Sínodo da Amazônia é herético’, diz cardeal alemão

O cardeal alemão Walter Brandmuller, um dos líderes da oposição ultraconservadora ao papa Francisco na Igreja Católica, disse que o Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, marcado para outubro, é “herético”.

A declaração está em um comunicado divulgado na última semana e que critica o instrumento preparatório para a assembleia episcopal. O documento em questão, publicado pelo Vaticano na semana passada, cogita ordenar homens casados como padres em regiões remotas, como a Floresta Amazônica.

“O instrumento de trabalho contradiz o ensinamento vinculante da Igreja em pontos cruciais e deve ser classificado como herético”, declarou Brandmuller, que já questionara publicamente a abertura do Papa à comunhão de divorciados, dizendo que isso “coloca em dúvida a doutrina católica”.

Segundo o cardeal, o documento sinodal põe em discussão a “revelação divina” e, portanto, pode ser considerado um ato de “apostasia” (renegação da fé). “Constitui um ataque aos fundamentos da fé, de um modo que até então não era considerado possível”, acrescentou.

Brandmuller também diz que o Sínodo fará uma “agressiva intrusão” em “assuntos puramente mundanos do Estado e da sociedade do Brasil”. O posicionamento ecoa as preocupações do governo Bolsonaro, que teme “interferências em assuntos internos” do país.

Além de estudar novas formas de evangelização, o Sínodo deve fazer uma defesa da preservação da Amazônia e da cultura dos povos indígenas, em um momento em que o governo trabalha para ampliar a exploração econômica da região e limitar reservas protegidas.

“Precisamos nos perguntar: o que têm a ver a ecologia, a economia e a política com o mandato e a missão da Igreja?”, questionou o cardeal alemão. Em sua encíclica ambiental, a “Louvado seja”, o Papa diz que a humanidade tem responsabilidade na preservação da “casa comum”, ou seja, o planeta Terra, e prega a criação de um modelo de desenvolvimento menos predatório.

Para Brandmuller, o Sínodo tem dois objetivos: “abolir o celibato e introduzir um sacerdócio feminino”, já que o documento preparatório fala em “valorizar o papel central que as mulheres desenvolvem na Igreja amazônica”. “Em 2 mil anos, a Igreja nunca administrou o sacramento da ordenação a uma mulher”, disse o cardeal.

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