6 museus para conhecer a cultura e história indígena na Amazônia Legal

Além de mostrar características únicas, um museu indígena ajuda na preservação e na valorização de identidade de povos originários.

Os museus são importantes instrumentos de preservação da memória cultural de um povo e responsáveis por parte de seu patrimônio material ou imaterial. Por isso, é de extrema importância a existência de museus e espaços ou centros culturais na Amazônia destinados aos povos indígenas.

Além da compreensão da história, um museu indígena ajuda na preservação e na valorização de identidade de povos que por séculos foram massacrados e subjugados, mas possuem um valor enorme na história do país, tanto na construção cultural e imaterial, quanto na preservação do meio ambiente.

O Portal Amazônia encontrou seis museus na Amazônia Legal que homenageiam os povos originários. Confira:

Museu do Índio (Manaus/AM)

Com um acervo de mais de três mil peças produzidas por tribos da Amazônia, o Museu do Índio de Manaus é o maior e mais amplo museu da história indígena do Brasil.

O museu foi fundado em 1952, em uma ação atribuída à irmã missionária Maddalena Mazzone. Entre os objetos encontram-se utensílios domésticos, armas, adornos e instrumentos musicais.

O acervo está distribuído em seis salas que apresentam materiais que contam sobre o modo de vida indígena na região e foi construído durante as missões Salesianas em meio as etnias dos índios Tukano, Yanomani e outros. 

Algumas das peças expostas no museu são peças centenárias e foram doadas por arqueólogos. Além disso, possui uma pequena biblioteca, voltada para a temática dos povos indígenas. O espaço está aberto ao público. 

Centro Cultural dos Povos da Amazônia (Manaus/AM)

Inaugurado em 21 de maio de 2007, o Centro Cultural dos Povos da Amazônia (CCPA) é um espaço que visa valorizar, fomentar e disseminar as informações sobre os países da Amazônia Internacional.

O complexo cultural disponibiliza acesso à pesquisa, por meio dos acervos localizados no Memorial e Biblioteca Mário Ypiranga Monteiro, Biblioteca Arthur Reis, e no Centro de Documentação e Memória da Amazônia. 

O Memorial e Biblioteca Mário Ypiranga Monteiro conta com 15 mil volumes. O acervo é constituído de obras raras, coleções especiais e livros de sua autoria nas áreas de geografia da Amazônia, cultura popular e folclore. 

O Centro Cultural conta diversas exposições de fotografia, cultura dos povos tradicionais, obras de arte e cultura popular. Abriga também o Museu do Homem do Norte (Muhno), que possui um acervo de 4.116 peças e a Coleção Noel Nutels, médico sanitarista que se dedicou ao trabalho junto aos povos indígenas no Parque do Xingu.

Nas dependências do Muhno há o Cine Silvino Santos, que homenageia o cineasta português que levou as primeiras imagens da Amazônia para a Europa. Nele são exibidos diariamente documentários e filmes sobre o universo amazônico.

No mezanino que pode ser visto do hall, há a Passarela dos Arcos, uma exposição que representa através de imagens os povos tradicionais das diversas etnias dos nove países integrantes do bioma amazônico, com informações básicas sobre eles e também dos povos que os representam.

Museu Paiter A Soe (Cacoal/RO)

O Museu Paiter A Soe (ou ‘Museu das Coisas dos Paiter’) foi criado pelo povo indígena Paiter Suruí. Localizado na aldeia Gapgir, a 60 km da cidade da cidade de Cacoal, em Rondônia, o local busca promover e divulgar como viviam os indígenas Paiter antes do final da década de 1960, data do primeiro contato com os não-indígenas. 

Criado em 2016, é um espaço onde os indígenas mostram seus artefatos de cultura material com intuito de desmistificar preconceitos, divulgando o Patrimônio Cultural.   

A primeira aversão física do museu utilizou o modelo arquitetônico Paiter com materiais da floresta, como a palha do babaçu e o cipó de embira. Além de divulgar a cultura Paiter, o museu tem como objetivo estimular mulheres Paiter na produção de artesanatos e gerando renda familiar, além de promover ações de educação patrimonial para o público interno e externo (escolas, universidades, etc).

Foto: Divulgação/Secretaria de Turismo do Estado de Rondônia

Museu Kuahí dos Povos Indígenas do Oiapoque (Oiapoque/AP)

A iniciativa de criar o museu partiu de quatro etnias que habitam o extremo Norte do Brasil, na fronteira com a Guiana Francesa: palikur, galibi kali’na, karipuna e galibi marworno. 

Gestado desde o final da década de 1990, o espaço nasceu em 2007 com o objetivo de dar visibilidade à cultura indígena e funcionar como um centro de referência, memória, documentação e pesquisa para os indígenas da região.  

Outra meta é estreitar os laços daqueles povos com os moradores da cidade de Oiapoque. Desde o início, o Museu Kuahí (palavra que se refere tanto a um peixe amazônico quanto a um padrão gráfico utilizado na decoração de artefatos locais) é comandado pelos próprios indígenas.

A coleção conta com mais de 300 peças com itens de uso cotidiano e esculturas de madeira do povo palikur relacionadas à astronomia indígena. O museu conta ainda com duas salas de exposições, auditório, sala de pesquisa bibliográfica e audiovisual, sala de atividades pedagógicas e loja de artigos indígenas.

Foto: Divulgação

Memorial dos Povos Originários da Amazônia Verônica Tembé (Belém/PA)

Esse memorial é o primeiro espaço dedicado exclusivamente à promoção, valorização e difusão da cultura material e imaterial dos povos indígenas no Pará: o Memorial Verônica Tembé, na área da antiga Casa da Mata, no Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna. 

O Memorial abrange a Região Norte e Centro-Oeste. São 168 itens de um acervo de 1700 peças que constituem o acervo do índio, que hoje está sob a guarda do sistema integrado de museus.

Museu dos Povos Indígenas da Ilha do Bananal (Ilha do Bananal/TO)

O Museu dos Povos Indígenas da Ilha do Bananal é um marco para os indígenas da região da Ilha do Bananal, em Tocantins. Adornado com pinturas tradicionais do povo Iny, o museu conta com acervo de 43 peças produzidas pelos próprios artesãos Javaé e Karajá. 

Destacam-se peças em cerâmica, roupas usadas em rituais e uma canoa. A casa dispõe de espaço para exibição de vídeos sobre a cultura e a língua do povo Iny, bem como material sobre a história e os aspectos culturais do município. Conta ainda com uma loja para venda de produtos artesanais.

Foto: Divulgação/Guia das Artes

Exposições e projetos

Na busca pelos museus indígenas nos demais Estados que compõem a Amazônia Legal, o Portal Amazônia não encontrou outros locais específicos. Contudo, no Acre, por exemplo, peças estão expostas ao público no Museu José de Alencar, em Cruzeiro do Sul, para mostrar um pouco da história de luta e conhecimentos dos povos indígenas do vale do Juruá, que com a colonização do homem branco para a extração da borracha durante a segunda guerra mundial, os indígenas saíram da região.

Já em Roraima, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Roraima (Faperr) realizou, em outubro de 2022, uma audiência pública sobre a estruturação de um museu indígena na Universidade Federal do Estado. Atualmente, segundo nota, o  projeto está em andamento.

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