Mesmo sem a grande procissão, Círio de Nazaré manteve tradição e essência da maior festa religiosa do país; confira fotos

O fotógrafo Fernando Sette cobriu a edição 2020 do Círio de Nazaré e contou quais as diferenças em relação aos anos anteriores.

Um Círio diferente. Depois de 228 anos de homenagens e devoção à Nossa Senhora de Nazaré, este ano, a pandemia causada pelo novo coronavírus, distanciou fisicamente devotos mas os aproximou pela fé de que tudo isso vai passar e vamos todos ficar bem. Assim como em 1835, época da revolta popular da Cabanagem, os devotos não puder ir às ruas de Belém do Pará em romarias pela virgem de Nazaré.

Romeiros que estiveram nas proximidades de onde a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré passou. (Foto:Fernando Sette/Cedida Gentilmente)

Com toda a programação do Círio 2020 sendo transmitida por veículos de comunicação e internet, os romeiros puderam, de casa, acompanhar neste domingo (11), os momentos mais marcantes da festividade mariana. 

De helicóptero, a imagem peregrina sobrevoou Belém e completou o percurso de 3,6 km entre a Igreja da Sé e a Basílica de Nazaré, trajeto oficial da romaria realizada anualmente nas manhãs do segundo domingo de outubro.

Círio 2020: imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré no helicóptero. (Foto:Fernando Sette/Cedida Gentilmente)

Fiéis nas ruas

E mesmo com a orientação da Diretoria da Festa de Nazaré (DFN) para que os romeiros não fossem às ruas da capital, a fim de evitar aglomeração e seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) pelo distanciamento social, muitos devotos cumpriram suas promessas e seguiram em procissão.

Para o fotografo Fernando Sette, nascido em Belo horizonte, mas criado em Belém, cobrir o Círio neste ano foi um desafio.

“Foi uma coisa muito doida porque foi o primeiro ano, em dez anos que fui só, pois perdi meu pai a pouco tempo para a covid-19 e foi muito doloroso. E quando entrei, a primeira imagem que eu fiz foi logo a da garotinha com o promesseiro e aqui ali já começou a mexer comigo”, disse.

Promesseiro. (Foto:Fernando Sette/Cedida Gentilmente)

Anualmente, pelo menos 2 milhões de devotos seguiam pelas ruas da capital na romaria do domingo e o fotógrafo lembra que, mesmo sem a multidão, a memória afetiva foi de que estavam todos presentes.

“Você vai andando e vai sentindo o Círio, apesar de não ver aquela multidão, a sensação lá no meio é a mesma. Os promesseiros, o cheiro caminha do teu lado. É uma coisa que não tem falta de pessoas, de nada, a galera pouca que estava ali, te transmitia a energia que você encontra no Círio”, pontua.

Fernando lembra que um dos momentos mais marcantes na cobertura foi quando a imagem peregrina saiu da igreja da Sé e se aproximou do público.

“Um dos momentos que eu mais me emocionei foi quando a Santa se aproximou do povo que estava presente, fugindo um pouco do protocolo, em frente a igreja da Sé. Naquela hora, uma explosão de choro e corri para poder fotografar o povo”, disse.

Imagem peregrina sendo apresentada ao público. (Foto:Fernando Sette/Cedida Gentilmente)

Apesar das limitações do público, os poucos que se desafiaram a ir para as ruas de Belém fizeram a diferença e mantiveram a essência da festa.

“Uma coisa que por mais que tenha sido tão diferente, o Círio conseguiu ser igual, com a sensação lá no meio. Você ainda sentia o Círio. E isso acalentou meu coração, me fez ficar mais tranquilo”, completou o fotografo.

Confira fotos feitas por Fernando Sette no Círio 2020:

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