No clima do Círio 2020, Belém está repleta da atrações culturais, exposições e celebrações; confira programação completa

A 228° edição do Círio de Nazaré, com o tema “Ave Maria, cheia de graça”.

Em Belém, o segundo domingo de outubro, é o domingo mais aguardado pelos devotos de Nossa Senhora de Nazaré, dia da grande procissão que toma conta das ruas da Capital Paraense. Este ano, as ruas da capital paraense estarão vazias, porém, cheias de esperança e fé, representadas pelas casas de cada devoto.

Berlinda com a imagem peregrina. (Foto:Divulgação/Arquidiocese de Belém)

A 228° edição do Círio de Nazaré, com o tema “Ave Maria, cheia de graça”, é um convite para união de corações e orações das residências de Belém. A pandemia do coronavírus modificou a programação tradicional das diversas procissões, diante da situação que acomete o mundo, a Arquidiocese de Belém juntamente com a Diretoria da Festa de Nazaré, ajustaram todas as programações do Círio, para que possa ser vivido nos lares paraenses. Confira os destaques da programação e outras ações que envolvem a festa:

Exposição reúne obras que representam a diversidade religiosa da Amazônia

A exposição “Sagrado” foi aberta ao público na noite desta terça-feira (6), na Galeria Fidanza, localizada no Museu de Arte Sacra. Com vários elementos representativos da religiosidade e suas diferentes interpretações, a mostra estreia a Estação 3 do Preamar da Fé, iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult).

Na galeria, os visitantes puderam prestigiar obras de artistas paraenses, com trabalhos que vão desde fotografias, ex-votos e objetos litúrgicos, até mesmo instalações artísticas, cada um com uma representação do sagrado, que se entrelaça com a diversidade religiosa e cultural amazônica.

A advogada Bruna Maria, de Goiás, se encantou com a exposição e destacou a importância da individualidade religiosa de cada pessoa. “Muito interessante trazer esse olhar, tendo em vista que realmente o território da espiritualidade não se restringe a uma só vertente. Essa exposição mostra que as pessoas podem expressar sua espiritualidade de diversas formas e configura a individualidade de cada um”, destacou.

A equipe de curadoria, formada por servidores do Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM), buscou destacar e valorizar artistas e obras que falam sobre o sincretismo religioso. “Selecionamos desenhos, pinturas, gravuras, instalações e fotografias dentro de duas modalidades, ou seja, uma que faz parte do acervo e outra da produção de convidados. Você vê na galeria a união desses elementos que pontuamos nessa curadoria”, explicou o diretor do Museu de Arte Sacra, Emanuel Franco.

A exposição “Sagrado” fica aberta ao público até o dia 31 deste mês, na Galeria Fidanza, localizada no Museu de Arte Sacra (Praça Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha). O funcionamento é de terça-feira a domingo (incluindo o do Círio), das 9h às 17h.

Exposição “Sagrado”. (Foto: Leandro Tocantins / Secult-PA)

Círio na Estação leva ‘Ver de Ver-o-Peso’ ao Teatro Maria Sylvia Nunes

Na próxima sexta-feira (09), o Projeto Círio na Estação 2020 terá como atração o espetáculo Ver de Ver-o-Peso, às 20 h, no palco do Teatro Maria Sylvia Nunes. Os ingressos estarão disponíveis a partir desta quarta-feira (7), no valor de R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia). A venda antecipada será realizada na bilheteria do teatro, das 10 às 16 h, e, no dia do evento, até momentos antes do início da apresentação.

A programação do Círio na Estação começou no dia 1º de outubro e prossegue até o próximo dia 30, com visitação gratuita das 10 às 22 h. Entre as muitas atrações do evento está o espetáculo Ver de Ver-o-Peso, já assistido por milhares de espectadores, se mantendo em cartaz há 40 anos ao retratar, com riqueza de detalhes, o dia a dia da feira livre que se tornou o principal cartão postal da capital paraense.

Valendo-se de expressões populares típicas do paraense, da ironia, da sátira e da comédia, o espetáculo Ver de Ver-o-Peso mostra saberes, costumes e outros traços marcantes da cultural paraense, além de mitos, crenças e tradições da região.

Teatro amazônico – O espetáculo “Ver de Ver-o-Peso” foi criado há 40 anos pelo Grupo Experiência, que movido pela paixão de fazer um teatro voltado à região amazônica realizou uma pesquisa durante seis meses no mercado do Ver-o-Peso para compor a peça. A identificação com o público faz o espetáculo se manter em cartaz durante décadas.

Ver de Ver-o-peso. (Foto:Divulgação)

Grupo Experiência

Fundado em 1969 pelo diretor de teatro Geraldo Sales, o Grupo Experiência chega aos 51 anos de existência com várias premiações e um trabalho de incentivo ao teatro amador nacional, principalmente nos anos 1980. Para aprofundar a pesquisa e criar a cena amazônica, o grupo aborda temas regionais, que chama de expressão amazônica, e a partir daí desenvolve espetáculos com características específicas da região.

“Apesar de estarmos vivenciando um Círio totalmente diferente, não podemos deixar de homenagear a nossa mãezinha. Por isso, somos gratos à organização deste evento, por nos permitir viver e proporcionar esse momento de devoção e homenagem”, declara Yeyé Porto, uma das atrizes do espetáculo.

Em razão das medidas de segurança estabelecidas em decreto estadual, em função da pandemia de Covid-19, o Teatro Maria Sylvia Nunes terá entrada limitada a 50% da lotação normal.

Solidariedade

Para as programações em que não serão cobrados ingressos, a OS Pará 2000 e a Diretoria da Festa de Nazaré estimulam os visitantes a realizar a doação de alimentos não perecíveis em troca dos ingressos. Haverá um ponto de coleta, localizado no Armazém 3.

O evento é uma promoção do Governo do Pará, com realização da Organização Social Pará 2000, que administra a Estação das Docas, e Diretoria da Festa de Nazaré, e patrocínio das empresas Leal Moreira e Tramontina, e Jeep Way.

Programação Círio na Estação 2020 apresenta o espetáculo Ver de Ver-o-Peso, na próxima sexta-feira (09), às 20 h, no Teatro Maria Sylvia Nunes. Ingresso na bilheteria do teatro a partir desta quarta-feira (7), das 10 às 16 h, e no dia da apresentação, das 10 às 20 h. Valor: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia).

Cartaz do Círio. (Arte:Divulgação)

Sobre o Círio

O Círio é o momento para entender o mistério do “sim” de Maria, um dos eventos fundamentais para a Igreja e convida multidões à comunhão com Jesus. A festa da Rainha da Amazônia, proporciona viver este “sim”, celebrada, em Belém, desde o dia 8 de setembro de 1793, que no ano de 1901 transferiu-se para o segundo domingo de outubro e permanece até hoje.

História do achado

No ano de 1700 o caboclo Plácido encontrou às margens do igarapé Murutucú (atual Basílica de Nazaré), uma pequena imagem de Nazaré. Plácido levou a imagem para a sua casa, e no outro dia, quando foi verificar, já não estava mais lá. O caboclo correu ao local onde foi encontrada, e lá estava a imagem. Situação que ocorreu por diversas vezes. Por essas ocasiões, Plácido construiu uma capela para Nossa Senhora. A visita de devotos à capela tornou-se constante.

No ano de 1792, o Vaticano autorizou a realização da procissão em homenagem à Virgem de Nazaré. Sendo o primeiro Círio, (círio que significa vela grande de cera), no dia 8 de setembro de 1793.No decorrer da história do Círio diversas adaptações foram realizadas, nas primeiras procissões a Imagem de Nossa Senhora era levada no colo do Bispo da cidade, posteriormente, passou a ser levada na berlinda e conduzida por bois.

Objetos de promessas

Outro símbolo de fé tradicional no Círio são os objetos de promessas. O objeto de promessa é uma forma de agradecer a graça recebida pela intercessão de Nossa Senhora. Entre os principais, estão objetos de cera, que representam parte do corpo, miniatura de casas ou barcos e entre outros. Os ex-votos são depositados nos carros de milagres, estes, incorporados no Círio ao longo da história. Para esse ano, excepcionalmente, os carros de promessas ficarão em exposição de 01 a 09 de outubro, na Praça Santuário, para receber os objetos de promessa e ex-votos.

Corda do Círio

A origem da corda se deu em 1885, na procissão, a baía do Guajará havia transbordado, e a berlinda, na época, puxada por bois, não conseguiu avançar por causa do atoleiro. Então, os fiéis tiveram a ideia de puxar a berlinda com uma corda. A partir deste ano seguiu-se a tradição de conduzir a berlinda com a corda, símbolo de fé, onde, todos os anos, devotos pagam promessas por graça alcançada. Somente este ano que a corda de 800 metros ficará em exposição na Estação das Docas, tendo outra parte da corda uma programação específica nas 95 paróquias da Arquidiocese de Belém.

Alterações de eventos

Além do cancelamento das 13 romarias, não haverá a presença do público nas celebrações de sexta-feira, sábado e domingo do Círio. Entre os eventos cancelados para evitar qualquer tipo de aglomeração estão os serviços de acolhimento na Casa de Plácido, bem como, as grandes procissões do translado da Imagem Peregrina para Ananindeua, que se segue: Procissão Rodoviária, missa no trapiche de Icoaraci, Romaria Fluvial, chegada à Escadinha do Cais do Porto, Moto Romaria, descida da Imagem, missa no Colégio Gentil Bittencourt, Trasladação, Procissão do Círio, Círio Musical e outros.


Programação completa do Círio 2020 


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