Só este ano, Mato Grosso registra 46 crimes de homofobia e quatro mortes

Outro alerta é a quantidade de suicídios entre a população LGBT no último ano no estado. De 2017 para 2018 o número de mortes relacionadas a homofobia aumentou de 14 para 22, sendo que neste último ano sete foram registros de suicídios. A aceitação da própria sexualidade e da expectativa de aprovação pela sociedade é um processo delicado e, algumas vezes, trazem consequências como esta, conforme ressalta o major PM Ricardo Bueno.

“Estamos falando de pessoas emocionalmente vulneráveis, que muitas vezes não têm o apoio da família e da sociedade em geral, por conta do preconceito. Estamos avançando muito, mas infelizmente ainda existem situações que provocam muito sofrimento e podem chegar ao suicídio”.

Ter orgulho da própria sexualidade demanda quebra de paradigmas e barreiras que, em alguns casos, deixam marcas físicas. Só este ano, de janeiro a 31 de maio, foram registrados 46 crimes de homofobia e quatro mortes em Mato Grosso. Desde 2011 já são 482 ocorrências e 89 mortes. Os dados são do Grupo Especial de Combate aos Crimes de Homofobia (GECCH) da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), obtidos com base nos boletins de ocorrência.

Foto: Divulgação

A confiança nos canais de denúncia e nas forças policiais é uma das conquistas resultantes da luta do movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis (LGBT) por direitos. Estes avanços são lembrados nesta sexta-feira (28.06), quando é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBT, que este ano marca também os 50 anos do episódio conhecido como levante do Stonewall Inn, ocorrido em Nova Iorque, em 1969.

Naquele dia, as pessoas que frequentavam o bar Stonewall Inn, na maioria LGBTs e pessoas em situação de rua, reagiram a uma série de batidas policiais que eram realizadas ali com frequência. O levante durou mais duas noites e, no ano seguinte, resultou na organização na 1ª parada do orgulho LGBT, realizada em 1º de julho de 1970, para lembrar o episódio.

Segundo o secretário do GECCH, major PM Ricardo Bueno, a data representa um marco para o movimento e, dentre os avanços resultantes, está a própria atuação das forças de segurança. “Estamos evoluindo ano a ano neste sentido e os policiais não podem ser vistos mais como inimigos, ao contrário, eles são formados e capacitados constantemente visando ao atendimento digno e acolhimento a estas vítimas”, frisa ele, que participou da audiência pública “50 anos de luta pelos direitos LGBT”, realizada pela Assembleia Legislativa (ALMT), nesta quinta-feira (27.06). Prata e o 14º Festival Folclórico do Tancredo Neves.

O GECCH é responsável por acompanhar as ocorrências envolvendo crimes de homofobia, que são registradas em Mato Grosso, e capacitar policiais para o atendimento humanizado e acolhedor às vítimas. Chama a atenção a quantidade de ocorrências desta natureza registradas em 2018 (111), em comparação com o ano de 2011 (15). Na avaliação do secretário, a aprovação de leis com garantia de direitos ao público LGBT, ao longo dos anos, contribuiu para as pessoas assumirem a sexualidade e não se calarem diante dos crimes de homofobia, além do aumento de acesso à informação.

Como procurar ajuda

Para os casos ligados à depressão e prevenção ao suicídio, o Centro de Valorização da Vida (CVV) está à disposição 24 horas pelo Disque 188. Com relação às ocorrências criminais, os números da segurança disponíveis são o 197 (Polícia Civil) e 190 (Polícia Militar). Já o contato do GECCH é (65) 3613-8112 ou gabgecch@sesp.mt.gov.br.

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