Militares vão prestar ajuda humanitária a populações desassistidas da Amazônia

A poucos dias do início do AmazonLog17, exercício de logística multinacional envolvendo militares do BrasilPeru, da Colômbia e observadores de outros países, o efetivo do Exército brasileiro trabalha para finalizar os preparativos da Base de Logística Internacional, que receberá as tropas. 

O foco do exercício, que será realizado no período de 6 a 13 de novembro, é a coordenação de ações no apoio a civis e efetivos militares empregados em regiões remotas e desassistidas, a exemplo do que ocorre em operações de ajuda humanitária, catástrofes e missões de paz.

Esta é a primeira vez que o Exército brasileiro realiza um evento multinacional dessa magnitude. Já foram finalizadas cerca de 70% de toda a infraestrutura para o evento, como o hospital de campanha para os treinamentos de socorro, alojamentos, alimentação e comunicação.  

Foto: Reprodução / Agência Brasil
O exercício será realizado em Tabatinga, no Amazonas, distante cerca de 1,1 mil quilômetros de Manaus, onde só é possível chegar de barco ou avião. A cidade, com pouco mais de 60 mil habitantes, está localizada na tríplice fronteira com as cidades de Santa Rosa, no Peru, de onde é separada por uma pequena travessia de barco, e por uma rua de Letícia, capital da província de Amazonas, na Colômbia.

São esperados cerca de 2 mil participantes. Além das três armas do Brasil, Colômbia e Peru, também acompanham militares de outros países sul-americanos e de observadores. Entre estes haverá militares da Rússia, dos Estados Unidos, do Canadá, da Alemanha, França, do Reino Unido e do Japão. A expectativa é de que a maioria dos militares comece a chegar à área do evento a partir de domingo (5).

A região é conhecida pelas altas temperaturas, chuvas constantes, dificuldade de acesso, vegetação densa, infraestrutura carente, desafiando os meios que precisam ser empregados para se alcançar os objetivos. Por enfrentarem situações semelhantes, o exercício servirá para maior integração em caso de necessidade de ação conjunta das forças dos países vizinhos.

Foto: Reprodução / Senado Federal
A atividade envolve unidades de transporte, logística, manutenção, suprimento, evacuação e engenharia. No caso de catástrofes, por exemplo, isso implica planejamento logístico de deslocamento equipamentos e os suprimentos e equipes até o local da ação. Além de preparar a área, é preciso pensar em como atender os feridos e evacuar as pessoas.

“Por isso, esse evento envolve simulações de alguns tipos de incidentes comuns a catástrofes e a discussão a respeito de problemas comuns a essas situações”, disse o coronel Lupchinski, um dos responsáveis pela comunicação da AmazonLog, à Agência Brasil.

Comunidades

Também serão feitos atendimentos às comunidades que vivem na região, inclusive indígenas e ribeirinhos do Brasil e dos países vizinhos. De acordo com o cel. Marques, coordenador da área de saúde do AmazonLog, inicialmente os atendimentos serão feitos no Hospital de Guarnição de Tabatinga. Depois haverá deslocamento de equipes para atender às demandas de localidades mais distantes.
“Estamos aqui para atender nas especialidades de clínica geral, ginecologia, pediatria e um cirurgião, que vai ficar no Hospital de Guarnição de Tabatinga, e um de ultrassonografia. Começaremos no hospital no dia 6 e estenderemos até o dia 10 e depois aos pelotões especiais de fronteira e alguns atendimentos em comumidades indígenas”, disse o cel. Marques.

Foto: Reprodução / Agência Brasil

O exercício visa não só a capacitar militares das Forças Armadas, como também a promover uma maior integração entre os membros das principais instituições responsáveis por socorrer as vítimas de catástrofes naturais e acidentes, como, por exemplo, Defesa Civil, Corpo de Bombeiro, secretarias estaduais, polícias Militar e Civil.

O evento dedicará um dia para discutir e propor soluções para problemas da região como a geração de energia ele trica em algumas a reas remotas da Amazônia em função da logística exigida pelos equipamentos mais utilizados. Mesmo problema que afeta a realização de construções e a infraestrutura de comunicações.

“As comunicações dentro do Espaço Amazônico são reconhecidamente precárias, dificultando o cumprimento das demandas locais e, praticamente, impedindo, ou dificultando severamente, a implementação de tecnologias remotas, voltadas para a saúde, educação, segurança e tantas outras necessidades das populações mais isoladas, que são privadas dos benefícios alcançados por outras regiões do pais”, diz documento elaborado pelo Exército.

Outro ponto a ser debatido é a questão do tratamento de água para consumo humano, cuja dificuldade “impacta de forma relevante a vida das comunidades, que sofrem seríssimas restrições às suas necessidades básicas”, diz o Exército.

Logística

Nos containeres e demais materiais transportados para a realização do exercício se encontram quase toda a base logística destinada a operação, armas, munição, gêneros alimentícios, hospital de campanha, macas, aparelhos médicos e odontológicos, medicamentos, UTI móvel, guindastes, geradores de energia e tanques de combustível.

Os preparativos para a montagem da estrutura do exercício começaram a tomar corpo no início de julho, quando dez carretas transportando 14 contêineres deixaram a Base de Apoio Logístico do Exército, no Rio de Janeiro, saíram com destino a Campo Grande, Mato Grosso do Sul. 

Foto: Divulgação / Exército Brasileiro
Na capital mato-grossense, todo o material foi transferido para embarcações do Exército que seguiram viagem até Tabatinga. Poucos dias depois, outros 28 caminhões partiram da base fluminense com destino a Porto Velho (RO), onde descarregaram 25 contêineres que também seguiram viagem até Tabatinga a bordo de embarcações militares.

A dificuldade de transportar toneladas de equipamentos até a cidade amazonense de pouco mais de 60 mil habitantes, a cerca de 1,1 mil quilômetros da capital do estado, foi apenas um dos desafios enfrentados pelo Comando Logístico do Exército brasileiro para organizar o AmazonLog 2017.

De acordo com o Exército, a escolha da região se deve ao fato de que a Amazônia brasileira é, atualmente, prioridade nacional estabelecida na Estratégia Nacional de Defesa. Abrange uma área de 5,2 milhões de quilômetros quadrados, com densidade populacional de 3,2 habotantes por quilômetro quadrado; um terço das florestas tropicais da Terra; maior diversidade biológica do planeta e maior bacia de água doce do mundo.
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