Quem explica é a professora doutora Luisa Galvão Lessa Karlberg – presidente da Academia Acreana de Letras.
Desde 2017, o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa está em vigor. Acentos, hífens, trema e algumas grafias sofreram alterações. Uniformizando por exemplo, o sufixo ‘-eano’ para ‘-iano’. Neste sentido, quem nasceu no Acre é acreano ou acriano?
Quem explica é a professora doutora Luisa Galvão Lessa Karlberg – presidente da Academia Acreana de Letras.
“A Academia Acreana de Letras compreendeque o gentílico acreano é forma consagrada pelo uso regional desde o século XIX. Documentos e obras históricas registram isso, como o Folheto Unitas, publicado em 1900”, disse.
“Um gentílico não se muda por força de Acordo, Decreto, Lei, porque um gentílico pertence à população do lugar, é nome sagrado que se guarda como um tesouro raro, que dá voz ao adjetivar um povo. E nesse particular, consagrou-se no meio linguístico, em todos os tempos, as sábias palavras do grande gramático Fernão de Oliveira (1536) que ‘os homens fazem a língua, e não a língua os homens’. Assim, segundo o mestre, ‘cada um fala como quem é’. E, aqui, no extremo oeste do Brasil a população é acreana, desde o nascimento”, ponderou.
Sobre a situação de como a população percebe a mudança, a professora esclarece que foi feita uma consulta popular no Estado e não percebe conflitos entre a população.
“No Acre o Governo, por meio de uma consulta popular, consagrou o gentílico ‘acreano’ em armas e brasões do Estado. Desta forma, nos concurso estaduais e nas escolas deve prevalecer a forma consagrada pelo uso: acreano. Também creio não haver conflitos em meio à população, considerando que a população aderiu a grafia ‘acreano’ ao invés de ‘acriano’, disse.
“O próprio Acordo diz que os nomes registrados e aqueles que guardam tradições e costumes permanecem inalterados. Por tudo isso, as Ciências Humanas, por mais magníficos e atraentes que sejam seus argumentos lógicos e dialéticos, não propiciam arcabouço seguro para tirar dessa terra acreana o seu gentílico consagrado: acreano. Dito isso, conclamo os acreanos à preservação do nosso gentílico em todos os meios de comunicação, com maior força nas redes sociais”, concluiu.