Festa carnavalesca foi criada na década 60 a partir da amizade de José Figueiredo de Souza, o ‘Savino’, e outras personalidades do Estado
Entre os amapaenses, não há outra pedida na tradicional terça-feira de Carnaval. Ainda nas primeiras horas do dia, os foliões já se preparam para desfilar pelas ruas de Macapá na ‘A Banda‘. O bloco criado na década de 60 nasceu de um movimento de resistência e amizade entre personalidades irreverentes do Amapá.
“Fomos reunindo e o movimento foi aumentando e estamos aqui até hoje. A Banda faz parte da história do Amapá, ela é do povo! Sinto a alegria disso, nós sabemos levar a alegria para a população”,
destacou.
Savino, Amujacy Borges Alencar, Jarbas Gato, Zequinha do Cartório e outros amigos, como bons amantes de carnaval, resolveram sair pelas ruas da capital ao som da canção que fala sobre a energia contagiante do mês de fevereiro.
A música que intitula o bloco acompanha versos que, para aquela década, eram considerados ofensivos aos militares.
“Mas para meu desencanto o que era doce acabou. Tudo tomou seu lugar depois que a banda passou e cada qual no seu canto, em cada canto uma dor depois da banda passar cantando coisas de amor”,
diz a canção.
Segundo Helder Carneiro, um dos membros do bloco, quando o grupo pensou em passar pela tradicional Avenida FAB, os militares fecharam o trecho em frente ao antigo Palácio do Governo, com medo de uma revolta por parte dos foliões.
“Na época, os militares tinham medo de uma revolta que ameaçasse o poder, então, como o bloco vinha com o nome ‘A Banda’, em homenagem à música da Nara Leão, os soldados fecharam o trecho onde hoje fica a sede do Ministério Público, na Avenida FAB. Na época, isso foi o gás que o bloco precisava, eles bateram o pé e disseram: ‘pois ano que vem nós vamos sair de novo’, e isso já dura 59 anos”,
relembra Helder Carneiro.
Quem são os bonecos do ‘A Banda’?
O primeiro boneco criado foi na verdade uma figura feminina, a ‘chicona’. Ela foi uma enfermeira muito conhecida na década de 1960, e sua boneca foi levada em uma das edições por um folião conhecido como Cutião, que todos os anos estava no bloco.
“Depois disso, surgiram outros bonecos, como o Anhanguera, que homenageia Wanderlei, antigo folião. Ele vinha sempre da Jovino Dinoá e encontrava a Chicona na esquina da escola Alexandre Vaz Tavares. Lá, o professor Munhoz uma vez decidiu casar os dois, que tiveram um filho: o Sacaca, o terceiro boneco”, relembra Helder.
Desta união, outros filhos nasceram. Atualmente, o bloco conta com nove bonecos. Para caracterizar cada personagem é gasto cerca de R$8 mil reais, por isso Salvino brinca: “Ter filho é muito caro, então operamos a Chicona”.
Em 2024, A Banda sai na terça-feira (13) e pretende arrastar estima reunir cerca de 150 mil pessoas em Macapá.