O rompimento de cabos de fibra ótica afetou os serviços de telefonia e internet em estados da região amazônica desde a última terça-feira (24). Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), as operadoras cujos serviços forem interrompidos devem ressarcir seus clientes pela interrupção no fornecimento de serviços, mesmo que este tenha sido causado por terceiros.
A situação mais grave foi registrada no Acre, onde, segundo o diretor do Procon do estado, Diego Rodrigues, houve um apagão geral das telecomunicações na quarta-feira (25) e quinta-feira (26). “Todas as operadoras ficaram sem sinal de telefonia em todo o estado, ocasionando uma série de prejuízos aos serviços públicos, às empresas e aos consumidores em geral”, disse Rodrigues à Agência Brasil.
O órgão de defesa do consumidor acriano já notificou a Oi, a Claro, a Tim e a Vivo para que informem as causas do problema no estado. “Até o momento, o que sabemos, extraoficialmente, é que teria havido o rompimento de um cabo. Mas aguardamos por um posicionamento oficial e, de acordo com as respostas, instauraremos um processo administrativo que pode resultar na aplicação das multas previstas no Código de Defesa do Consumidor”.
Segundo o diretor do Procon, interrupções no fornecimento dos serviços de telefonia e internet são frequentes no Acre. “É um problema recorrente. Os serviços, apesar de caros, são péssimos. Orientamos os consumidores que tiverem prejuízos ou se sentirem desrespeitados a procurarem o Procon e formalizarem uma queixa para tentarmos obter a devida reparação e para termos elementos para solicitar maior rigor da Anatel na fiscalização das operadoras”.
Na noite dessa quinta-feira (26), a Oi confirmou a Agência Brasil que seus serviços também foram afetados em partes das regiões sul e leste dos estados do Maranhão e Pará. Mais cedo, a operadora já tinha relatado que os serviços de telefonia móvel, banda larga e telefonia fixa interurbana tinham sido interrompidos nos estados do Acre e de Rondônia. A empresa informou que todos os casos foram provocados pelo “rompimento de cabos de fibra ótica da operadora, causado por terceiros”.
A Anatel confirmou que, desde a terça-feira (24), vem recebendo notificações diárias relativas a rompimentos de fibras óticas. Os últimos quatro casos registrados nas regiões Norte e Nordeste ocorreram na manhã de terça-feira (24), em Rondônia. Segundo a agência reguladora, a Oi demorou quatro horas para reestabelecer a prestação dos serviços.
Na quarta-feira (25), o rompimento de outra fibra da Oi aconteceu no Acre e interrompeu os serviços entre as 23h e 2h de quinta-feira (26). Ainda na quarta-feira, e também no Acre, houve o rompimento de fibra ótica da Embratel, cujos serviços ficaram indisponíveis por quase 15 horas. A Anatel também foi notificada do rompimento de outra fibra ótica da Oi no Acre, às 12h25 de quinta-feira (26). Segundo a agência, a via foi reestabelecida por volta das 14h. A assessoria da OI não confirmou este último caso.
Ainda segundo a Anatel, no Maranhão as comunicações da Oi foram interrompidas das 10h ao meio-dia de quinta-feira (26) em virtude do rompimento de um dos cabos de fibra ótica, o que afetou também os serviços de telefonia no Pará.
De acordo com Fernando Gobbi, coordenador de projetos da CPqD, instituição que atua com pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de informação e comunicação, o rompimento de cabos de fibras óticas é algo frequente e pode ser causado por várias razões.
“Há muito problema com o rompimento de cabos, seja provocado por construções e serviços de terraplanagem, seja porque ladrões os confundem com os que têm fios de cobre e os roubam. Para evitar a interrupção dos serviços, as empresas costumam usar um sistema de proteção que permite que os sinais sejam desviados para outras vias quando uma fibra se rompe. Mas quando ocorre o duplo rompimento, a interrupção é inevitável”, explicou Gobbi, revelando já haver tecnologias disponíveis no mercado que agilizam a identificação do problema, proporcionando que o reparo seja feito em menos tempo. “É uma solução que não impede que o cabo se rompa, mas que evita que os técnicos percam muito tempo procurando o ponto onde houve o rompimento, reduzindo o prejuízo para os consumidores”.
Satisfação
Até o fim de novembro, a Anatel planeja entrevistar 140 mil consumidores para medir o grau de satisfação com a prestação dos serviços de banda larga fixa, telefonia fixa e móvel e TV por assinatura. As entrevistas já estão sendo feitas por telefone, com entrevistados sorteados aleatoriamente.
A Pesquisa de Aferição da Satisfação e da Qualidade Percebida dos Usuários de Serviços de Telecomunicações de 2017 avalia os serviços prestados pela Claro, Oi, Tim, Vivo, Cabo Telecom, Porto Seguro, BrisaNet, Algar Telecom, Sercomtel, Nextel, Net, Sky e Nossa TV e abrange todas as unidades da federação. Os resultados deverão ser divulgados em março de 2018.