Profissionais participaram de atividades em reservas ambientais e comunidades do Rio Negro.
Mais de dez artistas do Brasil e outros países fizeram uma imersão na Amazônia durante dez dias. A atividade, promovida pelo LabVerde anualmente, começou no dia 3 de agosto e encerrou no domingo (13).
Os 13 artistas participantes passaram por diferentes pontos turísticos da Amazônia, como Reserva Florestal Adolpho Ducke, Hidrelétrica de Balbina, Baixo Rio Negro, Mosaico de Conservação do Rio Cuieiras e o Encontro das Águas.
Durante dez dias, eles também fizeram atividades de imersão em reservas ambientais e comunidades do Rio Negro. O Grupo Rede Amazônica foi convidado a participar de uma atividade realizada pelo projeto no dia 10 de agosto.
Na data, a programação contou com uma roda de conversa com o ornitólogo Mário Cohn-Haft, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), e passeio pelo Encontro das Águas.
Ecologias especulativas
A imersão é realizada pelo projeto Ecologias Especulativas, promovido pela plataforma LabVerde em parceria com o Inpa. Entre os nomes que apoiam a iniciativa estão o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a University of the Arts London e a Embaixada da França no Brasil.
Nos dez dias de imersão, os artistas receberam hospedagem, passagem, alimentação, além de ajuda de custo de R$ 3 mil, para desenvolverem pesquisas na área das artes.
Além dos passeios, o grupo participou de palestras, workshops, expedições e debates para aprofundar o conhecimento sobre a diversidade da Amazônia.
Renovação criativa
Os artistas ficaram hospedados em um barco. O manauara Dayrel Teixeira afirmou que as atividades estimularam uma renovação criativa.
“Essa imersão tem sido a maior da minha vida. É uma experiência única que provavelmente ninguém terá novamente. Conhecer locais com outros artistas, tem me proporcionado momentos que me inspiraram e vão impactar na minha renovação criativa”,
disse.
Para Dayrel, a visita ao Cemitério das Árvores, em Balbina (Presidente Figueiredo), está entre os destaques do passeio.
“Eu senti uma energia inexplicável quando entrei no rio. Tantos animais, insetos e outros seres morreram ali, sabe? Eu me conectei com essa energia que me fez refletir sobre a vida. Foi um momento marcante, que eu nunca vou esquecer, levarei comigo”,
disse.
Troca de experiências
A artista paraense Laiza Ferreira, que trabalha com colagens fotográficas sobre eventos amazônicos, destacou a troca de experiência com outros artistas.
“Sou do Pará, aqui do lado. Mas mesmo com essa proximidade, essa é a minha primeira vez no projeto. Eu já conhecia o projeto através das redes sociais, inscrevi meu projeto e fui selecionada”, afirmou. “Conhecer vários outros artistas internacionais e ver como eles enxergam a Amazônia, é algo surreal. Eu precisava disso e estou feliz demais em passar por essa experiência”, completou.
Participantes
O projeto contou com a participação de 13 artistas de diferentes segmentos, como fotografia, dança, música entre outros:
- Dayrel Teixeira – artista visual de Manaus, escritor e ativista das periferias
- Rudy Loewe – natural de Londres, utiliza pintura e desenho para construir espaços de troca entre comunidades negra, queer e trans.
- Sioduhi – do Povo Piratapuya de São Gabriel da Cachoeira (AM), é designer de moda, pesquisador e pesquisa técnicas de tingimentos naturais
- Diane Burko – artista americana, cuja prática está situada na interseção entre arte, ciência, meio ambiente e engajamento político
- Laiza Ferreira – de Ananindeua (PA), é artista visual e trabalha com colagens fotográficas evocando o tempo e o espaço da Amazônia
- Rulan Tangen – bailarina americana, cria performances e coreografias mesclando cosmologias ecoculturais, enraizadas em corpos como fonte de saber
- Walla Capalobo – performer mineira, seu trabalho como investigadora e artista caracteriza-se pela incorporação da vida e da regeneração
- Juan Ferrer – designer multimedia chileno, criado do “Museo del Hongo”, cujo trabalho enfatiza a emoção pela ciência e paixão pela arte
- Vagné L. – artista, produtor musical, mobilizador cultural e pesquisador baiano, dedicado à música experimental, design, composição e livecoding
- Yoichi Kamimura – original do Japão, é artista sonoro e observa a relação entre a emoção evocada pela natureza em paisagens musicais
- Maria do Rio Negro – é artista visual e performer de Manaus, com foco em linguagens híbridas entre a fotografia, instalação e happening
- Denise Ackerl – artista austríaca, investiga estratégias de resistência a partir de uma perspectiva da performance feminista
- Ingrid Weyland – é fotógrafa Argentina, explora a forma, a imagem e a composição sobre a fragilidade dos ecossistemas
- Laryssa Machada – artista visual de Porto Alegre, constrói imagens enquanto rituais de descolonização, trabalhando com LGBTQIA+’s, indígenas, povo da rua, caminhando pela desinvasão brazil enquanto prática de educação visual.