Robótica ganha cada vez mais espaço em Manaus; conheça projetos premiados

A tecnologia tem ganhado cada vez mais espaço em nosso dia a dia, e o desenvolvimento de novas técnicas e estratégias voltadas para essa realidade é um dos caminhos da robótica, que é o ramo da Ciência, Engenharia e Tecnologia que une eletrônica, mecânica e computação para desenvolver máquinas capazes de realizar atividades programadas.

Foto: Divulgação/Ifam

Os robôs já são essenciais na indústria e fábricas, onde muitas funções são desempenhadas por eles, reduzindo custos e aumentando a produção. Na área da saúde, os robôs também têm ganhado espaço, inclusive em cirurgias, onde são orientados por cirurgiões, através de controle remoto ou comando de voz, durante o procedimento médico. E, para o público em geral, eles estão chegando, principalmente, para desempenhar tarefas domésticas, como aspiradores de pó e cortadores de gramas robóticos.

Essas mudanças, segundo especialistas, fazem parte da Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0, que é um conceito que engloba inovações tecnológicas em controle, automação e tecnologia da informação, aplicado aos processos de manufatura. Nesse cenário, o conhecimento tem sido prioridade para o desenvolvimento de novas máquinas e mudanças nos processos de produção.

“O termo ‘Indústria 4.0’ é uma forma popularizada de se referir ao que também tem sido popularmente chamado de ‘Quarta Revolução Industrial’, que é, de fato, uma grande mudança de paradigma no processo de produção e de formação de riquezas através de manufatura e manipulação de bens, com a participação extremamente decisiva da Inteligência Artificial. Portanto, não é simplesmente o aumento de automação das empresas, e sim uma automatização, mas com uma coordenação baseada em percepção automática, com um computador que possa perceber todos esses dados, analisá-los, prever os problemas e já antecipar as ações”, explica o professor doutor Waltair Vieira Machado, pró-reitor de Inovação Tecnológica da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Foto:William Costa/Portal Amazônia

Ainda segundo o professor Waltair, a Indústria 4.0 prevê melhorias nos processos de produção e as empresas precisam estar atentas para não desaparecerem com essa nova onda.”As empresas precisam acordar, se atentar para a importância do momento. A modernização do processo fabril e produtivos não tem volta, ela veio para ficar. As empresas que assim perceberem e se modernizarem terão mantidas as suas possibilidades de sobrevivência e de crescimento, enquanto outras que não enxergarem, infelizmente tenderão ao desaparecimento. Esses paradigmas tecnológicos quebrados, normalmente geram uma quantidade muito maior de oportunidades, e é nessa perspectiva que precisamos encarar e contribuir para que a sociedade melhore, tenha bons produtos, de melhor qualidade, mais baratos, e com muito mais oportunidade para do entrelaçamento de novas atividades geradas por essas novas tecnologias”, ressalta.

A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) é pioneira em ofertar o primeiro mestrado com ênfase em Indústria 4.0 da região.

Robótica Educacional

Como tentáculo dentro da Indústria 4.0 está a robótica, que alia ciência e técnica da concepção, construção e utilização de robôs. No processo de ensino-aprendizagem da robótica, há várias instituições públicas e privadas, além de fundações, que atuam nessa frente. Segundo a professora especialista em Engenharia de Software, Micila Sumária, do Instituto Federal do Amazonas, campus Manaus Distrito Industrial (IFAM-CMDI), um dos principais pólos de tecnologia na região, a robótica educacional ainda é tema de debates no Brasil.

“A robótica é uma forma de auxílio à educação, e é um dos grande debates no país, pois em outros países já foram superados, quando as pessoas conseguiram ter acesso à computadores, internet e educação de qualidade em escolas equipadas. No Brasil, a robótica é um laboratório que consegue produzir educação em um ambiente multidisciplinar”, disse.

Foto:Divulgação/Ifam

Ainda segundo ela, a robótica é fundamental no desenvolvimento da criança que tem o contatos a partir dos 8 anos de idade.

“A máquina é capaz de mudar a forma de aprendizado das crianças, considerando que ela se dá por meio de criação, reflexão e depuração das ideias, e influencia muito na visão das crianças e nas metodologias das escolas, no incentivo e educação de disciplinas básicas à essa metodologia, é um auxílio no ensino do aprendizado, e como ela é um objeto do aprendizado”, ressalta a professora.

Iniciativas educacionais

Em Manaus, uma das iniciativas de inovação tecnológica é desenvolvida pela ControlBot, que ministra aulas de robótica para crianças. O professor Thiago Cauassa, licenciado em informática pela Universidade do Estado Amazonas (UEA), coordena o projeto.

“Realizamos aulas de robótica educacional através de parcerias com ótimas tecnologias educacionais internacionais como a LEGO (r) Education, Otto DIY, e Fundação Micro:bit. E usamos a tecnologia para criar soluções para a sociedade, é sempre pensar no bem estar da sociedade. Consumidor já temos bastantes, precisamos criar construtores, inventores”, disse.

Entre os projetos desenvolvidos pelos pequenos, está uma pulseira que pode ser usada por qualquer um, e quando se sentir triste, é só apertar o botão que ela forma uma carinha de feliz. Outro projeto desenvolvido com a orientação de Thiago, é de uma pulseira que  sincronizada com semáforo, avisa o momento certo para o deficiente visual atravessar a rua.

Foto:Reprodução/Rede Amazônica

Kathellen Sabrina Lima tem 10 anos, e pensando na poluição dos igarapés de Manaus, desenvolveu uma boia feita de isopor com um sensor capaz de avisar quando tiver lixo boiando nos rios. O projeto ganhou destaque internacional e já foi apresentado em Londres.

Outros projetos de amazonenses que vem ganhando reconhecimento no país, são de alunos do IFAM-CMDI. O campus é reconhecido como grande formador na área de Robótica, pois desde 2013 vem investindo na capacitação e formação dos alunos, além de participação em campeonatos da área.

“Anteriormente, a robótica era trabalhada em salas de aula, de forma isolada, e a partir de 2013 começamos a competir em eventos de ciência e tecnologia, e isso foi despertando os interesses dos alunos, e por conta disso foi gerado uma demanda para nos planejarmos e nos estruturarmos para acolheremos esses alunos. Hoje, através dos processos seletivos internos, conseguimos criar equipes e capacitá-las. E a partir daí começarmos a ter espaços de robótica, kits de Lego e de Arduíno para trabalhar, além de uma sala de robótica educacional equipada, que capacita equipes para participar das competições”, conta a professora Micila.

Premiações em competições

No final do mês de outubro, alunos dos cursos de Mecatrônica e Eletrônica do IFAM-CMDI,  que formam a equipe “The Eagles”, participaram da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR 2019), e conquistaram o segundo lugar na etapa nacional, que aconteceu no Estado do Rio Grande do Sul.

Foto:Divulgação/Ifam

O prêmio, os classificou para a etapa mundial da olimpíada, que será realizada em julho de 2020, em Portugal. Para o estudante do 2º ano de Mecatrônica, nível Integrado, Marcos Evandro, que integra a equipe vencedora, ter participado da OBR foi uma grande experiência, inclusive por demonstrar o potencial da escola pública.

“A experiência de ter participado é muito grande, principalmente pela troca de conhecimentos. Foi trabalhoso, porém gratificante. Foi inigualável ver o trabalho que nos empenhamos a essa perspectiva. Avalio o retorno como um grande ganho de conhecimento e experiência, além da importância social que teve por demonstrarmos como as escolas públicas tem potencial no ramo da robótica”, conta Marcos.

Mercado de Trabalho

Fomentado pelo mercado de trabalho, a indústria 4.0 vem crescendo e ganhando cada vez mais espaço. E Manaus é um dos polos para esse acesso.

“O PIM tem mais de 500 fábricas e a indústria 4.0 será fundamental no aumento da competitividade de sua manufatura e de todos os sistemas nela envolvidos. Isso porque ela permite uma diminuição dos custos e um aumento da produtividade. Num mercado internacional extremamente competitivo, principalmente se tratando de produtos de alto valor agregado, ou mesmo de grandes volumes como os produzidos no PIM, para se manterem “vivas” as fábricas precisarão entregar cada vez mais produtos com qualidade, no prazo e com baixo custo”, conta a psicóloga e master coach Cintia Lima.

Foto:Divulgação/Ifam

Ainda segundo Cíntia, a formação será essencial nesse processo.

“Vale ressaltar que seja para projetar, instalar ou operar as tecnologias da indústria 4.0 é necessário mão de obra especializada. Esse é um dos pontos mais importantes a serem observados pelas empresas para que desenvolvam seus colaboradores para atuar nesse novo cenário, bem como para os profissionais da indústria, que devem procurar, não só por especializações técnicas, mas também comportamentais, uma vez que essas mudanças trazem desafios culturais, sociais e emocionais junto com a tecnologia”, ressalta.

Laboratório de Indústria 4.0

Manaus ganhou, na última semana, o primeiro Laboratório de Indústria 4.0 da Amazônia. Uma parceria entre a Fundação Paulo Feitosa (FPF Tech), o Instituto de Desenvolvimento Tecnológico (INDT) e a Schneider Electric Brasil. O FabLab powered by EcoStruxure atenderá as empresas do PIM que estão em transição para o novo modelo, onde dará capacitação técnica e suporte para o desenvolvimento de novas soluções a fim de aumentar a produtividade e competitividade dessas empresas, e fomentar a bioeconomia.

“A criação do FabLab permitirá que cada vez mais profissionais da região amazônica tenham acesso aos principais conceitos e soluções que compõem o conceito de Indústria 4.0. No hub, será possível representar de forma aplicada todas as tecnologias da Manufatura Avançada, além de disseminar conhecimento no mercado local”, disse Carlos Urbano, diretor de Industrial Automation da Schneider Electric Brasil.

Foto:Divulgação/FPF Tech

O FabLab atuará com o objetivo de desenvolvimento da bioeconomia na região.

“As soluções de rastreabilidade permitirão assegurar com precisão a localização da colheita de plantas ou frutos em regiões específicas da Amazônia. A utilização destas tecnologias na cadeia extrativista amplia o valor agregado dos produtos da floresta de forma sustentável”, ressalta Geraldo Feitoza, Diretor Executivo do INDT.

Torneio Sesi de Robótica

As etapas do Torneio SESI de Robótica no Amazonas e no Pará foram prorrogadas e as inscrições seguem abertas até o dia 29 de novembro. Escolas públicas, particulares e equipes avulsas de jovens na faixa etária do programa, entre 9 e 16 anos, podem se inscrever gratuitamente na temporada 2019/2020. O Torneio First Lego League (FLL), desta vez com o tema City Shaper (Cidades Inteligentes), acontecerá nos dias 7 e 8 de fevereiro de 2020, no SESI Clube do Trabalhador, em Manaus.

Para saber mais sobre o Torneio, e se inscrever, acesse: www.portaldaindustria.com.br/sesi/canais/torneio-de-robotica/.

Formação

Além dos cursos do Sesi, dos técnicos e de graduação tecnológica do IFAM, há cursos livres de robótica em Manaus, entre eles, os oferecidos pela Manáos Tech for Kids, pela ControlBot, pela CódigoKid e também pelo Thinkted Lab – Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologias Educacionais da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Arte rupestre amazônica: ciência que chega junto das pessoas e vira moda

Os estudos realizados em Monte Alegre, no Pará, pela arqueóloga Edithe Pereira, já originaram exposições, cartilhas, vídeos, sinalização municipal, aquarelas, história em quadrinhos e mais,

Leia também

Publicidade