Pesquisador da USP que estuda a Amazônia está entre os mais influentes do mundo

O pesquisador Paulo Eduardo Artaxo Netto, da Universidade de São Paulo (USP), ganhou destaque na lista da empresa de consultoria Clarivate Analytics, que identifica os nomes dos cientistas mais influentes do mundo. Uma das principais áreas de conhecimento de Artaxo é o estudo do meio ambiente e da Amazônia.

A lista, produzida anualmente desde 2014, considera o número de citações por artigos publicados em um período de dez anos. Outros 11 pesquisadores brasileiros acompanham Artaxo entre os mais influentes do mundo. Os selecionados pertencem ao grupo de 1% de pesquisadores que mantiveram as mais altas médias de citações durante o período.

Ao todo, foram selecionados cerca de 6 mil pesquisadores, em 21 áreas do conhecimento, além de campos transversais. Artaxo é o brasileiro que mais aparece na lista. Ele foi mencionado em 2014, 2015 e 2018.

Professor do Instituto de Física, ele atua em áreas como mudanças climáticas globais, meio ambiente na Amazônia e poluição do ar urbana. “As pesquisas que nós temos feito na Amazônia têm trazido implicações para o desenvolvimento de políticas públicas”, disse.

Foto: Bob Paulino/Arquivo/Rede Globo

Ele estuda, por exemplo, o impacto de emissões de queimadas na saúde pública e no meio ambiente amazônico. “Nós demonstramos através de uma série de trabalhos que o desmatamento e as queimadas têm impacto global muito grande no meio ambiente”, contou.

As pesquisas desenvolvidas por Artaxo mostram como o processo de ocupação da Amazônia está afetando o ciclo hidrológico na região. “Isso é importante e tem implicações, por exemplo, na produção agrícola brasileira, e tem implicações no papel da Amazônia no ciclo global”, enfatizou.

Lista

Os Estados Unidos são o país com maior número de pesquisadores mencionados, 2.639 ao todo; em seguida aparece o Reino Unido, com 546; e em terceiro lugar a China, com 482. As três primeiras universidades mais citadas são estadunidense: Universidade de Harvard (EUA), 186; National Institutes of Health (NIH), com 148; e Universidade de Stanford, que tem 100 pesquisadores entre os mais citados.

A USP é a instituição brasileira com maior número de brasileiros mencionados na lista, um total de quatro. Além de Artaxo, fazem parte do ranking Paulo Andrade Lotufo e Guilherme Vanoni Polanczyk, da Faculdade de Medicina (FM); e Carlos Augusto Monteiro, da Faculdade de Saúde Pública (FSP).

Os demais são: Alvaro Avezum (Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese), Luísa Gigante Carvalheiro (Universidade Federal de Goiás), Adriano Gomes da Cruz (Instituto Federal do Rio de Janeiro), Daniel Granato (Universidade Estadual de Ponta Grossa), Miriam Dupas Hubinger (Unicamp), Renata Valeriano Tonon (Embrapa), Ana Maria Baptista Menezes e Cesar Gomes Victora (Universidade Federal de Pelotas).

Entre as áreas de conhecimento desenvolvidas pelos pesquisadores brasileiros estão ciências agrárias, meio ambiente, geociência, medicina e ciências sociais, além de áreas transversais.

Investimentos

Os pesquisadores consideram promissora a inclusão de brasileiros na lista, mas chamam atenção para a necessidade de investimento continuado em ciência e tecnologia. “Nós temos os cérebros, mas também precisamos de dinheiro. Claro que o ideal era que tivesse muito mais. Nos Estados Unidos, você sabe que o sistema é muito mais incentivado e a pesquisa é muito mais valorizada do que aqui. Por isso que o Brasil tem a metade dos pesquisadores da universidade que está a posição 50º [Universidade de Maryland], mas acho que já é alguma coisa a gente estar na lista”, avaliou a pesquisadora Miriam Hubinger, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Artaxo considera que, por estar entre as dez maiores economias do mundo, o Brasil deveria ter uma posição melhor entre os autores científicos mais citados. “O recado é que estar nessa lista dos pesquisadores mais citados no mundo mostra que o Brasil tem enorme potencial de produção científica, mas que não está sendo devidamente aproveitado pela falta de investimento em ciência e tecnologia. Isso atrasa o nosso desenvolvimento e atrasa implementação de políticas públicas baseadas em ciência”, afirmou.

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