Guirlandas e outros enfeites de Natal, utensílios domésticos, luminárias e suporte para vela. Estes são os objetos feitos com resíduos de bambu pelo Grupo de Pesquisa HabImpacto, liderado pela pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), a arquiteta e urbanista Marilene Sá Ribeiro. A planta, que pode substituir a madeira na construção civil, também é matéria-prima para a confecção de objetos decorativos. Uma mostra está em exposição no Laboratório de Engenharia da Madeira até o próximo dia 6 de janeiro.
A pesquisadora, vinculada à Coordenação de Tecnologia e Inovação (Cotei), conta que, há dois anos, o grupo criou algumas peças e hoje mantém um acervo, no Laboratório de Estruturas de Engenharia/Inpa, de cerca de 20 objetos e aproveitou a época natalina para expor suas criações.
Segundo a pesquisadora, usando ferramentas simples, como serra circular, lixa, cola branca e tinta acrílica é possível criar com o bambu peças artesanais simples, porém, atrativas. “Depois de cortado o bambu, basta uma lixada para dar um acabamento e a partir daí é só usar a criatividade”, diz Marilene Sá Ribeiro.
O bambu é uma planta que pertence à família das gramíneas (Poacea), não é exigente e se adapta a qualquer solo. A maturação do bambu é de quatro anos para utilização na construção civil. Além da construção de casas, a planta pode ser utilizada na fabricação de bicicletas, móveis, na alimentação (palmito), na saúde (instrumento de massagem) e como objeto de decoração.
“A nossa pesquisa é focada na sustentabilidade e no interesse social, a exemplo da Casa Ecológica (CasaEco), construída em 2006, no Bosque da Ciência”, explica Marilene Sá Ribeiro, ao comentar que a pesquisa que realiza com o bambu, juntamente com o também pesquisador do Inpa, o engenheiro Ruy Alexandre Sá Ribeiro, teve início em 2004 com a aprovação do projeto de construção sustentável – uma vila ecológica dotada de oito casas com 42 m2 cada. A vila foi construída em 2007, na Reserva Florestal Adolpho Ducke (no Km 26 da AM-010).
Segundo a pesquisadora, do bambu pode-se aproveitar tudo: desde os colmos (hastes), os galhos e as folhas. “É fácil trabalhar com o bambu e nessa mostra foram utilizados resíduos de pesquisas anteriores ao invés de serem jogados fora”, diz Marilene Sá Ribeiro. “É possível, utilizando as sobras e a criatividade, fazer peças surpreendentes”, ressalta.
Os pesquisadores trabalham com três espécies de bambus: Guadua angustifolia, Dendrocalamus asper e Bambusa vulgaris. A pesquisadora explica que a espécie Bambusa vulgaris é encontrada facilmente na região, sendo que a espécie Guadua angustifolia é a de melhor qualidade para a construção e é nativa da Amazônia. Os pesquisadores conseguiram 200 mudas da planta junto ao Instituto do Bambu e estão cultivando algumas destas mudas no Inpa.