Cientistas identificam aerosol que potencializa poluição de queimadas

Foto: Reprodução/Agência Brasil

As mudanças climáticas estão intimamente ligadas ao aumento da temperatura global. Recentemente, cientistas descobriram que uma partícula batizada de carbono marrom, produzido principalmente pelo desmatamento da Amazônia, pode estar potencializando a diminuição da quantidade de ozônio da atmosfera e aumentando significativamente a temperatura mundial. As informações estão no artigo Impacts of brown carbon from biomass burning on surface UV and ozone photochemistry in the Amazon Basin, publicado na revista Nature.

Segundo um dos autores do artigo, o boliviano Marcos Andrade, o carbono marrom é produzido pela queima de mata virgem, onde pequenas partículas de carbono ficam suspensas no ar. Essas minúsculas partículas, muito menores que as cinzas, por exemplo, absorvem parte da luz solar e aquecem a temperatura do ambiente.

“O carbono marrom é uma fração do carbono orgânico emitido com a queima de florestas. Esse carbono absorve fortemente os raios ultravioletas. Esses raios são prejudiciais aos seres humanos, entretanto ao quando absrvidos pelo carbono marrom, aumentam a temperatura da atmosfera favorecendo o aquecimento global”, explica o cientista.

Os cientistas envolvidos na pesquisa analisaram dados coletados na cidade de Santa Cruz, na Bolívia, em setembro de 2007, quando a região passou por um longo período de queimadas. Naquele ano, houve uma redução de 12% da área total da Amazônia boliviana – equivalente a um milhão de campos de futebol.

O carbono marrom é chamado assim devido a sua cor acastanhada clara. De acordo com simulações a partícula pode contribuir com até 19% de todo o calor absorvido do sol pela atmosfera.

Imagens de satélite de 2007 mostram a quantidade de aerosol presente na atmosfera. Foto: Divulgação/Nature

A pesquisa analisou através de imagens de satélite a fumaça produzida pelo desmatamento e as queimadas na Amazônia durante o todo o ano de 2007. Os dados mostraram que os raios ultravioletas eram absorvidos pelo carbono, aumentando a temperatura.

Outro dado importante é que a presença do carbono marrom modifica a química presente na atmosfera diminuindo a produção de ozônio, um gás que protege o planeta dos raios ultravioleta. “As propriedades ópticas observadas no carbono marrom mostram uma redução de até 18% do ozônio”, afirma a pesquisa.

O artigo finaliza dizendo que novas pesquisas devem ser realizadas para entender também como a dispersão do vento pode levar essas partículas até outra regiões do planeta e afetar o clima em todo o mundo.

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