MANAUS – Para auxiliar no controle e combate da malária no Amazonas, uma pesquisa está desenvolvendo a criação da espécie Anopheles darlingi, principal vetor de malária, em laboratório para estudos de biologia, controle e combate da doença. O estudo é desenvolvido pela estudante de Biomedicina, Suzan Vieira, sob a coordenação da doutoranda em Doenças Tropicais e Infecciosas, Rosa Santana, na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT/HVD).
Segundo a coordenadora do Paic na instituição, Marias das Graças Barbosa Guerra, os resultados podem ajudar em ações de controle e combate da doença. “A partir do momento que se entende o que é o mosquito da malária, não se tem malária”, disse. O estudo é realizado com apoio do governo do Amazonas por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
- Plataforma online vende matéria-prima da Amazônia para o mundo
- Comércio está otimista com vendas para o Dia dos Pais em Manaus
- Capacitação ensina fiscais ambientais a identificar carne de piracatinga
De acordo com a coordenadora da pesquisa, não existem estudos específicos com a espécie que tem hábitos extremante silvestres, próprio do ambiente natural, o que acaba dificultando a colonização do animal no laboratório. “Essa é uma espécie de grande interesse científico por ser o principal transmissor da doença, por isso existe a necessidade de ter a criação dentro do laboratório para que se possam realizar análises comportamentais, ciclo biológico e, principalmente, para analisarmos a interação do parasita hospedeiro”, explicou a pesquisadora.
A estudante de iniciação científica Suzan Vieira explicou que sempre é realizada a coleta em campo, onde são capturadas as fêmeas já copuladas para o laboratório. “Nós as alimentamos e aguardarmos os dias para que elas coloquem os ovos que, posteriormente, viram as larvas e depois as pupas e os adultos”, disse.
Rosa Santana disse que os adultos são utilizados em outras pesquisas nas quais, a partir da coleta de sangue do paciente com malária, são feitos circuitos artificiais simulando a temperatura do corpo humano para analisar a interação do mosquito com o Plasmodium, parasita da malária. “Nós temos a necessidade de ter a criação dessa espécie porque muitos fatores precisam ser observados, além de vários fatores que precisam ser ajustados. A criação é mais com vistas experimentais. É um trabalho árduo, diário e delicado, pois a água precisa ser trocada a alimentação é regrada”, disse pesquisadora.
Estudo complementar
Marias das Graças Barbosa Guerra disse que outro projeto desenvolvido na instituição pelo pesquisador Henrique Silveira, no âmbito do Programa de Apoio a Pesquisa (Universal Amazonas) da Fapeam, intitulado ‘Resposta à infecção por Plasmodium em mosquitos do novo mundo’, está analisando a resposta do mosquito a infecção pelo Plasmodium vivax e Plasmodium falciparum que são os causadores de malária na nossa região.
A pesquisadora disse que o mosquito também sofre ação por ser um hospedeiro definitivo. Segundo ela, é nele que é feita a reprodução assexuada do parasita. “O que fazemos é infectar o mosquito com Plasmodium e ver as formas evolutivas do Plasmodium no mosquito. Queremos saber o que acontece com o inseto: se ele desencadeia alguma resposta imunitária e, justamente, verificar o que acontece com o mosquito que ingeriu sangue”, disse Maria das Graças.