Pesquisador cria sistema de telefonia acessível e barato para comunidades ribeirinhas da Amazônia

Foto: Reprodução/Shutterstock

Operadoras de telefonia cobrem a maior parte dos municípios brasileiros. Porém, na Amazônia Legal, muitas comunidades ribeirinhas permanecem incomunicáveis com o resto do mundo. O pesquisador, Jefferson Breno, tomou o problema como desafio e resolveu criar um sistema de telefonia acessível e barato que pudesse atender as necessidades das comunidades mais afastadas dos grandes centros.

Para o pesquisador, as empresas de telefonia não fazem a cobertura dessas regiões devido ao custo. O equipamento é caro e atenderia poucas pessoas espalhadas em pequenas comunidades na Amazônia. “Os moradores destas comunidades não conseguem fazer uma ligação para pedir socorro por causa do isolamento. Nós, da cidade, nos comunicamos de maneira muito fácil pela internet, e essas pessoas vivem isoladas, excluídas digitalmente. A partir dessa percepção, surgiu a ideia do projeto”, disse Breno.

Inicialmente a pesquisa focou em equipamentos baratos. Em seguida, formulou um sistema que custaria de R$10 mil a R$15 mil, atingiria uma cobertura de até cinco quilômetros quadrados e acessível de qualquer celular comum ou smartphone. Na prática as pessoas que estiverem na área de cobertura do sistema podem comunicar-se livremente.

De acordo com o pesquisador, parceria com os setores público e privado, será possível utilizar outras tecnologias, como antenas de satélite, para levar internet e telefonia para essas regiões. Além disso as próprias comunidades podem fazer o gerenciamento dessas redes. “No México já existem iniciativas de redes comunitárias, onde a própria comunidade gerencia a um preço muito inferior o serviço de telefonia local. Mas o preço é decidido pela comunidade, podendo ser até mesmo de graça”, disse o pesquisador. Empresas como o Google e Facebook têm projetos próprios para levar internet a áreas isoladas do mundo através de balões e drones. Eles são parceiros em potencial desses sistemas.

Testes

Os primeiros testes estão previstos para acontecer nas comunidades de Itabocal e Irituba, no Pará. Se os protótipos se saírem bem o próximo passo, segundo Breno, é levar a tecnologia para outras localidades. “O projeto tem como foco a questão social, principalmente do conhecimento adquirido na universidade sendo aplicado na vida das pessoas que mais precisam. Estamos analisando novas tecnologias, que vão surgindo todos os dias, para melhorar o sistema e conseguir levar tecnologia 4G e com o 5G para melhorar a qualidade de vida dessas comunidades”, explica o engenheiro.

Pesquisador

Jefferson Breno é pesquisador pela Universidade Federal do Pará (UFPA), onde atualmente faz o mestrado. Se formou em engenharia elétrica, em 2003, trabalhou por sete anos em operadoras de telefonia e saiu para voltar a estudar. Desde 2010, tem realizado estudos na área de redes comunitárias. O projeto de telefonia para comunidades do interior do Pará foi vencedor do prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade.

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