“Manaus tem 348 anos de civilização dita europeia e mais de 10 mil anos de civilização indígena, ou seja, temos um peso muito positivo para carregarmos no peito, com muito orgulho e com muita esperança em relação ao que pode resultar do futuro, que nasce de um passado brilhante como esse”, foi assim, que o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), iniciou sua entrevista acerca da importância de comemorarmos essa data, e projetos que irão levar o desenvolvimento à capital do Amazonas.
Jornal do Commercio (JC) – Quais parcerias a prefeitura irá desenvolver com o governo do Estado que poderão melhorar e desenvolver a capital do Amazonas?Arthur Neto (AN) – Isso vai depender muito do governo do Estado. O governador Amazonino Mendes antes de receber o meu apoio, não assumiu nenhum compromisso comigo, mas alguns com Manaus. Não vou cobrar, apenas aguardo que tudo aquilo que foi tratado verbalmente signifique a participação do governo do Estado no nosso esforço para melhorar a infraestrutura que é essencial para nós resolvermos o bem-estar das pessoas, resolvermos também a situação do desenvolvimento econômico da região. As parcerias com o governo serão as que ele decidir conosco, depois de nos reunirmos.Nós precisamos ampliar a parceria no campo da segurança, e eu já me dispus com o vice-governador e secretário de Segurança Pública do Estado, Bosco Saraiva, a fazer uma densa iluminação nas regiões ditas “áreas vermelhas”.Porém, uma boa notícia, é que a maior parte dessas áreas já possuem iluminação de LED. Precisamos agora verificar quais áreas não estão iluminadas, ter o apoio da Polícia Militar para nossas equipes de iluminação. Eu irei pessoalmente participar desse momento tão importante, que é fazermos o que pudermos fazer para acabar com a consolidação do crime organizado em Manaus.JC – Quais as alternativas de mobilidade urbana serão implantadas na capital, uma vez que o Bus Rapid Transit (BRT) não saiu?AN – O BRT vai sair. E vai sair se Deus quiser na forma de um BRT aperfeiçoado que é o CIVI (uma nova versão do sistema BRT, que inclui o conceito de conectividade para elevar a cidade ao status de Smart City), nós acreditamos que isso dará uma grande resposta ao problema da mobilidade urbana em Manaus.Nós temos como outra alternativa, implantar mais faixas azuis para privilegiar os mais pobres, aqueles que andam nos ônibus, esse transporte coletivo seria fortalecido financeiramente, e nós percebemos que as pessoas que usam as faixas azul poupam muito tempo, tempo que se utiliza para estudar, se divertir, para conviver com a família.Então estamos planejando de maneira que a instalação dessa novas faixas segregadas, sejam menos traumáticas à população. E a partir de agora sempre se pensando no que virá a ser o BRT que passará a ser o CIVI.Nós conseguimos induzir o Sinetram a fazer mudanças tecnológicas importantes na sua forma de atuar. Nós temos hoje Wi-Fi em todos os terminais de ônibus.Todos os terminais foram reformados, estamos cobrando a intranet dentro dos coletivos, estamos pedindo que todos os novos ônibus venham com intranet e ar-condicionado, estamos numa queda de braço com os donos das empresas de transporte coletivo.Os empresários alegam não fazer as mudanças por conta de problemas com fungos, também porque a porta dos coletivos abre muito frequentemente e isso faria com que os ônibus não gelasse, são coisas como essa que nós não discutimos. Mas estamos fazendo o máximo possível para extrair o melhor dessa situação. Estamos pensando nas medidas que serão tomadas, mas tudo com muita cautela, sempre pensando no melhor em prol da população.JC – O que a prefeitura pode fazer para melhorar a arborização em Manaus? AN – A meta do Projeto Arboriza Manaus, que faz parte da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) é fechar 2017 com 25 mil mudas de árvores plantadas em toda a cidade, esse projeto começou a ser desenvolvido em 2015.Em setembro deste ano já alcançamos o plantio de 20 mil mudas. A Semas se prepara para iniciar agora uma nova fase do projeto, introduzindo jardins em canteiros centrais, praças e demais logradouros públicos já arborizados, além de pomares urbanos em áreas verdes e loteamentos aprovados pela prefeitura. A previsão é que até dezembro sejam feitas intervenções em pelo menos 10 logradouros públicos.Por ser uma capital amazônica, Manaus deveria ser a mais arborizada, e não é. Por isso, esse projeto foi desenvolvido, para que possamos mudar os aspectos visuais da cidade, além disso, com a arborização estaremos investindo na tentativa de melhorar o ambiente em que vivemos.JC – Prefeito, quais são seus planos para os próximos anos?AN – Eu estou envolvido num projeto, que eu sei que no final vai despertar muito orgulho não só para o povo do Amazonas, mas a região Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Um projeto para disputar as prévias do meu partido à Presidência da República, e essa é a minha disposição de luta neste momento.Algumas pessoas estranham você ser um caboclo, alguém da região Norte querendo ser presidente da República.Ora eu exerci as seguintes funções e cargos: presidente Regional do PSDB do Amazonas, 1993, fui vice-líder do PSDB na Câmara dos Deputados, 1995 a 1997, fui também Secretário-Geral da Executiva Nacional do PSDB, 1996 a 1999, fui Líder do Governo no Congresso Nacional, 1999 a 2001, Ministro-Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República e Conselheiro de Governo na Presidência da República, novembro de 2001 a abril de 2002, me tornei novamente Líder do Governo no Congresso Nacional, de abril a dezembro de 2002, passei a ser líder do PSDB no Senado Federal, de 2003 a 2010.Fui 1º Suplente de Deputado Federal-PMDB, de 1979 a 1982; Deputado Federal-PMDB, de 1983 a 1987; Em 1996, foi candidato ao Governo do Amazonas, tendo obtido a segunda maior votação do pleito; prefeito de Manaus-PSB/PSDB, de 1989 a 1992; deputado federal-PSDB, de 1995 a 1999 e de 1999 a 2003; senador da República-PSDB de 2003 a 2011.Muita gente do meio político torceu o nariz para isso, mas eu pergunto com esse currículo e sem contar que dirijo pela terceira vez a sétima cidade mais complexa e uma das mais importantes do Brasil, que é Manaus, eu te pergunto, quem é mais habilitado para dirigir o país, eu ou o meu companheiro Geraldo Alckmin?Temos o João Doria que nunca teve cargo político e em 10 meses à frente da prefeitura de São Paulo, se acha preparado para essa missão.Temos Jair Bolsonaro que quer trazer de volta a ditadura, um período que foi terrível para todos os brasileiros. Na linha de frente, temos ainda Luciano Huck, que não tem nenhuma experiência política. Portanto eu tenho esse plano e não temos nada que ficar votando no candidato dos outros, temos que começar a pensar em ter o nosso presidente, alguém daqui. JC – Smart City – Como podemos avançar mais nesse sentido?AN – Nós temos um Data Center que é o maior do Brasil, através dele tornaremos a cidade inteligente. A semaforização vai funcionar por meio dele, e já está bastante avançada, teremos uma ligação muito rápida entre os médicos e os pacientes nas UBS, teremos um cartão para que os pais tenham acesso a tudo que os filhos fazem na escola, então estamos caminhando em passos largos, num caminho muito seguro para não darmos “tiro n’água”.A Smart City é um grande projeto nosso, é a tendência mundial e nós não vamos ficar para trás no que está aos poucos se tornando uma tendência nacional. Temos toda a base para implantar isso, o que precisamos é ter uma decisão acertada para que esse projeto tenha começo, meio e fim, e isso significa colocar Manaus entre as cidades efetivamente inteligentes, porque bagagem cultural nós temos, e agora vamos nos tornar uma cidade de alta tecnologia, mas com segurança e passos que não imponha um auto boicote ao nosso projeto.JC – O Jornal do Commercio mantém a tradição de fazer anualmente uma edição especial sobre a data de aniversário da capital amazonense. Como o senhor enxerga essa manifestações?AN – Eu tenho uma relação forte e profunda com o Jornal do Commercio. Na minha campanha em 1986 eu tive o apoio decisivo desse jornal, que chegou a vender igual aos outros dois grandes da época sem ter classificados.Foi uma campanha muito polêmica e o JC teve coragem, nós denunciamos um escândalo na Suframa, muito pesado, que resultou na demissão do superintendente. Entendo que o JC representa uma grande página do jornalismo da nossa terra. Minha tia Josefina que morava no Rio de Janeiro ouvia uma notícia que podia sair no Jornal Nacional, mas ela dizia, “eu vou esperar dois dias que é pra ver se saiu no ‘Commercio'”, que era o tempo que levava para o jornal chegar lá. É um jornal que tem aficionados, tem nome, marca, que veio da ousadia de Assis Chateaubriand, que lembra Epaminondas Baraúna e tem uma tradição que é mantida pelo meu amigo Guilherme Aluízio. Portanto vida longa ao Jornal do Commercio.