Trabalhadores denunciam insegurança no transporte de funcionários ao PIM


Trabalhadores
do Polo Industrial de Manaus (PIM) são vítimas frequentes dos assaltos aos veículos de transporte especial durante os trajetos de ida para as fábricas e no retorno aos bairros. Na tentativa de coibir os roubos, algumas empresas optaram por contratar serviços de segurança onde agentes acompanham o trajeto feito pelos ônibus, seja como passageiro do transporte ou por meio de um veículo externo. 

Empresários da indústria afirmam que no primeiro semestre deste ano houve um aumento expressivo no índice de ocorrências em comparação a igual período de 2016. Conforme o Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) da  Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-AM), o projeto Operação Rota Segura que visa a instalação de um botão e câmera de segurança na área interna do veículo está concluído, porém, aguarda a adesão das empresas de trasportes para a implementação.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM), Valdemir Santana, de janeiro a junho de 2017 o sindicato registrou pelo menos 30 ocorrências de assaltos às rotas. Ele relata que há casos em que os assaltantes conseguem ter acesso ao fardamento da empresa, entram no ônibus junto com os trabalhadores e quando o veículo inicia o trajeto eles abordam os passageiros. Ele afirma que os roubos ocorrem em todos os horários, manhã, tarde e noite.

Foto: Walter Mendes/Jornal do Commercio 
“Após o ocorrido os trabalhadores são orientados a se dirigirem a DIP mais próximo acompanhados pelo motorista para registrarem o Boletim de Ocorrência (BO). Logo após, tanto a fabricante quanto à transportadora são comunicadas sobre o ocorrido. Já houve casos em que os assaltantes levaram todos os pertences das pessoas e até as roupas”, reclamou. “Pelo menos cinco empresas do PIM contrataram serviços de segurança e os ônibus seguem com escolta”, completou.

Segundo o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, no primeiro semestre deste ano houve crescimento expressivo no número de furtos às rotas em relação aos primeiros seis meses do ano anterior. Ele relata que a maior parte dos roubos acontecem quando os ônibus param para que o trabalhador desembarque do veículo nas proximidades de sua residência. Neste momento o assaltante aborda o trabalhador e entra no ônibus anunciando o roubo. Azevedo afirma que há maior incidência dos crimes no horário noturno e nas rotas de retorno da fábrica aos bairros.

“Nos primeiros meses deste ano o índice de ocorrências foi mais acentuado em relação aos primeiros meses de 2016. A situação é tão séria que algumas empresas contrataram seguranças para tentar inibir essas ocorrências. É um serviço que gera mais um gasto para as indústrias. Porém, é a alternativa encontrada para tentar preservar a segurança dos trabalhadores”, frisou.

Azevedo conta que há casos de espécie de sequestro relâmpago. “Já houve casos de assaltantes que levaram o ônibus com todos os passageiros dentro para um lugar distante para fazer o assalto e depois fugiram”, disse.

Na avaliação do presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, o problema é recorrente e as empresas têm se mobilizado para discutir o assunto junto à SSP. Porém, as ocorrências têm continuidade. “Tivemos um início de ano com diversos casos de assaltos. A contratação de serviços de segurança é um custo que não deveria existir se tivéssemos um ambiente de segurança, que é uma questão pública. A criminalidade é uma permissividade que traz esses índices até onde vemos. O poder público deveria ter maior atenção às necessidades da população”, comentou.

Operação Rota Segura distante da adesão

Conforme o chefe do Ciops, coronel Ricardo Gomes, o projeto Operação Rota Segura está concluído e pronto para a implementação, porém, precisa da adesão dos empresários do setor de transporte especial e público. Ele explica que o projeto consiste na instalação de um botão, uma câmera de monitoramento interno e um aparelho de GPS na área interna do ônibus de forma que o condutor possa acioná-lo facilmente em caso de assalto. Na mesma hora o policial estará informado da ocorrência e poderá localizar o veículo para fazer a abordagem aos criminosos.

Porém, ele explica que o projeto ainda não foi implementado por falta de adesão dos empresários do setor de transportes. O coronel afirma que até o momento poucas empresas investiram nos equipamentos de segurança. “Temos um plano de resposta a essas ocorrências. Temos a capacidade de responder às chamadas do botão ao ser acionado no veículo, caso necessário. Mas, sentimos certa resistência por parte das empresas de transportes que não estão aderindo ao projeto.

As empresas precisam abraçar a causa, mas até hoje poucas aderiram. O projeto é uma parceria entre a SSP e as empresas de transportes. Entendemos que a segurança é um direito de todos”, disse o coronel. No caso das paradas de ônibus que atendem ao transporte coletivo da cidade, o projeto prevê que cada parada tenha um botão e uma câmera que também poderá ser acionado para avisar a guarnição policial.

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