Pesquisa analisa a importância dos peixes na reciclagem de nutrientes dos rios

 
A importância dos peixes como recicladores de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, por meio das excreções, é avaliada por uma pesquisa em andamento no Amazonas
 
Peixes usados na pesquisa. Foto: Divulgação/Fapeam

A importância dos peixes como recicladores de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, por meio das excreções, é avaliada por uma pesquisa em andamento no Amazonas. O objetivo do projeto é entender como os peixes modificam as concentrações e proporções desses nutrientes nas cadeias tróficas aquáticas dos rios. As observações são realizadas nas proximidades de Manaus devido à proximidade dos dois tipos de ambientes estudados.
O coordenador da pesquisa é o professor e engenheiro de pesca, Álvaro Carvalho de Lima. Segundo ele, as pesquisas são feitas com a observação de espécimes incubadas, individualmente ou em grupo de até três indivíduos de uma mesma espécie, em sacos plásticos com água.

“Serão dois ambientes estudados onde serão analisadas características em função do tamanho dos peixes, quanto à penetração de luz e quanto à quantidade de nutrientes existentes ali naquele local. Os ambientes são a várzea [local com muito nutriente e pouca luz] e a água preta [ambiente com pouco nutriente e muita luz]”, diz.

Os experimentos são feitos com espécies de porte pequeno, cujos adultos não ultrapassam 10 cm de comprimento, e espécies de médio-porte, cujos adultos atingem comprimentos de 15 cm ou mais. Também são realizados estudos com espécies de hábitos alimentares distintos, tanto em ambientes de água preta, quanto na várzea.

A observação se dá em intervalos de aproximadamente uma hora. Passado esse tempo, os peixes são retirados dos sacos e preservados juntamente com a água, para posteriormente ser analisados quanto as suas concentrações de carbono, nitrogênio e fósforo excretados por eles na água.

“Essas concentrações são determinadas pela diferença entre as concentrações medidas nos sacos com os peixes e nos sacos sem os peixes e a partir daí é feita a observação quanto à influência dos peixes na modificação e reciclagem dos nutrientes”, explicou Álvaro.

Trajetória
De acordo com o professor, o projeto de pesquisa é divido em quatro fases: trabalho de campo, análises laboratoriais, análises estatísticas e redação de artigos e tese. Atualmente ele está na fase do trabalho de campo, já que iniciou neste ano. Entre abril e junho deste ano, foi realizada a primeira bateria de trabalho de campo, com 34 experimentos e totalizando 15 espécies amostradas, sendo a maior parte delas de pequeno porte.
 
“A meta é realizarmos experimentos com um total de 40 espécies. Temos o objetivo de começar estudos com espécies de maior porte durante a vazante do rio, de setembro a novembro de 2016. Em seguida, iniciarei o processo de análises químicas e análises estatísticas”, explicou Álvaro.
 
A elaboração de artigos e tese deverá ser iniciada em 2017, com os resultados já obtidos, e uma etapa de trabalho de campo complementar também poderá ser realizada no mesmo período.

Parcerias

O projeto de pesquisa recebe recursos financeiros pelo Programa de Bolsas de Pós-Graduação em Instituições fora do Estado do Amazonas (PROGPG-AM) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).  A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) disponibiliza o laboratório de limnologia para fazer análises de parâmetros físicos da água; o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) que disponibiliza laboratório para processar e armazenar amostras, e especialistas para consultas sobre identificação de peixes e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde são feitas as análises químicas de água e composição corporal dos peixes.

Para o professor, os parceiros são uma base importante para dar continuidade à pesquisa e a Fapeam cumpre exemplarmente o seu papel. “Posso dizer que a Fundação de Amparo é uma mãe para nós pesquisadores, pois ela cumpre com o trabalho de fomentar o aperfeiçoamento acadêmico de profissionais ligados ao ensino e pesquisa no nosso Estado, além de contribuir para ampliar o conhecimento sobre a Ecologia da Região Amazônica”, afirmou Álvaro.

O projeto finaliza em fevereiro de 2019 e com a pesquisa, o professor pretende contribuir para a comunidade científica com estudos sobre processos ecológicos importantes ligados à Ecologia dos Sistemas Aquáticos e ao papel da biodiversidade para o funcionamento dos ecossistemas.

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