O Amazonas apresentou em agosto deste ano, a maior queda de vendas no comércio varejista de todo o país. De acordo com dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quarta-feira (11), o Estado apresentou recuo de -3,2% sobre o resultado de julho, enquanto a receita nominal teve variação de -2,7%. A queda no volume de vendas ocorreu após dois meses de crescimento, período em que houve um ganho acumulado de 3,6% entre os meses de junho e julho. Na comparação ao mesmo período de 2016, o volume de vendas cresceu 6,3%. O acumulado do ano foi de 5,6%. Nos últimos 12 meses a variação foi de 0,1%, mostrando uma redução no ritmo de queda acumulada.
Contudo, embora o volume de vendas em agosto tenha apresentado queda em relação a julho, foi o primeiro mês desde dezembro de 2014 que todos os acumulados ficaram positivos. Significando que a partir desse mês o comércio amazonense saiu do deficit. Lembrando ainda que o oitavo mês do ano tradicionalmente não tem tradição de alta sazonalidade nas vendas do comércio.
De acordo com o economista Martinho Azevedo, o resultado é fruto da pequena recuperação que começa a ocorrer nos vários setores da economia. No entanto, segundo o especialista, ainda ocorre muita defasagem, não existe ainda um comportamento hemogênico.
“Tudo isso porque alguns segmentos sofreram impactos maiores e outros que sofreram impactos menores já começam a se recuperar. Então se tem esse comportamento errático, e fica a dúvida, se está se recuperando porque não cresceu? Ocorre que essa recuperação não é uniforme em todos os setores”, explicou.
Existem alguns setores que não conseguiram se recuperar, a construção civil é um dos exemplos. Segundo Azevedo, não tem como fazer uma análise comparativa com períodos anteriores, pois alguns setores apresentaram uma estagnação na queda, contudo esse comportamento ainda é muito difuso.
“Essa é a diferença que se dá entre o comércio varejista e o varejo ampliado, porque tem alguns segmentos que não apresentam sinais de recuperação, enquanto outros vem se recuperando lentamente”, destacou o economista.
Varejo Ampliado
O comércio varejista ampliado, que inclui o varejo e as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, na comparação com igual mês do ano passado, teve mais um ótimo desempenho (15,8%), com alta de 0,6% frente ao mês de julho, e resultado positivo pela sétima vez no ano, enquanto a receita nominal teve variação de 13,3%. Os acumulados do volume de vendas foram de 8,7% no ano e de 2,6% nos últimos 12 meses, enquanto a receita nominal registrou taxas de 9,8% e 5,7%, respectivamente.
O desempenho do comércio ampliado pelo sétimo mês no ano, demonstra o potencial do recorte “veículos e material de construção” e ao mesmo tempo indica que o consumidor passou a adquirir bens permanente (veículo) e de investimento permanente (material de construção).
De acordo com Azevedo, o índice de crescimento nesse segmento se dá pela base comparativa do mesmo período ser muito baixa. “Se formos avaliar os níveis anteriores como o ano de 2010, 2012, iremos perceber que não chegamos nos níveis anteriores. Mas o setor começa a diminuir a queda ou mesmo recuperar sua base de produção”.
Para o economista, as bases de comparação terão resultados diferentes se comparadas a anos anteriores a crise, contudo, é possível que se faça essa comparação, porém, os resultados serão diferentes, exatamente por conta do comportamento atual do consumidor.
“A conta é simples, vamos supor que em 2016 com a crise eu vendi cinco carros, esse ano com a recuperação vendemos nove carros, isso mostra uma leve recuperação do setor. Porém, em 2010, antes da crise o setor vendeu trinta carros no mesmo mês. Daí se a comparação for feita com esse outro período iremos perceber que estamos longe do crescimento esperado. É assim que podemos definir esse período”, explicou Azevedo.
Segundo o IBGE, as 24 unidades da federação apresentaram variações positivas para o volume de vendas na comparação com o mesmo período do ano anterior, com destaque, em termos de magnitude da taxa, para Santa Catarina (18,9%); Rio Grande do Sul (17,0%); Amazonas e Espírito Santo (ambos com 15,8%). Entretanto, em termos de influência no resultado global, figuram: São Paulo (6,7%); Santa Catarina (18,9%) e Rio Grande do Sul (17,0%).