O cacique ganhou visibilidade por liderar a luta contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte.
O líder indígena Paulinho Paiakan morreu nesta quarta-feira (17), vítima da Covid-19.
A Secretaria de Saúde do Pará informou que o indígena, de 67 anos, estava internado no Hospital Regional do Araguaia, em Redenção, desde 9 de junho, onde recebeu os cuidados necessários para o tratamento contra o coronavírus, mas Paiakan não resistiu e morreu às 6h50 desta quarta-feira.
Liderança do povo Kayapó, Paulinho, juntamente com outros caciques como Raoni, ganhou destaque durante a atuação para garantir direitos dos povos indígenas na Constituição de 1988. Defensor da floresta, Paulinho teve papel importante em movimentos contra o desmatamento e garimpos em áreas indígenas.
Fez parte dos protestos contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, no Pará.
Paiakan chegou a fazer viagens internacionais para denunciar ameaças aos povos indígenas.
Em 1992 foi condenado a seis anos de reclusão pelo estupro de uma estudante de 18 anos. Cumpriu dois anos e quatro meses em regime domiciliar.
Em janeiro desde ano, era uma das 600 lideranças que participaram, em Mato Grosso, do Encontro dos Povos Mebengokrê – nome no qual os kayapó se autodenominam. A reunião resultou em um manifesto em defesa dos territórios indígenas, além da reivindicação por medidas de proteção à vida, à terra e à saúde.
Paulinho Paiakan morava na aldeia Aukre, na região do Xingu, a cerca de 300 quilômetros do município de Redenção, no sul do Pará. É lá onde seu corpo será sepultado.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) afirmou que Paiakan era uma fonte de inspiração na luta indígena, e que seu legado deixa na história e na vida dos povos uma construção de muita força.
A Apib lembrou que Paiakan se foi como as centenas de vidas indígenas perdidas para pandemia da Covid-19.
Em nota de pesar, a Funai lamentou a perda e ressaltou que Paulinho Paiakan deixa um legado de intensa dedicação à defesa dos direitos indígenas.
De acordo com o Ministério da Saúde, 103 indígenas morreram e mais 3 mil foram confirmados com o novo coronavírus.