgação

A nova geração da música popular brasileira (MPB) no Norte do Brasil está ganhando destaque com uma nova onda criativa que ultrapassa as fronteiras. Esses músicos estão experimentando uma fusão de gêneros globais, combinando a MPB com elementos de jazz, rock, pop e eletrônica e oferecendo uma nova leitura da produção artística brasileira.

Fora do eixo Sul-Sudeste, os artistas do Norte enfrentam desafios em termos de visibilidade e oportunidades, mas vêm conquistando espaço graças às plataformas digitais e aos festivais locais que impulsionam novos talentos. Nomes como Natália Matos, que mistura em suas canções ritmos latinos com o pop, e Luê, que combina bossa nova com beats contemporâneos, são exemplos dessa nova geração que está atraindo público tanto no Brasil como no exterior.

A diversidade desses artistas não se limita às influências musicais, mas também permeia as temáticas abordadas em suas letras, que dão voz às questões ambientais, sociais e culturais da região Norte.

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Nessa curadoria, vamos explorar o trabalho (EPs, singles ou álbuns) de seis artistas independentes de MPB da região Norte, que estão redefinindo os limites da música popular. Suas vozes e produções trazem a efervescência de uma cena artística rica em inovação, que carrega uma força cultural autêntica e singular:

Dan Stump – Céu Tropical

Cantor, compositor e diretor, o amazonense Dan Stump iniciou sua carreira musical em 2015 com a publicação de covers em vídeo. Desde então, vem conquistando seu espaço na cena independente. Seu primeiro álbum, Tudo Que Eu Penso São Palavras Perdidas Que Tento Organizar, explora suas paixões, tristeza, alegria, saudades e angústias. Em 2022, apresentou seu segundo álbum, Transe Tropical, que resgata suas raízes amazonenses e a produção contemporânea brasileira. Entre amores tropicais e despedidas, sua música se destaca ao mesclar sonoridades amazônicas com MPB e folk.

Gabriê – Até Onde Eu Posso Chegar

Gabrielle Junqueira, conhecida como Gabriê, nasceu em 1998 em Porto Velho, capital de Rondônia. Aos 15 anos, começou a postar vídeos na internet, interpretando canções próprias e de outros compositores, e venceu um festival de música na categoria autoral. Durante a pandemia de covid-19, lançou seu álbum de estreia, Até Onde Eu Posso Chegar, no qual apresenta onze faixas que abordam autoconhecimento, pertencimento e paixões, em harmonia com a apreciação da natureza. Em alguns versos, Gabriê celebra o amor, em outros, denuncia a luta amazonense por um respiro em meio ao fogo. Em “Da Beira”, a artista traz a urgência da realidade nortista, da resistência e da arte.

Soprü – Enquanto A Orquestra Não Vem

Formada em Palmas, no Tocantins, a Soprü é uma banda engajada na criação de experiências sonoras. Composta por Iuri Grooveman, Caio Paiva, Carvalho Samuel, Wellis Raik e Jesus, a Soprü começou suas atividades em 2018, inicialmente com a intenção de gravar um álbum, e se define como rock nortista, sem um gênero fixo, expressando a diversidade de suas influências. Com um estilo que mistura indie rock e psicodelia, seu álbum de estreia, Enquanto A Orquestra Não Vem, lançado em abril, traz oito faixas que combinam groove, melancolia e composições multirrítmicas, explorando temas de romances e libertação pessoal. As letras sobre ócio e dúvidas se entrelaçam com uma sonoridade que toca como o sol na pele.

Chapéu de Palha – Elo

Formado em março de 2019, o duo amazonense Chapéu de Palha, composto por Giovanna Póvoas e Helder Cruz, começou a sua trajetória publicando gravações amadoras de suas composições de voz e violão na plataforma SoundCloud. Em 2021, lançaram seu primeiro álbum, começando com o single “O Amor do Mundo Inteiro”, que foi acompanhado por um clipe gravado nas belezas naturais de Novo Airão (AM). A falta, a solidão e o vazio se contrastam com a paixão, as borboletas no estômago e o calor.  A religiosidade também se faz presente nas letras, com referências a Ogum e Oxum. O nome da dupla surgiu em 2019, quando uma amiga de Giovanna começou a cursar agronomia na UFAM e usou um chapéu de palha durante o trote. Ela achou a ideia incrível e decidiu adotar o chapéu, mesmo não sendo da turma.

Gabi Farias – Vazante

Gabi Farias é uma artista multidisciplinar amazonense, atuando como cantora, compositora, performer, professora de música e produtora. Com uma linguagem lúdica e nostálgica, seus trabalhos oferecem experiências sinestésicas que trazem memórias. Em 2019, lançou seu primeiro EP solo, “VAZANTE”, que narra histórias de partidas e incertezas, marcando o início de sua trajetória musical. Anos depois, lançou seu álbum de estreia, “ENCHENTE”, em 2021, apresentando a estética pop experimental por meio dos singles “Sóis” e “Olhos Negros (Devaneio)”. O álbum, que conta com onze faixas e dez participações, reflete a fluidez da água e proporciona uma experiência sonora imersiva, resgatando memórias e destacando suas vivências como mulher amazônida.

Reiner – ¿brasil PROFUNDO feat. Eliakin Rufino

Reiner é um músico e produtor da nova geração da música de Belém (PA), que combina tradições musicais brasileiras com influências globais. Sua carreira começou em 2016 com o EP “Filho da Nuvem”. Seu álbum de estreia, “ELÔ, continua essa jornada, misturando referências musicais e abordando temas sociais de relevância para a atualidade. Ao navegar pelas correntes de uma Amazônia futurista, Reiner cria um som que reverencia o passado e projeta um olhar inovador para o futuro, equilibrando elementos locais e globais. Suas composições combinam influências da música negra e indígena com guitarras que ecoam Sepultura e samples de Portishead, resultando em uma sonoridade envolvente.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Nonada Jornalismo, escrito por Melissa Sayuri

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