Na opinião do doutor em economia aplicada e professor da Universidade de São Paulo (USP), Rodolfo Coelho Prates, os problemas ambientais e de desmatamento em projetos de desenvolvimento na Amazônia não acontecem por falta de dados. “Ela é causada por uma cultura, não que desconhece, mas que simplesmente ignora, passa por cima dos dados. São grandes setores que sabem das consequências, mas preferem ignorar”, disse Prates.
Para os criadores do banco de dados, a iniciativa pode facilitar a avaliação do desenvolvimento em infraestrutura na região e servir de base para a criação de novos projetos. Grande parte destes dados estavam espalhadas entre diferentes instituições de pesquisa ou disponíveis em sites do governo. O trabalho dos cientistas foi qualificar, traduzir e reunir todos esses dados.
De acordo com o artigo, nos últimos anos o número de programas desenvolvimento na região como o Projeto de Aceleração do Crescimento (PAC) e a Iniciativa de Integração de Infraestrutura Regional da América do Sul (IIRSA) buscaram transformar a Amazônia numa fonte nacional e continental de energia e de intermodais com estradas, ferrovias e hidrovias.
Segundo Prates, a Amazônia ainda repete o mesmo processo de ocupação desde o descobrimento do Brasil. “A ocupação se dá com a retirada da cobertura vegetal para produção de grãos, pastagem e extração de madeira. É cultural e histórico em todo o Brasil”, avalia. Para o economista a Amazônia tem potencialidades econômicas e financeiras que são deixadas de lado por causa dessa cultura. “Nós temos na região uma rica fonte de biogenéticos que nós estamos nos abdicando todos os dias por algo que culturalmente herdamos, essa prática de desenvolvimento agrícola e extrativista”, diz.
O que falta?
Críticos do processo de ocupação e desenvolvimento sem o planejamento adequado acreditam que falta ‘vontade política’ para resolver os problemas da Amazônia. É o caso do presidente da Associação PanAmazônia, Belisário Arce. “O conflito entre o desenvolvimento e a preservação ambiental é real. A solução seria aliar conhecimento científico e tecnológico e vontade política”, diz. Para ele, sem representatividade como força política, o conhecimento para resolver os problemas da região não será aplicado.