No calor de Manaus, atire a primeira pedra quem nunca comprou água com algum vendedor de rua? Eles são persuasivos e não gostam de levar um ‘não’. Na Avenida Getúlio Vargas, o número de vendedores é grande. Um deles, o seu Pereira, contou que a água salvou sua vida. Ele confessou que trabalhava com administração, mas por causa de um vício largou tudo. “Fique sem dinheiro, e quando entrei no negócio para vender água, as coisas começaram a melhorar. Afinal, as pessoas não vivem sem água”, disse.
Não demorou muito, o sinal fechou e seu Pereira voltou novamente ao sinal. Quando retornou mostrou duas notas de dois reais. “Está sendo um ótimo dia”, falou sorrindo. Na conversa, o vendedor continuou falando sobre a importância da água para ele. “Meu pai era pescador, ele me ensinou muitas coisas. Tinha períodos que viajávamos por semanas, então, desenvolvi um amor pelos rios, infelizmente, não segui a profissão, mas a água continua me seguindo”, ele comentou balançando uma garrafa.
Navegando pelo Amazonas
Você já ouviu falar de catraias? Não, a gente te explica. Catraia era o nome dos barcos usados pelos manauaras para atravessar o rio, principalmente, para quem morava em lugar de difícil acesso. Os catraieiros, remavam seus barcos durante todo o dia, e conheciam como ninguém cada curva dos rios que cortavam a cidade. A profissão ainda é exercida em Manaus, eles podem ser encontrados na área portuária, mas algumas coisas mudaram, as canoas de madeira, deram lugar para barcos de metais, o remo, deu lugar ao motor, e claro, o uso do colete é obrigatório.
Antes de entrar para o ramo, o catraieiro Francisco Costa era pescador. Ele falou que sempre teve uma ligação especial com os rios, e que o verdadeiro perigo não é a água. “Entrei nessa para dar um conforto melhor para a minha família, mas infelizmente, ainda existem pessoas de má fé que tentam nos roubar. Eu sou acostumado a andar por aqui, o Rio Negro, é a minha segunda casa, eu o respeito, porém, encontramos muitos obstáculos nessa profissão”, garantiu.
Conhecedor da Água
O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Sérgio Bringel, dedica a vida ao estudo dos recursos hídricos da região. Dono de um currículo invejável, ele garantiu que o Amazonas evolui a cada dia quando se trata de pesquisa da água. “O Inpa, por exemplo, é um dos principais locais de pesquisa relacionado aos recursos hídricos. Então, posso dizer que tenho orgulho de fazer parte desta equipe”, falou.
Ao ser questionado sobre o significado da água em sua vida, Bringel, não pensou duas vezes. “Água é vida, sem ela, não existe vida. Temos que ter o cuidado necessário para preservar os nossos recursos, saber utilizá-lo de uma maneira sustentável, ali está a vida. A água é muito misteriosa, se você tem ela em excesso, você morre, mas se te privam dela, você morrerá também. É preciso ter respeito”, revelou o pesquisador.
Bringel está participando da 8ª edição do Fórum Internacional da Água, um dos principais eventos sobre o tema. O Fórum acontece em Brasília até sexta-feira (23), e é realizado a cada três anos. Essa é a primeira vez que acontece no Hemisfério Sul. Se você quer saber mais sobre o que aconteceu no Fórum Internacional da Água, clique aqui.