Comunidades ribeirinhas remotas no Amazonas recebem sachê para purificar água de rios e igarapés

Ter acesso a água limpa e potável para beber, preparar comida e fazer as necessidades básicas é um direito fundamental do ser humano, mas pouco comum à realidade da maioria das populações remotas que vivem pelo interior do Amazonas. Sem acesso a água tratada, famílias são obrigadas a tomar recursos hídricos poluídos e impróprios para o consumo oriundos de rios e igarapés, o que acarreta doenças em adultos e crianças como desinteria, amebíase, hepatite A, cólera e verminoses.

Mas essa realidade começou a mudar para os moradores das comunidades ribeirinhas da Reserva Extrativista (Resex) do Rio Gregório, uma das Unidades de Conservação (UC) apoiadas pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS). Através de uma parceria entre a FAS e a multinacional Procter & Gamble, mais de 200 famílias que vivem na reserva receberam 48 mil unidades de sachê com pó purificador de água, uma tecnologia desenvolvida pela P&G que transforma água poluída em potável e que beneficia milhares de populações carentes em todo o mundo.

“Estamos no meio da Amazônia, na maior bacia de água doce do planeta, e se pensa ‘ah, não tem problema de água’, mas tem. Apesar de ter bastante água à disposição nos rios e igarapés, na Resex do Rio Gregório, por exemplo, as populações não têm acesso a água tratada em casa, o que causa diversas doenças de veiculação hídrica”, explicou Marcelo Castro, coordenador do Programa Bolsa Floresta (PBF) da FAS da região do Médio Juruá.

Sem água potável e adoecidos, as famílias ainda sofrem com a ausência de hospitais e unidades de saúde por estarem em regiões remotas, ficando longos períodos padecendo de vômitos e diarreias. “As doenças ocasionam uma série de impactos negativos, principalmente para as crianças e recém-nascidos. As crianças faltam às escolas, os pais e mães perdem dias de trabalho porque ficam tentando curar a doença em casa e isso impacta negativamente também na geração de renda das famílias”, ressaltou Marcelo Castro.

Os sachês com pó purificador de água na Resex do Rio Gregório já vinham sendo utilizados pelos moradores e o uso fez diferença na vida das famílias. “Quando comecei a usar (o sachê da P&G), os meus filhos não pegaram mais diarreia e nem gripe, e nem eu. Depois que parei de usar, todos voltaram a pegar diarreia e adoecer de gripe. A gente bebia água da chuva e quando não chovia a gente pegava do rio. Quando tem a P&G eu fico despreocupada. É fácil de usar, As minhas filhas que preparam. Eu vou trabalhar e quando volto a água já está pronta para beber”, disse Maria Carioca Ferreira, da comunidade da Prainha, na Resex Rio Gregório.

Foto: Divulgação

Segundo Marcelo Castro, do PBF, o uso do pó purificador de água da P&G ainda é mais essencial aos moradores da Resex do Rio Gregório devido à hidrografia e à geografia da região. “No período da cheia, a água do Rio Gregório se eleva e acaba inundando os terrenos das comunidades, áreas onde têm criações de galinha, porco e boi e onde ficam as fossas das casas, que não têm nenhum tratamento de esgoto”, afirmou. “E é no período da enchente dos rios que os índices das doenças aumentam absurdamente, afetando todos”.

*Como usar o sachê da P&G*

Para utilizar o sachê da P&G, as famílias despejam o pó purificador num recipiente com, no máximo, dez litros de água e misturam tudo ininterruptamente durante cinco minutos. Depois, o líquido precisa ser mantido em repouso por mais cinco minutos e, então, é só filtrar num pano, esperar mais 20 minutos e a água pode ser consumida. “As famílias podem usar água de igarapé, rio ou da chuva. É só usar a dosagem certa de pó e de água com a metodologia correta de aplicação, que é de fácil assimilação. Qualquer pai e mãe da comunidade sabe explicar como funciona”, ressaltou Castro.

Para a dona de casa Maria Gomes da Silva, da comunidade da Prainha, os moradores da Resex do Rio Gregório não se veem mais sem usar o pó purificador de água da P&G. “Eu fiquei animada quando o meu filho disse que o remédio para temperar a água tinha chegado. Eu disse ‘graças a Deus, meu filho, agora tudo vai melhorar’. Sem o P&G ficamos doentes, meus meninos pegam muita diarreia. Mas quando bebemos a água purificada não há doença. Espero que nunca falte”, disse.

Toda a distribuição dos sachês com pó purificador da P&G foi coordenada pela FAS em parceria com a Procter & Gamble, através do Programa Bolsa Floresta (PBF), e com apoio da Associação de Moradores Agroextrativistas do Rio Gregório (Amarge) e dos agentes comunitários de saúde da região. Segundo Deuziano Pinheiro, presidente da associação e agente comunitário, a quantidade de sachês distribuídos é suficiente para purificar até 480 mil litros. “Dá para purificar muita água. Agora a população vai ficar assistida”, disse Deuziano Pinheiro.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Licenciamento para exploração de petróleo no Amapá: MPF orienta adoção de medidas ao Ibama e à Petrobras

Recomendações são embasadas em pareceres técnicos de peritos do MPF, nas exigências técnicas do Ibama e na legislação aplicável.

Leia também

Publicidade